O Elevador

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A tempestade de neve continuava piorando. As quedas de luz estavam ficando frequentes, e o resort estava lidando com elas do jeito que podia. Depois de um turno cansativo, meu único desejo era pegar o elevador e descansar no dormitório. Eu só queria um momento de paz.

Entrei no elevador, cansado, e quando as portas estavam quase fechando, alguém as forçou a abrir. Eu levantei os olhos, e lá estava Noah. Ele não sabia que eu estava no elevador, e pela expressão em seu rosto, ficou claramente surpreso ao me ver ali.

— Alex? — Ele murmurou, como se não esperasse me encontrar.

Dei um leve sorriso e um aceno de cabeça, tentando manter a situação casual. Não tinha por que ser estranho... certo?

— Noah. — Respondi, o nome saindo com uma tranquilidade que eu não sentia por dentro. Meu coração já estava batendo mais rápido, e era claro que a proximidade dele só iria piorar a situação.

Ele entrou no elevador, claramente um pouco desconcertado. Ficou ao meu lado, mas com aquela distância segura que tentava manter uma formalidade entre nós. O espaço pequeno, porém, parecia diminuir ainda mais, e a presença dele era praticamente sufocante. Minhas mãos começaram a ficar geladas, uma reação que eu já esperava sempre que Noah estava por perto.

As portas se fecharam, e o elevador começou a subir. O silêncio entre nós era tenso, mas eu estava determinado a ignorar aquilo. O plano era simples: subir até o andar certo, sair e seguir com a minha vida.

Mas aí, claro, as luzes começaram a piscar.

Com um estalo, o elevador parou de funcionar. As luzes se apagaram por um segundo, depois voltaram, apenas para piscar de novo, e o elevador tremeu levemente antes de ficar completamente parado. O som da tempestade do lado de fora ficou mais forte, como se a neve estivesse batendo nas paredes de metal ao nosso redor. Meu peito apertou. Eu odiava ficar preso em espaços pequenos e a proximidade de Noah não ajudava em nada.

— Ah, ótimo. — Murmurei, cruzando os braços, tentando conter o pânico crescente.

Noah soltou uma risadinha curta, tentando aliviar o clima, mas eu só sentia minha paciência se desgastando mais rápido.

— Presos no elevador... É o que faltava hoje. — Ele disse com um leve sarcasmo na voz, tentando quebrar a tensão.

Eu revirei os olhos e tentei manter a calma.

— Você pode parar de achar isso engraçado? — Respondi, minha voz saindo mais irritada do que eu pretendia. — Não é como se isso fosse o melhor cenário.

Noah ergueu as mãos em rendição, mas continuava com aquele sorriso irritante no rosto.

— Relaxa, Alex. Vai dar tudo certo. — Ele disse, despreocupado, como se ficar preso em um elevador durante uma nevasca fosse só mais um dia comum.

Tentei me concentrar na respiração, mas a proximidade dele e o espaço apertado não ajudavam. O elevador parecia ficar cada vez menor. Minutos se passaram, e a tensão só aumentava. Eu não conseguia parar de olhar de relance para Noah, mesmo tentando ignorar. A presença dele era inegável.

— Você está tenso, não é? — Noah perguntou, a voz mais suave do que o normal. Ele me olhou de lado, como se estivesse finalmente percebendo o desconforto que eu sentia.

— Tenso? Estou preso em um elevador apertado e com alguém que... que eu preferia evitar. — Respondi, minha frustração transbordando. — Claro que estou tenso.

Noah suspirou, mas o tom arrogante sumiu. Ele passou a mão pelos cabelos, parecendo menos seguro do que de costume. Havia algo diferente no jeito como ele falava agora.

— Eu não sabia que você estava no elevador. — Ele disse, quase se desculpando. — Acho que você já formou uma opinião sobre mim, e talvez eu tenha deixado isso acontecer.

Aquilo me pegou de surpresa. Noah estava realmente tentando ser honesto comigo? Fiquei em silêncio por um segundo, processando o que ele disse.

— Talvez eu tenha motivos para pensar assim. — Retruquei, ainda defensivo, mas percebendo que minha irritação estava começando a diminuir. — Você também não fez muito esforço para mudar isso.

Noah deu um sorriso triste, uma expressão que eu não estava acostumado a ver nele. O sorriso arrogante tinha sumido, e por um momento, ele parecia vulnerável.

— Eu sei. — Ele murmurou, desviando o olhar por um instante. — Mas você também parece ser o tipo de pessoa que desiste fácil dos outros.

Aquilo me pegou desprevenido. Ele estava me provocando? Ou havia algo mais profundo ali? A tensão no ar mudou de repente, não era mais a irritação inicial, mas algo mais complexo, algo que eu não sabia como encarar. Era desconforto, curiosidade... talvez até uma faísca de atração que eu insistia em ignorar.

— Talvez você tenha me subestimado. — Respondi, minha voz saindo firme. Não sabia para onde aquela conversa estava indo, mas não era como se eu pudesse sair correndo.

Antes que qualquer um de nós pudesse dizer mais alguma coisa, as luzes do elevador voltaram a piscar, acender, e ele deu um leve tranco. O elevador começou a se mover lentamente, subindo para o próximo andar. Noah me olhou, seus olhos fixos nos meus por um momento longo demais.

— Alex, eu... — Havia algo prestes a ser dito, mas antes que ele pudesse falar, as portas se abriram.

Eu saí rapidamente, mais rápido do que o normal, tentando fugir da tensão crescente entre nós. Mas antes que eu pudesse dar mais de dois passos, a voz de Noah ecoou do elevador.

— Isso ainda não acabou.

Parei por um segundo, mas não me virei. Continuei andando, com o coração batendo mais rápido do que eu gostaria de admitir. 

O Idiota Americano - 2 (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora