Capítulo IV

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Vejo seus olhos. Almôndegas. Isso é um sonho. Eu sei que é. Eu poderia falar sobre como seus olhos castanhos eram brilhantes quando me olhavam. Ou como seus lábios eram rosados e quanto eu queria prová-los. Eu poderia preencher páginas e mais páginas descrevendo o seu sorriso de molhar a calcinha e o que ele fazia comigo, mas você sabe o que ele fazia comigo. Alguém já deve ter causado isso em você. Ela se aproxima deixando um pequeno espaço de distância entre nós e eu torço pra que ela acabe com ele de uma vez. Ela enlaça minha cintura com sua mão tão gentil e tão firme ao mesmo tempo e roça seus lábios macios contra os meus, mordendo os. Suspiro.

- Você é minha, Dakota. Minha. - ela diz em meu ouvido e trilha beijos pelo meu pescoço. Meu peito sobe e desce. Fecho os olhos. - Adoro ver o efeito que te causo, Dakota.

Meu alarme toca. 6:15 da manhã. Acordei. Como costumava acordar todos os dias. Minha cabeça girava. Latejava. Doía. Parecia que eu colocaria para fora há qualquer momento o que eu tinha comido ontem. Afasto as cobertas e coloco meus pés contra o piso gelado. Parece que eu mal preguei os olhos.
A água nem tinha esquentado e eu me enfiei lá dentro. Deslizo o dedão pelo meu lábio inferior e lembro do meu sonho. Suspiro, balançando a cabeça. Isso tinha que parar.

Fechei o registro do chuveiro e me enxuguei diante do espelho. Tinha olheiras e meus lábios estavam rachados talvez pelo fato de que eu não parasse de mordê-lo. Visto jeans e a blusa do colégio. Passo perfume e meto meu pé no velho all star.

- Adeus cama. - murmurei.

Desci as escadas com a mochila nas costas e faço alguns sanduíches para o intervalo com pate de atum. Eu amava atum. Minha mae tomava café na bancada calmamente enquanto via o telejornal. Dei um beijo casto em sua bochecha seguido de um "eu te amo" e sai. O céu estava cinza, chuvoso refletindo perfeitamente meu humor.

Costumava ir de bicicleta. Assim podia dormir uns minutos a mais. O grande portão da prisão azul ainda estava aberto. Meus pulmões agradecem. Subo depressa os lances de escada e sento-me na penúltima carteira.

O professor de educação física diz meu nome em meio aquela barulheira e eu o encaro. Seu nome era Osmar, as meninas costumavam dizer que ele era um deus grego e praticamente se jogavam encima dele. Ele era alto, aparentemente malhado e tinha os olhos verdes. Devia ter um pouco mais de 28 anos. Ele cheirava bem, usava um perfume que entrava pelas suas narinas e se alojava no seu cérebro.

- Presente. - respondo.

- Dakota, pode vir até minha mesa por favor? - ele diz entrelaçando as mãos. Engoli a seco. Será que eu bombei na matéria mais fácil do colegial? Não, não pode ser. Levanto-me e caminho até ele, esperando o que ele tinha a dizer. - Dakota, você tem as melhores notas da sala nas redações e nas provas da minha matéria, no entanto quando se trata de participação você simplesmente deixa a desejar. Quero saber por que não se envolve nas atividades, a única coisa que te vejo fazer é ouvir música.

- Gosto de música. - murmurei.

- Gostaria de uma explicação melhor do que essa, certamente toda pessoa que tem um cérebro funcionando e um coração batendo gosta de música.

- Sinceramente? - ele acenou com a cabeça. - Não gosto dos métodos usados na sua aula. Não gosto de ficar suando como um porco correndo atrás de uma bola e ser empurrada contra o chão, não gosto de ser acertada por milhares de bolas ou ficar fazendo seus circuitos ilógicos. Eu não gosto de esportes, sinto muito se isso te faz ficar desapontado.

- E isso me deixa muito desapontado. Você tem porte para esportes. Eu via um futuro brilhante em você. - ele coçou a garganta. - Eu só ouvi você dizer que não gosta, poderia me dizer do que gosta Dakota?

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⏰ Última atualização: Feb 13, 2016 ⏰

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