ʜɪsᴛóʀɪᴀs sᴜssᴜʀʀᴀᴅᴀs

1 0 0
                                    

O vento assobiava entre as árvores, levantando as folhas secas do chão e bagunçando os cabelos de Claire e sua mãe enquanto elas caminhavam de volta para casa. O céu já começava a se tingir com os tons rosados ​​do crepúsculo, criando um contraste com a escuridão crescente que começava a envolver as montanhas ao longe. Claire sentiu o peso da conversa que estava por vir, mas sabia que não poderia mais adiar. A professora de História Tradicional havia despertado dúvidas que até então ela não sabia que existiam, e sua mãe era a única que poderia trazer respostas.

Maya, sua mãe, caminhava ao seu lado, com a expressão distante, como se as lembranças do passado já começassem a ressurgir antes mesmo de Claire fazer a pergunta. Não demorou muito até que Maya, talvez sentindo a tensão no ar, quebrasse o silêncio.

— Você quer saber sobre seu pai, não é? — disse ela, com a voz baixa, porém cheia de compreensão. Seus olhos castanhos refletiram uma tristeza que Claire nunca havia notado antes.

Claire hesitou por um momento antes de responder, sem saber por onde começar.

— Na aula de História Tradicional, o professor disse que o clã é Mormont um dos mais importantes de Calantria... E ele falou sobre poder, sobre liderança... — Claire parou, luta para encontrar as palavras certas. — Eu só quero entender, mãe. Por que nunca me contei sobre nossa família?

Maya suspirou profundamente, seus olhos se voltavam para o horizonte enquanto o vento acariciava suavemente seus rostos. Havia tanto para dizer, tantas verdades que ela evitara por anos, na esperança de que Claire pudesse viver uma vida tranquila e longe dos perigos que o passado trouxe. Mas agora, parecia que o destino insistia em colocar Claire no caminho de suas origens.

— Há uma antiga profecia — começou Maya, sua voz soando como uma sussurrada ao vento. — Ela foi dita muito antes de você nascer. Fala de traição, de um governante perdido, e de uma destruição que viria tanto das sombras quanto da luz. A profecia dizia que um herdeiro seria distante de sua terra natal, levado para longe por uma mãe de fora, e que esses herdeiros teriam o poder de trazer tanta salvação quanto a ruína.

Claire sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. A voz de sua mãe parecia ganhar uma gravidade incomum enquanto conversava. O vento, antes suave, agora parecia carregar consigo uma carga de mistério, como se o próprio ar ao redor deles estivesse ouvindo com atenção.

— Sua chegada à Calantria — contínua Maya — é algo que muitos previram, embora poucos compreendam o que realmente significa. O passado do seu pai está intimamente ligado ao futuro desse país, e ao seu.

Claire ficou em silêncio, absorvendo cada palavra. As peças do quebra-cabeça estavam começando a se encaixar, mas ainda havia lacunas, ainda havia tanto que ela não compreendia.

— Mas e meu pai? — Claire finalmente perguntou. — Quem era ele, realmente? E por que nunca me falou algo sobre ele antes?

Maya olhou para a filha com um olhar misto de tristeza e amor. Sabia que esse momento chegaria, mas esperava que pudesse adiá-lo por mais tempo.

— Eu conheci seu pai há muitos anos, quando cheguei a Calantria — disse Maya, com um tom nostálgico em sua voz. — Eu era uma jovem humana, curiosa sobre esse mundo, e fiquei fascinada por este país. Era tão diferente de tudo o que eu conhecia. Cheio de magia, mistérios, criaturas que só existiam em lendas... E então, conheci seu pai.

Ela brilha, com os olhos marejados de memórias.

— Seu pai, Alaric, era um homem extraordinário. Ele não era como os outros. Embora muitos aqui desprezassem os humanos, ele os via de forma diferente. Para ele, os humanos eram mais do que apenas criaturas frágeis ou presas simples. Ele acreditava que o poder de Calantria vinha da interação com o mundo humano. O medo que os humanos tinham de nós, sim, mas também o respeito, a admiração. Ambos poderiam ser usados ​​de maneiras muito mais poderosas do que apenas espalhando terror.

A Dança das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora