Não sou uma pessoa matinal. Detesto acordar cedo. E ao parecer aqui, eu iria acordar muito cedo. Minha colega de quarto - Valentina - é uma pessoa especialmente alegre pela manhã e eu deveria ter previsto isso, apenas pela forma que o seu lado do quarto é decorado e vibrava com vida.
Seu lado da parede tem um papel decorado todo rosa cheio de flores, abelhas e mel. Em sua cama tem muitas almofadas e ursos de pelúcia. Sua escrivaninha é amarelo gema de ovo e se eu passo mais de um minuto encarando todo o cenário alegre e colorido, minha cabeça ameaçava latejar. Enxaqueca são comuns desde que eu me lembro de respirar e aparentemente - sinto-me ainda mais infeliz - seria algo rotineiro.
O horário que ela acordou essa manhã foi exatamente as 4h30. O café da manhã nesse lugar iniciava as 5h00 e as aulas começavam as 6h00. Segundo Valentina nunca devemos chegar atrasados ou seríamos penalizados a "altura" do atraso. Penalizados a altura do atraso? Bufei, o que isso significava? Coloco meu uniforme ignorando a cantoria da minha colega de quarto, aquilo só estava piorando o meu mal humor. Meias no meio da coxa - puxo a meia com irritação - que tipo de sádico tinha feito aquele uniforme?
_Fique tranquila - cantarolou Valentina - Essas meias não são como aquelas de péssima qualidade que enrolam descendooo para baixo - ela aponta para o chão e sorri - ficam sempre na altura que você deixou.
_Que maravilha - rosno pulando afim de ajustar minha saia. - Por que tão cedo?
Valentina apenas me encara de canto de olho e me espera. Aqui é pior que um quartel! Não pode pintar o cabelo, não pode passar maquiagem, não pode usar acessórios a não ser que seja para identificação - o que diabos é um acessório de identificação? - aqui nada é permitido. Regras são regras - tinha dito Valentina - e seria bom pra mim ler atentamente meu manual, as punições aqui não eram algo a se levar levianamente.
_Seguir as regras - ela sussurrou quando entramos no corredor do nosso dormitório - E não ser notada. Se você respeitar isso, terá uma jornada bem tranquila aqui.
_E se não? - respondo sem me importar com o tom e ganhei um olhar de advertência.
Desviamos de um grupo de garotas mascando chiclete e não desvio o olhar de ninguém que ousa me encarar por mais que dois segundos. Sim eu sou nova e daí? Cuidem de sua própria vida.
_Problemas aqui impactam lá fora - ela continua cochichando - Se você não se importa consigo mesma, se importe com a sua família. Negócios aqui são negócios lá fora. Problemas aqui...
Eu tinha entendido, mas que diferença isso fazia? Minha mãe trabalhava em um laboratório e é a única pessoa com quem eu me importava fora daqui. E Bryan sabia se cuidar melhor do que ninguém.
O refeitório parecia um shopping center. Várias lojas nas extremidades e conjuntos de mesas com cadeiras no meio. Haviam cadeiras de madeira e conjuntos mais sofisticados, estes - concentro-me nos rostos a fim de encontrar o meu irmão - estavam ocupados por alunos de uniforme vermelho.
Há também naquele local uma escada enorme que sobe para o segundo andar. Lá em cima existe um local privativo com alguns rapazes de uniforme vermelho e no setor restante que é possível ser visto, o restante da classe social vermelha.
_Por que tem poucos azuis aqui? - questiono e Valentina me puxa para uma fila de nosso próprio "povo" e parece quase temerosa em responder.
_Circular no mesmo âmbito que os rubi é sinônimo de problema, a maioria de nós que estamos aqui, evitamos qualquer lugar que possa abrir uma brecha. Você vai ver que entramos aqui para pegar a comida e saímos. A maioria come nos jardins. É um local bem bonito e livre de atenções.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Herdeiros pelo Sangue
Teen FictionIsabela passou por muitos momentos difíceis em sua vida, mas nunca esperou que seu irmão - seu gêmeo, bondoso e inocente - fosse colocá-los em uma ilha na Coreia do Sul com ricos esnobes e estranhos! E como se isso não fosse problemas o suficiente p...