12.

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Acordei devagar, sentindo o calor do sol batendo no meu rosto. O quarto não era de Sarah. Levou alguns segundos até que minha mente se lembrasse onde eu estava. O teto alto, as janelas enormes, o cheiro do lençol... Eu estava no quarto do Rafe. Minha cabeça latejava, e os resquícios da noite passada me assombraram. Ah, não. O aperto no meu estômago voltou quando lembrei daqueles caras me encurralando e tentando algo a mais comigo. Eu não sei da onde tive coragem de sair daquela situação. Foi desesperador.

Me virei na cama, e foi quando vi Rafe. Ele estava deitado de lado, me observando. Seus olhos azuis pareciam mais calmos, menos intensos do que de costume, e isso me surpreendeu. Não sei por que, mas ver ele ali, tão perto, me deixou... nervosa, talvez? Era estranho, mas ao mesmo tempo, me trazia uma sensação de segurança que eu não esperava.

Puxei o cobertor um pouco mais para cima, sentindo meu corpo tenso de novo.

— Você tá bem? — a voz dele veio baixa, quase hesitante. Ele nunca falava assim.

— Estou... — respondi, mas não soou tão convincente quanto eu queria. A verdade é que eu não sabia se estava. Reviver um trauma é horrível. — Eu só... não sei.

Rafe se moveu na cama, se apoiando no cotovelo para me olhar mais de perto. Eu percebi a expressão séria no seu rosto.

— Me conta o que aconteceu.

Fechei os olhos por um segundo, tentando não deixar o desconforto tomar conta de mim.

Rafe é irmão da minha melhor amiga, logo ele sabe. Sabe tudo o que eu passei na minha infância. Pra ser mais exata, a família Cameron sabe, não é a toa que eles me acolhem até hoje.

— Eu fui para uma festa. — comecei, e já senti seu semblante mudar. — Estava saindo do banheiro quando alguns caras me cercaram e... — minhas palavras saíram baixas. Não consegui terminar a frase.

— Eles encostaram em você?

— Tentaram. — respondi. — Eu chutei um deles e saí correndo.

— O que você estava fazendo sozinha em uma festa, Sophia? E onde diabos era isso?

Eu não poderia contar que estava com Sarah e muito menos onde fomos parar.

— Não importa agora.

— Aposto que tem a ver com o JJ.

Engoli em seco.

— Está vendo? Nem consegue negar.

— Rafe. — interrompi. — Eu não estou a fim de fazer isso, ok?

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Era um silêncio estranho, cheio de coisas não ditas. O jeito que Rafe me olhava era intenso, de uma forma que me fazia desviar o olhar. Me sentia envergonhada, como se eu fosse fraca, frágil e indefesa.

Me levantei de repente, cortando o momento.

— Acho que preciso de um café.

Rafe não falou mais nada, apenas continuou na cama, em silêncio.

Estava caminhando até a porta, quando suspirei e me virei, olhando para ele novamente.

— Obrigada.

Então saí do seu quarto.

Eu precisava ficar sozinha.

Precisava colocar meus pensamentos em ordem.

Quando entrei no quarto de Sarah, percebi que a cama estava do mesmo jeito que saímos. Ela não dormiu em casa. Rapidamente procurei minha bolsa e peguei meu celular dentro dela, vendo as mensagens não lidas. Eram todas da minha amiga, que dizia estar na casa do John B e que iria dormir por lá, e caso alguém perguntasse dela, era para eu acobertá-la.

The Heart Wants What It WantsOnde histórias criam vida. Descubra agora