Roberta

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Consolo

Depois da partida, Roberta estava devastada. Você assistiu ao jogo pela televisão, cada ponto perdido e cada vez que ela olhava para o chão, exalando frustração, mexia com você. Era impossível ignorar a decepção estampada no rosto dela, alguém tão acostumada com vitórias, e agora enfrentando uma derrota amarga. Você sabia que ela não estava apenas chateada pelo time, mas também por si mesma — sempre colocando a pressão do mundo em seus próprios ombros.

Sem pensar duas vezes, pegou suas coisas e mandou uma mensagem.

— Vou passar aí. Quer que eu leve algo?

Ela demorou um pouco para responder, o que não era um bom sinal. Quando finalmente respondeu, disse apenas: "Não precisa. Só vem."

O caminho até o apartamento dela era familiar. Nos últimos meses, vocês haviam se aproximado mais do que nunca. O que antes era uma amizade descontraída, cheia de risadas e provocações, havia se transformado em algo mais íntimo. Talvez fosse a frequência com que estavam passando tempo juntas, ou talvez a confiança e a proximidade natural entre vocês. De qualquer forma, você sentia algo diferente no ar sempre que estavam perto.

Quando Roberta abriu a porta, ela parecia exausta. O cabelo estava preso de qualquer jeito, e a expressão no rosto dela era cansada e abatida. Não era o tipo de pessoa que gostava de demonstrar fraqueza, então vê-la assim, vulnerável, mexia com você.

— Ei — você disse, com um sorriso suave, estendendo os braços para ela. Ela hesitou por um momento, mas então se aproximou, envolveu seus braços ao redor de você, e foi como se um peso invisível tivesse caído. Aquele abraço parecia demorar mais do que o normal, e você apenas ficou ali, segurando-a, permitindo que ela sentisse o que precisava sentir.

— Não sei nem por onde começar — ela murmurou contra seu ombro.

— Não precisa começar de lugar nenhum. Só deixa isso sair. — Sua voz era baixa, reconfortante, e Roberta apertou ainda mais o abraço antes de finalmente se afastar, olhando para você com um sorriso fraco.

— Entra.

O apartamento estava escuro, exceto pela luz suave da cozinha. Você se sentou no sofá, e ela logo se juntou a você, jogando o corpo contra o encosto, como se estivesse sem energia até para se mover.

— Hoje foi horrível — ela confessou, suspirando.

— Você jogou bem, Roberta. Não foi culpa sua. — Você sabia que, por mais que dissesse isso, não mudaria o que ela sentia. Roberta era exigente consigo mesma, e qualquer falha, por menor que fosse, a afetava profundamente.

Ela balançou a cabeça, frustrada. — Não é isso... é que sinto como se estivesse ficando pra trás, sabe? Todo mundo espera tanto de mim, e eu simplesmente não estou conseguindo. E essa sensação de decepção comigo mesma... é sufocante.

Sua mão, quase involuntariamente, encontrou a dela no sofá. Vocês já tinham trocado toques assim antes, mas hoje parecia diferente. Talvez fosse o peso do momento ou a proximidade emocional que estava crescendo entre vocês há algum tempo.

— Você sempre foi incrível no que faz, e uma derrota não muda isso — você disse, olhando diretamente nos olhos dela. Havia uma seriedade no seu tom que pareceu captar sua atenção.

Roberta riu, um riso sem humor, e virou o rosto para encarar a janela. — Às vezes, eu não sei se sou mesmo. Parece que... todo mundo espera que eu seja perfeita, e quando não sou... — Ela não terminou a frase, mas não precisou.

Você puxou a mão dela levemente, fazendo com que ela voltasse a olhar para você. — Não precisa ser perfeita pra ninguém, Roberta.

Ela olhou para sua mão entrelaçada na dela, o polegar dela fazendo pequenos círculos na sua pele, e então voltou o olhar para o seu rosto, fixando os olhos nos seus. O silêncio entre vocês era denso, mas não desconfortável — era carregado de algo mais, algo que vocês haviam evitado até aquele momento.

— Obrigada por sempre estar aqui — ela murmurou, se aproximando um pouco mais.

Sua respiração ficou presa na garganta. Vocês estavam a centímetros de distância, e cada segundo parecia se estender. Ela estava tão perto que você podia sentir o calor do corpo dela irradiando. O coração batia rápido no peito, e por um momento, você achou que podia ouvir o dela também.

— Você não precisa agradecer por isso — você sussurrou, com a voz trêmula, enquanto Roberta afastava uma mecha de cabelo do seu rosto, os dedos dela roçando suavemente sua pele. O toque era leve, mas o suficiente para fazer uma corrente elétrica percorrer seu corpo.

E então, sem aviso, ela se inclinou e pressionou os lábios contra os seus.

O beijo foi suave no começo, como se ambas estivessem testando o território, mas logo se tornou mais profundo, mais urgente. As mãos dela se moviam pela sua cintura, te puxando para mais perto, enquanto seus dedos se entrelaçavam no cabelo dela, prendendo-a em um abraço que parecia impossível de soltar. O sofá agora parecia pequeno demais para a intensidade daquele momento.

Você sentia cada toque dela como se fosse a primeira vez. As mãos dela exploravam suas costas, os dedos se firmando na sua pele enquanto o beijo se tornava mais intenso, cheio de desejo e tensão reprimidos.

Quando se separaram, ofegantes, Roberta encostou a testa na sua, os olhos fechados, como se estivesse processando o que havia acabado de acontecer.

— Eu... — ela começou, mas você apenas sorriu, colocando o dedo nos lábios dela.

— Não precisa dizer nada.

Ela riu suavemente e te puxou para mais perto novamente, dessa vez em um abraço apertado, onde vocês ficaram por longos minutos, apenas sentindo a presença uma da outra.

Depois disso, a noite continuou com uma calmaria estranha, mas confortável. Vocês ainda estavam processando o que tinha acontecido, mas não havia arrependimento — apenas uma sensação de que aquilo era o começo de algo novo.

E pela primeira vez em muito tempo, Roberta parecia relaxada, como se finalmente tivesse permitido que alguém entrasse completamente em sua vida.

Imagines - Vôlei FemininoOnde histórias criam vida. Descubra agora