Capítulo Dois

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O amanhecer chegava lentamente, e Lauren já estava desperta, deitada ao lado de Camila, observando-a dormir. A respiração suave e os movimentos delicados dos cílios ao abrir e fechar os olhos a fascinavam. Camila, tão vulnerável, tão perfeita. Lauren sentia uma necessidade intensa de proteger, cuidar, mas também controlar cada aspecto da vida dela. Para Lauren, o amor era isso: moldar a pessoa que amava de acordo com sua própria visão de perfeição, até que ela não pudesse mais existir sem sua orientação.

Levantou-se silenciosamente, preparando o café da manhã com a mesma atenção a cada detalhe. A torrada era cortada simetricamente, o abacate amassado na consistência perfeita, o suco de laranja fresco e vibrante. Tudo precisava estar alinhado, pois essa era a prova de que Lauren estava no controle. Cada pequeno gesto, desde a preparação do alimento até o sorriso ao acordá-la, era parte do processo meticuloso de moldar Camila. Lauren sabia que a perfeição física do café da manhã se refletia na perfeição emocional do relacionamento.

Ao retornar para o quarto, ela acordou Camila com um toque suave, acompanhando o despertar dela com um olhar calculado, mas transbordando de uma obsessão disfarçada de ternura. “Bom dia, meu amor,” murmurou, o tom de sua voz era suave, mas carregado de uma doçura estratégica. Lauren entendia a mecânica do amor como poucos. O segredo não era apenas manter Camila ao seu lado, mas fazê-la crer que tudo que Lauren fazia era um presente precioso, algo que ela jamais poderia encontrar em outro lugar.

Camila, ainda sonolenta, se espreguiçou com um sorriso tímido. "Você sempre sabe como me acordar", ela disse, a voz suave, misturada com a confiança crescente que Lauren plantara nela, mas que sempre mantinha em um nível controlado. A resposta de Lauren foi um sorriso que parecia amoroso, mas na verdade, era mais uma vitória íntima. Camila era sua. E Lauren garantiria que ela sempre acreditasse nisso.

No mercado, Lauren caminhava um passo atrás de Camila, não por subserviência, mas por vigilância. Observava cada gesto, cada sorriso que Camila distribuía aos estranhos, atentos aos perigos invisíveis. O mundo lá fora sempre parecia uma ameaça. Camila era um diamante que precisava ser protegido de todos, inclusive de si mesma. Quando Camila falava com um dos vendedores, elogiando as frutas frescas, Lauren se aproximava suavemente, sutilmente interrompendo, inserindo sua presença de maneira tão natural que ninguém percebia que o controle estava sempre com ela.

"Essas aqui parecem melhores, amor", disse Lauren, afastando delicadamente a fruta que Camila tinha escolhido. Era um gesto pequeno, mas esses pequenos desvios eram o que Lauren mais gostava. Esses ajustes, essas correções, eram os tijolos que ela usava para construir a dependência de Camila. A segurança de Camila, sua confiança, derivava diretamente da presença de Lauren. Se Lauren não estivesse lá, como ela escolheria as frutas certas? Como ela saberia o que era realmente melhor?

À tarde, enquanto Camila trabalhava em seus projetos artísticos, Lauren ficava próxima, observando-a de longe. Camila sempre acreditou que sua arte era uma válvula de escape, um espaço só dela, onde poderia expressar seus sentimentos. Mas Lauren sabia a verdade. Mesmo naquelas telas, Camila desenhava para ela. Cada traço, cada cor escolhida, era um reflexo da influência de Lauren.

"Como está indo?", Lauren perguntava casualmente, aproximando-se, os olhos avaliando cada detalhe com um cuidado afiado. Quando Camila descrevia suas ideias, Lauren ouvia com atenção, mas, ao mesmo tempo, procurava por brechas. Ela precisava ter certeza de que Camila nunca sentisse que poderia brilhar por si mesma. "É lindo, mas talvez ficasse ainda melhor com um toque de azul, não acha?", sugeria, plantando a dúvida delicada na mente de Camila. Não era uma crítica aberta, mas uma correção sutil, um lembrete de que ela ainda precisava de Lauren para guiá-la.

Os pensamentos de Lauren oscilavam entre o amor obsessivo e a necessidade de controle. Camila era uma extensão de si mesma. Cada sorriso, cada momento de felicidade que Camila sentia estava diretamente ligado à presença de Lauren. Era isso que fazia o relacionamento funcionar. Lauren precisava que Camila fosse dependente dela, que a visse como sua âncora. E, mais do que isso, Lauren precisava sentir que Camila jamais teria a coragem de se afastar. O pensamento de perder o controle, de ver Camila livre, era insuportável.

À noite, durante o jantar, Camila elogiava cada prato que Lauren preparava. Era nesses momentos que Lauren sentia a plenitude de seu poder. Camila acreditava, genuinamente, que tudo o que Lauren fazia era por amor. E era. Mas era um amor que exigia devoção total, um amor que não admitia liberdade.

No silêncio da noite, quando finalmente se deitavam, Lauren segurava Camila com força, como se a cada toque reforçasse o que já havia sido estabelecido. “Nós somos um só, Camila”, ela sussurrava, a voz cheia de uma doçura possessiva. E enquanto Camila suspirava, aninhada nos braços de Lauren, os olhos brilhando com uma devoção inquestionável, Lauren sorria para si mesma. Camila estava completamente entrelaçada com ela.

A rotina, esse ciclo que se repetia dia após dia, era a maior prova de seu sucesso. Lauren havia moldado Camila, tijolo por tijolo, pensamento por pensamento. E agora, não havia escapatória. Para Camila, a realidade se tornara uma prisão dourada, onde o amor de Lauren era tanto o conforto quanto a cela.

Lauren amava Camila, profundamente, desesperadamente. Mas esse amor era uma fome insaciável, e ela sabia que a única maneira de manter esse sentimento vivo era garantir que Camila nunca mais soubesse viver sem ela. Camila era sua criação. E Lauren jamais a deixaria ser qualquer outra coisa.

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Comentem, ao menos 10 comentários para eu soltar o próximo capítulo que já está pronto.

Então, o que acharam? Quero muito saber a opinião de vocês sobre a Lauren! O que pensam dela até agora?

Talvez ainda hoje eu poste outro capítulo, dessa vez do ponto de vista da Camila. Vou adorar saber como vocês enxergam a dinâmica entre elas e se estão ansiosas para os próximos acontecimentos.

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