Capítulo 12

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Damen recontou a história de modo duro e sem adornos. Quando
terminou, Laurent disse com um tom impassível:

– A palavra de um akielon morto, infelizmente, não vale nada.

– Você sabia antes de me enviar para interrogá-lo que suas respostas
levariam ao sopé das montanhas. Esses ataques foram cronometrados para coincidir com sua chegada. Você está sendo atraído para longe de Ravenel.

Laurent deu a Damen um olhar longo e pensativo e disse, por fim:

– Sim, a armadilha está se fechando, e não há mais nada a fazer.

Fora da tenda de Laurent, a limpeza lúgubre continuava. Quando se
encaminhava para encilhar os cavalos, Damen se encontrou com Aimeric, arrastando uma lona de tendas um pouco pesada demais para ele.

Damen olhou para o rosto cansado de Aimeric e para suas roupas cobertas
de poeira. Ele estava muito distante dos luxos com que nascera. Damen se
perguntou pela primeira vez como seria para Aimeric se aliar contra o
próprio pai.

– Vocês vão deixar o acampamento? – perguntou Aimeric, olhando para
os pacotes que Damen levava. – Aonde vão?

– Você não acreditaria em mim – disse Damen – se eu lhe contasse.

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Era um caso em que os números não ajudavam, apenas a velocidade, a
discrição e o conhecimento do território. Se você fosse espionar à procura de uma força de ataque nas montanhas, não ia querer o som do bater de cascos nem o brilho de capacetes polidos anunciando suas intenções.

A última vez que Laurent decidira se separar da tropa, Damen fora contra.
A maneira mais fácil de seu tio se livrar de você é separá-lo de seus
homens, e você sabe disso, dissera ele em Nesson. Dessa vez, Damen não
expôs nenhum de seus argumentos, embora a jornada que Laurent estivesse propondo fosse através de uma das regiões mais pesadamente guarnecidas na fronteira.

A rota pela qual viajariam iria levá-los um dia de cavalgada para o sul,
depois para as montanhas. Eles iriam procurar qualquer indício de um
acampamento. Se não conseguissem, tentariam se encontrar com os clãs
locais. Eles tinham dois dias.

Uma hora pôs vários quilômetros entre eles e o resto dos homens de
Laurent, e nesse momento Laurent puxou uma rédea e fez uma volta breve com seu cavalo ao redor de Damen. Ele estava observando Damen como se estivesse esperando alguma coisa.

– Acha que vou vendê-lo para a tropa akielon mais próxima? – perguntou
Damen.

Laurent disse:

– Eu sou um cavaleiro muito bom.

Damen olhou para a distância que separava seu cavalo do de Laurent,
cerca de três corpos. Não era uma grande vantagem inicial. Agora eles
estavam circundando um ao outro.
Ele estava pronto para o momento em que Laurent esporeou o cavalo. O
chão passou rapidamente; e por um tempo houve cavalgada rápida, de tirar o fôlego.

Eles não podiam manter o ritmo: só tinham um conjunto de cavalos, e o
primeiro declive tinha uma floresta esparsa, de modo que desviar era
essencial, e um galope ou um meio-galope rápido eram impossíveis.

Eles desaceleraram e encontraram trilhas cobertas de folhas. Era o meio da tarde, o sol ia alto no céu, e a luz caía através das árvores altas, sarapintando o chão e dando brilho às folhas. A única experiência de Damen com cavalgadas longas pelo campo era em grupo – não dois homens sozinhos em uma única missão.

Ele se sentiu bem, com a cavalgada indiferente de Laurent à sua frente.

Era uma sensação boa cavalgar sabendo que o resultado daquilo dependia de suas próprias ações, em vez de ser delegado para outra pessoa.

Livro: Príncipe Cativo 2  ( O Guerreiro )Onde histórias criam vida. Descubra agora