(POV Lauren)Desde o primeiro olhar, eu sabia que Camila seria minha. Não de uma forma simples ou comum, mas de uma forma visceral, total, inescapável. Havia algo em sua ingenuidade, na forma como seus olhos brilhavam com esperança, que me deixava faminta. Ela não sabia o que eu era, o que eu poderia fazer. E essa ignorância a tornava perfeita.
No início, foi fácil. Bastava um toque suave, um sorriso no momento certo, e Camila caía em cada uma das minhas armadilhas emocionais. Não foi difícil conquistar sua confiança, envolvê-la na segurança que eu parecia oferecer. Ela queria tanto ser amada que não questionava o quão apertadas se tornavam as correntes invisíveis que eu lentamente colocava em torno dela. Era quase engraçado ver como ela achava que tinha controle sobre si mesma.
Mas eu sempre fui o fio condutor de tudo. Cada palavra, cada gesto que ela fazia, era meticulosamente calculado por mim, guiando-a cada vez mais para dentro do meu domínio. Não era o suficiente tê-la ao meu lado; eu precisava de mais. Eu precisava que ela não pudesse viver sem mim, que seu mundo começasse e terminasse comigo. Essa era a verdadeira vitória. O controle completo.
E isso, eu consegui.
Cada briga, cada explosão de ciúmes, cada vez que eu a fazia chorar, eu via nos olhos de Camila a dúvida se estava fazendo algo errado. Eu a moldava, um pouco mais a cada dia, para que ela acreditasse que, sem mim, ela não era nada. O melhor de tudo? Ela acreditava. Mesmo quando eu era cruel, mesmo quando a empurrava para o limite, Camila voltava para mim, implorando por perdão, como se tivesse feito algo para merecer meu desprezo.
Eu sabia que estava vencendo quando a vi justificar minhas ações para si mesma. Quando ela parou de lutar. Ela acreditava que a dor que eu causava era uma prova do meu amor, que minhas explosões eram sinais de que me importava demais. Ela não percebia que estava presa em um ciclo que eu havia criado para ela. Um ciclo de dependência, de manipulação, de desejo.
Ela me adorava, mesmo quando eu a destruía. E eu a adorava pelo poder que isso me dava. Era uma dança, um jogo, e Camila dançava conforme minha música, sem nunca perceber que o ritmo era ditado por mim.
Nos momentos em que Camila pensava em escapar, em me deixar, eu já sabia. Eu sempre soube. E era nesses momentos que eu apertava as rédeas, trazendo-a de volta para mim com uma doçura que ela não podia resistir. Eu a preenchia com promessas vazias, beijos roubados e carícias que a faziam esquecer, ainda que por um momento, da dor que eu também causava.
Camila era minha obra-prima. A fragilidade dela, a dependência crescente, o modo como ela se tornava uma extensão de mim-eu me alimentava disso. Controlar alguém dessa forma era embriagante, uma sensação de poder que eu nunca quis abrir mão.
O que as pessoas não entendiam era que eu amava Camila. Amava profundamente. Mas o meu amor era algo que ela jamais compreenderia, porque o que eu sentia não era algo que alguém como ela pudesse dar nome. Meu amor não era gentil. Meu amor era possessivo, abrasador, e eu não tolerava a ideia de dividi-la com ninguém, nem com ela mesma. Ela pertencia a mim, completamente.
E assim, enquanto a olhava dormir ao meu lado, tão vulnerável, tão perfeita, eu sabia que nunca a deixaria partir. Ela não saberia como sobreviver sem mim, e a verdade era que eu não permitiria que ela tentasse. Eu a faria lembrar, todos os dias, que eu era o ar que ela respirava.
Camila era minha. E eu nunca a deixaria esquecer isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No limiar do desejo
RomanceCamila acreditava ter encontrado o amor perfeito em Lauren, uma mulher misteriosa e envolvente que rapidamente a envolveu em um relacionamento sedutor e intenso. No entanto, o que parecia ser proteção e carinho logo se transforma em controle e manip...