Prólogo

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Sobre a minha vida? Nasci na Colômbia em um momento bem complicado.

O país não estava em guerra e nem nada disso, mas o tráfico estava em alta e por uma questão de segurança, eu e o meu irmão gêmeo fomos colocados em uma medida protetiva pelo governo. Minha mãe ficou por muito tempo em coma no Hospital e quem nos criou sozinhos durante esses anos foi Bryan, meu pai. Ele pode até não ser o meu pai biológico, mas fez o melhor que pode na época, enquanto Juan - meu genitor - ficou um tempo na cadeia e depois fez serviços comunitários ajudando a polícia americana a pegar traficantes de drogas e outra gente da mesma laia que ele.

Acontece que até hoje, não sei o que minha mãe viu naquele homem. Talves fosse apenas a beleza. Sei que muitos me perguntariam. Isabela seu pai é um bandido? Perguntariam, se eu apenas contasse sobre a existência dele, coisa que não faço nem para o meu próprio espelho e também há o fato que depois de Miguel - meu gêmeo - eu não tinha mais ninguém da minha idade para conversar.

Não vou mentir e dizer que Bryan é um santo. Da pra prever que um agente militar secreto do governo tem seus próprios segredos a guardar. Por muito tempo eu torci e fiz de tudo para que ele e minha mãe ficassem juntos, mas acontece que depois que eu e Miguel fomos sequestrados, mamãe ficou muito magoada com ele. A culpa foi dele? É mais complicado que isso. A culpa sempre era dele... Juan.

Resumidamente meu genitor tinha um inimigo - verdadeira história de filme acredite se quiser - e que além de guardar muito ódio e rancor também estava fazendo negociações de drogas e tráfico de pessoas com uma seita na China. E o que isso tem haver com o Tio Bryan? - Alguém decente se questionaria.

Tio Bryan também tem contatos com patentes altas do exército que por incrível que pareça também estava envolvida com a mafia. Bandidos e mocinhos queriam saber do paradeiro desse homem - um lunático ao que tudo indica - e só quem poderia encontrar sua localização eram Juan - na parte da criminalidade - e Bryan - na parte de investigar aqueles que haviam se corrompido - e agora vem a questão. Na época nenhum deles quis colaborar então, a mafia sequestrou Miguel - afim de atrair Juan para uma emboscada - e o governo sequestrou a mim - a fim de fazer Bryan cooperar.

Mas nenhum deles esperava que a minha mãe, fosse estragar o plano de ambos os lados. Mas isso é história para outro dia. Eu sai ilesa desse pesadelo, mas infelizmente não posso dizer o mesmo sobre mamãe e Miguel.
Miguel perdeu a capacidade de andar, devido às múltiplas lacerações em seu nervo das coxas e panturilhas - lesões que a seita chinesa provocou com chicotes - e agora estava fadado a uma cadeira de rodas e a sentir dores ocasionais que não o deixavam dormir a noite.

Mamãe foi em busca de vários tratamentos, inúmeros médicos mas ninguém pegava o caso de Miguel. Arriscado, sem resultados, loucura se quer tentar, eles diziam. Meu pobre irmãozinho foi perdendo o brilho dia após dia, com cada negativa e palavras de desânimo.

A fim de fugir de todo o pesadelo que aconteceu na Colômbia, mamãe voltou para sua terra natal - São Paulo, Brasil - e se dedicou a trabalhar e nos dar o melhor. Contudo, Miguel ficava cada vez mais silencioso e trancado em seu quarto. Se eu soubesse na época que ele estava mexendo com coisas erradas, surfando em sites da Deep Web, eu teria feito o meu melhor para impedi-lo de sofrer qualquer dano, assim como já fazia nas escolas por onde passávamos. Sempre o defendi e meti mais em confusões do que estudei durante a minha vida. Podia até me machucar mas faria de tudo pelo meu irmão.

Mas o idiota cuspiu para o teto e mandou a gente pra uma ilha! Não, pior. Ele entrou em contato com o nosso genitor, trouxe ele para casa e depois nos enviou para uma ilha. Uma maldita ilha na Coreia do Sul.

E agora eu estou trancada em uma escola para ricos esnobes e herdeiros. Sem falar na coitada da minha mãe que está no Brasil passando um tempo de qualidade com o bandido do meu genitor. Quando eu encontrasse meu irmão, ele ia se ver comigo.



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