O show do Shawn Mendes

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Eu estava ansioso pelo show do Shawn Mendes há semanas, talvez até mais do que gostaria de admitir. Todos nós tínhamos nos esforçado muito para conseguir esses dias de folga. Tínhamos planejado tudo com cuidado, ajustando nossos turnos, economizando, e finalmente o grande dia tinha chegado. Viajar para São Francisco não era apenas uma chance de curtir um dos meus cantores favoritos, mas também uma oportunidade de deixar para trás as tensões dos últimos dias e, quem sabe, me distrair com a cidade e o show.

Estava realmente ansioso e com altas expectativas.

O fim da tempestade trouxe uma sensação de renovação. O frio estava menos intenso, e a ideia de deixar as montanhas cobertas de neve para trás era mais do que convidativa. Me olhei no espelho, ajustando minha camisa branca por cima da roupa térmica. Os tênis Vans azuis estavam impecáveis, combinando perfeitamente com a calça jeans clara que eu tinha escolhido. O casaco estava separado, pronto para me proteger do vento frio de São Francisco. Tudo estava pronto.

O plano era simples: Patrício nos levaria até São Francisco, chegaríamos direto para o show, dormiríamos em um hotel depois da apresentação e, no dia seguinte, voltaríamos para o resort. Nada mais justo depois de tanto planejamento.

Nada tinha como dar errado.

Ana entrou no quarto correndo, o rosto pálido e sem fôlego. A expressão de pânico dela me deu um mal pressentimento.

Mas, como a vida adora pregar peças, tudo desmoronou de repente.

— Ferrou! — ela disse, com a voz trêmula.

Eu e Diego nos entreolhamos, sentindo o estômago afundar.

— O que aconteceu, Ana? — perguntei, tentando manter a calma.

— O carro do Patrício não está funcionando, começou a fazer um barulho muito alto quando ele tenta dar partida. — Ela respondeu, a voz cheia de frustração. — Ele disse que era impossível ir ao show, então desistiu.

— Como assim desistiu? — Eu mal conseguia acreditar.

Ana balançou a cabeça, sem palavras. Diego soltou um suspiro pesado, resumindo exatamente o que todos nós estávamos sentindo.

— Estamos ferrados.

Sem perder tempo, fui até onde Patrício estava, perto do resort. Quando cheguei lá, muita fumaça saía do motor, e Patrício estava com a expressão de incredulidade, mexendo no capô do carro, mas já sem esperanças. Ele me viu se aproximar e balançou a cabeça, claramente frustrado.

— Alex, não tem jeito. — Ele disse com um suspiro. — Esse carro não vai a lugar nenhum.

Ele então estendeu o ingresso dele para mim, sem muita escolha.

— Vai lá, se divirtam por mim, tenho que resolver isso.

Voltei para o resort com o ingresso dele em mãos, mas me sentia derrotado. Todo o nosso planejamento tinha sido por água abaixo. Mas assim que entrei pela entrada principal, dei de cara com Noah.

Claro, ele sempre aparecia nos momentos mais imprevisíveis. Noah me observou por um segundo, percebendo que algo estava errado.

— Você tá com uma cara péssima. O que aconteceu? — Ele perguntou, os olhos curiosos fixos em mim.

Suspirei, ainda frustrado.

— O carro do Patrício quebrou. Ele ia nos levar para o show do Shawn Mendes em São Francisco, mas agora... estamos sem transporte, e ele desistiu.

Noah arqueou uma sobrancelha, e por um momento, pensei que ele fosse soltar algum comentário sarcástico, como de costume. Mas, para minha surpresa, ele apenas me olhou, pensativo.

— Eu posso levar vocês.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, processando o que ele tinha acabado de dizer. Noah? Oferecendo ajuda? Isso definitivamente não fazia parte dos meus planos.

— Sério? Você faria isso? — Perguntei, ainda surpreso.

Noah deu aquele sorriso de canto, mas em vez de só falar, ele puxou o ingresso de Patrício da minha mão, me deixando levemente irritado com a audácia dele.

— Claro. — Ele respondeu com um brilho divertido nos olhos. — Eu faria de graça, mas não vou recusar um show grátis do Shawn Mendes, eu aceito o ingresso.

Revirei os olhos, irritado, mas aliviado ao mesmo tempo.

— Você é incrivelmente metido, sabia? — Eu disse, cruzando os braços.

Noah riu de leve, e o sorriso continuava ali.

— Bom, alguém tem que ser. Você parece estar muito ocupado sendo rabugento.

Respirei fundo.

Tentei não demonstrar minha irritação, mas Noah tinha esse jeito irritante de sempre me tirar do sério com poucas palavras. Mesmo assim, a oferta dele era nossa única saída.

— Fechado, então. — Respondi, sem muito entusiasmo, mas aliviado.

O Idiota Americano - 2 (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora