Rosamaria (Parte 2)

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A irmã mais nova

Era inevitável que a Gabi descobrisse. Você sabia disso. A culpa já começava a pesar nos dias seguintes, e embora Rosamaria fosse sempre cuidadosa, havia olhares, toques rápidos e encontros furtivos que não poderiam passar despercebidos para sempre. E o pior aconteceu: Gabi descobriu, e ela não estava nada feliz.

O clima na casa estava tenso desde que ela chegou do treino naquele dia. Você sabia que algo estava diferente. Gabi entrou em casa batendo a porta um pouco mais forte do que o normal, jogando a bolsa no sofá e indo direto para a cozinha, sem dizer uma palavra. O silêncio era desconcertante, e, com o coração disparado, você se aproximou devagar.

— Gabi, tá tudo bem? — você perguntou com a voz mais baixa do que o normal, já sabendo que a resposta não seria boa.

Ela se virou devagar, os olhos fixos nos seus, mas a expressão no rosto dela era algo que você raramente via: desapontamento misturado com raiva.

— Tá tudo bem? — ela repetiu, a voz baixa, mas cheia de tensão. — Você acha que tá tudo bem?

Você deu um passo para trás, surpresa com o tom dela, e antes que pudesse responder, Gabi continuou:

— Eu soube. Sobre você e a Rosamaria.

Seu coração quase parou. O olhar de Gabi era penetrante, como se estivesse esperando uma resposta que pudesse mudar tudo. Mas como você poderia explicar? Não havia desculpa. Apenas seguiu seu instinto.

— Gabi, eu... — você começou, tentando encontrar as palavras certas, mas foi interrompida.

— Como você pôde fazer isso? Você sabe como eu sou com as minhas amigas, e com você! Eu sempre tentei te proteger, e agora você me faz isso pelas costas?

Você sabia que ela tinha razão em estar chateada, mas ao mesmo tempo, sentia-se frustrada com a situação. Sabia que não tinha feito nada de errado em seguir seus sentimentos, mas ao mesmo tempo, não queria magoar sua irmã.

— Eu não queria te magoar, Gabi. Eu só... eu gosto da Rosa, e isso aconteceu. Não foi planejado — você respondeu, a voz trêmula, tentando explicar sem deixar a culpa te dominar completamente.

— Gosta dela? — Gabi repetiu com um riso incrédulo, passando a mão pelos cabelos, claramente irritada. — Ela é minha amiga! E você sabe o quanto eu sou protetora com você. Como você pode achar que isso é certo?

Você sentiu um nó na garganta. O peso de tudo parecia estar sobre seus ombros, e você sabia que Gabi não estava apenas brava pela situação em si, mas por sentir que foi deixada de lado, traída pela confiança entre vocês.

— Eu não queria te desapontar, Gabi. Eu tentei... eu tentei ficar longe, mas... — você suspirou, lutando contra as lágrimas. — Eu gosto dela de verdade.

Houve um silêncio pesado, enquanto Gabi te encarava, visivelmente processando tudo. O rosto dela suavizou um pouco, mas ela ainda estava claramente magoada.

— E ela? Ela gosta de você ou isso é só mais uma aventura pra ela? — Gabi perguntou, dessa vez com um tom mais preocupado do que irritado.

— Ela gosta de mim também. Não é só uma aventura, Gabi. Eu sei que é difícil pra você, mas... por favor, tenta entender.

Por um momento, Gabi apenas ficou ali, te olhando, como se estivesse tentando decidir o que dizer ou fazer. O silêncio foi longo, quase insuportável, até que finalmente ela suspirou profundamente e balançou a cabeça.

— Eu não sei o que dizer agora — ela admitiu, os ombros caindo um pouco. — Eu só... me sinto traída, sabe? Como se você não confiasse em mim o suficiente pra me contar.

— Eu confio em você, Gabi. Sempre confiei. Mas eu sabia que você não ia entender de primeira, então eu esperei o momento certo. Só que o momento nunca chegou — você disse, dando um passo mais perto dela. — Me perdoa. Eu realmente não queria te magoar.

Ela suspirou, ainda parecendo frustrada, mas menos raivosa. — Eu só quero que você seja feliz, sabe? E é por isso que eu sempre te protegi. Só que agora... — Ela hesitou por um segundo, como se estivesse escolhendo as palavras certas. — Eu não queria que fosse assim. Eu não queria que você se machucasse.

Você deu um pequeno sorriso, tentando quebrar a tensão. — Eu não vou me machucar. A Rosa é uma boa pessoa. Eu sei que parece estranho, mas... ela me faz feliz.

Gabi olhou pra você por um momento, e, finalmente, seus ombros relaxaram um pouco. — Tá bom, mas eu vou falar com ela. Se ela fizer alguma coisa que te machuque, vou atrás dela.

Você riu, sentindo o alívio finalmente chegar. — Tá bom, Gabi. Prometo que vou tomar cuidado.

Ela riu também, balançando a cabeça e te puxando para um abraço apertado. — Eu te amo, sua boba. Só quero o melhor pra você.

— Eu sei. E eu também te amo, Gabi — você respondeu, apertando ela de volta.

Enquanto se afastavam do abraço, o ambiente parecia mais leve, mas você sabia que ainda havia uma conversa a ser feita. E foi aí que, como se estivesse previsto, a campainha tocou. Você sabia que só podia ser Rosamaria.

Gabi lançou um olhar rápido para a porta e, em seguida, para você. — É ela, não é?

Você assentiu, meio nervosa.

— Pode abrir. Eu quero falar com ela — Gabi disse, cruzando os braços.

Você foi até a porta, abriu devagar, e lá estava Rosamaria, com uma expressão ligeiramente preocupada no rosto. Ela olhou para você, depois para Gabi, e claramente percebeu a tensão no ar.

— Oi... tá tudo bem? — Rosa perguntou, hesitante.

— Entra, Rosamaria — Gabi disse, com um tom sério, mas não tão ameaçador quanto antes.

Rosamaria entrou devagar, olhando para você em busca de algum tipo de sinal, e você apenas acenou com a cabeça, tentando tranquilizá-la.

— A gente precisa conversar — Gabi começou, ainda de braços cruzados. — Eu só quero deixar uma coisa clara. Se você não estiver falando sério com a minha irmã, se isso for só uma brincadeira pra você, é melhor parar agora.

Rosamaria, surpresa com a franqueza, assentiu. — Eu tô falando sério. Eu não faria nada pra magoar ela.

Gabi olhou para ela por um longo momento antes de finalmente suspirar. — Tá bom. Só não a machuque. Ela é importante pra mim.

Rosamaria sorriu suavemente e olhou pra você. — Eu não vou machucar. Prometo.

Gabi olhou para vocês duas e, finalmente, deixou escapar um sorriso pequeno. — Então... acho que vou ter que me acostumar com isso.

Imagines - Vôlei FemininoOnde histórias criam vida. Descubra agora