CAPÍTULO 7 - UM ADEUS?

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O som das sirenes da ambulância preenchia o ar, um eco distante que parecia eternizar o peso daquela noite. As luzes da polícia piscavam intensamente, iluminando a fachada da casa que, minutos antes, transbordava de energia e caos. Agora, tudo estava vazio e desolado.
Madelyne, visivelmente abalada, estava parada ao lado de um policial, tentando manter a calma enquanto dava seu depoimento.

- Eles brigaram... e, num surto de raiva, ele a esfaqueou. Quando a encontramos, ela estava caída no chão da cozinha, perdendo muito sangue. E o corpo dele... - Madelyne fez uma pausa, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. - O corpo dele estava na garagem, sem vida. Parece que ele tirou a própria vida, acreditando que levaria ela junto. - Ela engoliu em seco, segurando o choro enquanto terminava sua declaração
Michael, Bella e Naomi estavam afastados, observando em silêncio.

Eles podiam ver Sofia ao longe, sentada dentro da ambulância ao lado de Rachel, segurando sua mão enquanto os paramédicos cuidavam dela. Rachel estava fraca, mas viva, o que trazia um pequeno alívio em meio ao caos. Em outra ambulância, o corpo sem vida de Scott estava sendo levado, uma presença trágica e silenciosa que ninguém sabia como processar.

Moon permanecia na cozinha, abraçada ao próprio corpo, tremendo. A cena ao redor parecia girar enquanto ela sentia a pressão na cabeça aumentar a cada segundo, tornando sua dor quase insuportável. Seu peito subia e descia de forma irregular, como se o ar mal conseguisse entrar em seus pulmões.

Gulf estava agachado ao lado dela, tentando de todas as formas acalmá-la. Ele murmurava palavras de consolo, mas, para ela, tudo parecia distante, como se estivesse presa em um redemoinho de sensações. O barulho dos policiais falando, o zumbido da sirene ao longe, e o som abafado de seus próprios batimentos cardíacos misturavam-se em uma cacofonia surreal.

- Moon, por favor, olha pra mim - Gulf insistia, colocando uma mão firme, mas gentil, em seu ombro. - Você precisa respirar, certo? Tenta comigo, devagar... inspira... expira...
Apesar de suas tentativas, Moon não conseguia se concentrar. A imagem de Scott caído no chão e a água que ela havia manipulado para tentar salvar Rachel ainda rondavam sua mente, bagunçando seus pensamentos e ampliando a sensação de impotência.

O garoto olhou ao redor, preocupado. Ele sabia que precisavam tirar ela dali o quanto antes, mas não queria forçá-la a se mover até que ela estivesse em um estado melhor.

Moon sabia, com uma certeza dolorosa, que a culpa era dela. Scott, apesar de seus erros, não era um homem mau. E agora, ele estava morto. Ela podia sentir o peso dessa responsabilidade afundando em seu peito. Mesmo com Gulf ao seu lado, tentando trazê-la de volta ao presente, a culpa se agarrava a ela como uma sombra pesada que não podia ser afastada.

A respiração entrecortada da garota ecoava em sua cabeça. A sensação de estar presa novamente, como se tudo estivesse fugindo ao controle, não era o que mais a assustava. Era o peso esmagador da culpa que realmente a consumia. Não importava o que ele dissesse, ela sabia que aquilo não desapareceria tão facilmente.

Madelyne estava lá fora, falando com os policiais, e o medo crescia dentro dela. O que ela diria? O que eles fariam quando soubessem o que Moon havia feito? A água... o descontrole... A memória da força que ela usou para acabar com Scott voltava como uma maré implacável. E o medo de enfrentar as consequências disso só piorava o pavor.
Ela se encolheu ainda mais, suas mãos apertando os braços como se pudesse se proteger da tempestade interna que a devorava.
O som das sirenes se afastando ecoava ao longe, e, por um breve momento, Moon pensou que o pesadelo estava finalmente terminando. Mas o alívio era amargo. Não havia paz, apenas um vazio sombrio que se misturava à culpa e ao medo. Cada segundo parecia se arrastar, pesado, sufocante.

Gulf, percebendo a chegada de Madelyne, perguntou com cuidado:
- Madelyne, o que aconteceu? - Madelyne se aproximou, visivelmente abalada, mas com uma força fria em sua voz. As lágrimas estavam lá, mas, de algum modo, ela conseguiu segurá-las, como se se recusasse a deixar a dor escapar.

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