𝗦𝗘𝗘 𝗬𝗢𝗨 𝗔𝗚𝗔𝗜𝗡

III

"Ninguém além de você,
além de mim,
além de nós"

( 6 meses depois )

Code - 15:02 PM

- Se passar mal, não diga que não avisei, idiota.

Jeff está usando boné, óculos, camisa manga comprida e calça jeans. O sol está mais quente que o normal e se eu, que estou usando apenas short e camiseta, estou com calor, imagino que ele esteja cozinhando dentro dessas roupas.

Estamos em Salvador. É domingo à tarde e viemos tomar uma água de coco nas barracas perto da praia. Jeff está se disfarçando porque não quer que nenhum fã ou paparazzi o flagre. Bom, consequências de se tornar um dos cantores pop mais populares da atualidade.

- Não está tão quente, está ventando - Ele diz, mas posso ver o suor escorrendo por sua testa. Seguro o riso e bebo mais um pouco da minha água. Se estivéssemos sozinhos, eu até entenderia, mas há dois seguranças com disfarces melhores a alguns metros de nós, e mais um motorista pronto para nos levar para o hotel caso algo saia do controle. Jeff simplesmente não confia em seu pessoal.

- Amor, estou falando sério - digo, segurando sua mão. O brilho das nossas alianças prateadas reluz.

Jeff relutantemente assente, retirando o boné. Seu cabelo longo está úmido pelo suor e incrivelmente atraente.

- Não me olhe assim.

- Assim como? - Questiono inocentemente, movendo o canudo dentro do meu coco.

- Como se pedisse para eu te devorar.

Dou de ombros, olhando para tudo menos para o seu rosto.

- Talvez eu queira.

- Porra - ouço-o praguejar baixinho. - Termine sua água. Foda-se esse passeio, nós vamos voltar e eu vou fazê-lo se arrepender por me provocar em público.

- Uy! Que medo - caçoo.

Bebo o restante da minha água de coco e a coloco de lado. Jeff já terminou a sua há algum tempo, enquanto eu tomo devagar para apreciar o sabor. Ele acena para que o garçom traga a conta, enquanto eu observo a vista. Salvador é a quarta cidade brasileira que visitamos. Jeff fez uma pequena turnê no Brasil e já devia estar em solo americano, mas maior que seu amor pelo trabalho, só o amor que sente por mim. Quando pedi para ficarmos mais alguns dias para aproveitar tudo que nunca tivemos a chance de aproveitar quando morávamos no país, ele sequer protestou.

Faz seis meses que colocamos os pingos nos "is", como minha madrinha costuma dizer. E há cerca de cinco meses, estamos morando juntos em Los Angeles. Foram anos longe, e quando Jeff pediu para que eu fosse morar com ele, eu não hesitei. Depois daquela noite intensa, nós nos sentamos e conversamos. Foi difícil ouvir Jeff falar sobre todas as vezes em que o machuquei, mas ao mesmo tempo, foi reconfortante saber que, apesar de tudo, ele permaneceu me amando. Nosso amor atravessou barreiras do espaço e do tempo, e mesmo que o início do nosso relacionamento não tenha sido dos melhores, tivemos tempo suficiente para pensar se queríamos ou não continuar juntos. Oito anos longe um do outro, oito anos amando um ao outro ardentemente.

Jeff me pediu em casamento no alto do Cristo Redentor durante nossa breve passagem pelo Rio de Janeiro. Se bem que pedir não é a palavra certa; Jeff me intimou a casar. Ele segurou minha mão, colocou o anel, olhou nos meus olhos e me beijou. Nosso relacionamento é público, e foi essa a justificativa que Jeff deu por não ter planejado algo maior para o pedido de casamento. Eu não me importei, do jeito que ele fez foi perfeito.