Chegamos na Coreia do Sul pela parte da manhã, o clima estava fresco, sem nuvens no céu. Ao longe eu via prédios e mais prédios altos a nossa volta, tecnologia e modernidade como eu nunca antes tinha visto. Um senhor coreano nos aguardava com uma placa de boas vindas no estacionamento do aeroporto. Diferente do que já estávamos acostumadas - mamãe e eu, Miguel não precisou de ajuda para entrar no carro pois Juan havia pedido um veículo adaptado para cadeirantes.
Não era como um carro adaptado qualquer, era o carro adaptado! Na maçaneta da porta havia um botão que ao ser pressionado abria a porta automaticamente e descia uma rampa até atingir a superficie do chão, facilitando assim o cadeirante a subir ao carro. Essa facilidade para alguém que sempre precisa depender de outros para fazer a manobra de "pegar você e por no carro, pegar a cadeira de rodas e guardar no porta mala" é libertador. Fosse como passageiro ou motorista, o cadeirante conseguia se mover com independência. Em vez de uma poltrona grande, dentro do carro havia um quadrado em que o cadeirante conseguia - sem sair de sua cadeira - "estacionar" no local indicado e encaixar o seu cinto de segurança.
É claro que a mente da minha mãe deve ter pirado com isso! Eu já estava muito agradecida e Miguel não parava de sorrir. O carro cabia com o cadeirante, mais cinco passageiros. Não chegava a ser uma limousine, mas era um SUV preto bem grande.
O motorista nos levou até uma área de voo que não parecia ficar muito longe do aeroporto. Lá embarcamos em um helicóptero em direção a uma ilha. A ilha isolada da Academia Jeong Song.
Nesse meio de transporte Juan e mais um rapaz ajudaram Miguel a se instalar com segurança, dobrando a cadeira para que todos entrassemos no mesmo voo. O engraçado era que, os vidros da parte onde estávamos sentados tinham iniciado o voo transparentes, mas conforme nos distanciavamos para longe do local e mais próximo da ilha eles escureceram. Impedindo-nos de ver o cenário ao redor, o que não deixou de ser assustador, pelo menos para mim já que, se eles não querem que a gente veja como chegar até a escola é porque a mesma precisa se manter escondida por algum motivo.
Mas ao parecer isso é apenas teoria da minha mente negativa já que todo mundo está distraído com sua própria mente e fornecendo sorrisos ocasionais.
Os vidros tornaram a ficar transparentes de novo quando já estávamos sobrevoando a ilha e consegui ver mesmo estando um pouco longe da janela, as estruturas que dividiam o espaço com uma imensa floresta e algumas montanhas. Quanto mais perto chegavamos do chão, mais eu conseguia distinguir a enorme estrutura que era o prédio principal - um monumento enorme como um castelo. Haviam três torres pontudas no castelo que se erguiam imponentes em direção ao céu cada uma com uma bandeira pendurada. Estava ventando tanto que eu não consegui distinguir perfeitamente as figuras que ali estavam estampadas. Entre as torres, haviam tambem construções como prédios históricos de vários andares. Onde Miguel tinha nos enfiado? Onde que ele tinha encontrado aquele lugar?
Ao longe, espalhadas em vários pontos da ilha havia mais algumas construções distante do castelo. Para chegar até lá, com certeza dava uma boa pernada, por que então tinham construído essas estruturas tão longe.
_Por favor que não sejam onde teremos aulas - orei baixinho, ganhando um olhar de esguelha de Juan, o único que parecia ter me ouvido.
O helicóptero pousou um pouco mais afastado da praia e por um momento - enquanto aguardávamos um tipo de jeep estranho de areia chegar - apenas olhei o mar em fúria que cercava o espaço de terra que eu ficaria durante algum tempo.
Quanto tempo dessa vez?
Ignoro Miguel e sigo adiante pelo caminho de pedra em direção ao meu destino, assim que o jeep nos deixa dentro da area do campus.
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Herdeiros pelo Sangue
Teen FictionIsabela passou por muitos momentos difíceis em sua vida, mas nunca esperou que seu irmão - seu gêmeo, bondoso e inocente - fosse colocá-los em uma ilha na Coreia do Sul com ricos esnobes e estranhos! E como se isso não fosse problemas o suficiente p...