Antes que eu percebesse, nossos dias na Terra do Sol Nascente haviam chegado ao fim e era hora de voltar aos EUA. Precisávamos fazer um voo de longa duração, com conexão de Tóquio a Londres e, em seguida, de Londres para Las Vegas. A simples ideia de um voo de quase vinte horas já estava me causando palpitações.
Pode ser que eu não tenha mencionado isso antes, mas tenho uma confissão a fazer: amo viajar, mas odeio voar. Eu sei, eu sei. Eu disse que era meu sonho ser comissária de bordo, mas acho que é uma das ironias da vida. Eu voei mais nos últimos anos do que a maioria das pessoas em toda a sua vida... e, mesmo assim, ainda me apavora a cada vez. Cada solavanco, cada leve tremor e a turbulência me deixam em pânico quando estou a 30.000 pés de altura. Não importa quantas vezes eu voe, nunca consigo me acostumar com isso. Não tenho ideia de como as comissárias de bordo conseguem parecer tão compostas durante o trabalho. Talvez tenha sido uma bênção disfarçada eu ter ficado 1 cm abaixo da altura necessária para a posição de tripulante da Gulf Air — eu nunca teria conseguido sobreviver.
Olhei para ver como as crianças, Prince, Paris e Blanket, estavam se saindo, e mesmo eles estavam ocupados com suas cabeças enterradas nos livros de colorir que trouxemos. Blanket estava brincando com seu brinquedo favorito do Homem-Aranha. Nunca esquecemos de levar um conjunto completo de atividades, materiais para colorir, livros, lápis e brinquedos para mantê-los ocupados durante o voo. As crianças sempre se comportavam tão bem e estavam calmas durante os voos, como se fosse da natureza delas — até mesmo o Blanket, que tinha apenas cinco anos!
Tentei acalmar meus nervos bebendo mais vinho ou assistindo aos filmes disponíveis no entretenimento de bordo para esquecer a turbulência. O Sr. Jackson, por outro lado, tinha um tipo diferente de terapia. Ele costumava frequentar as compras a bordo.
O Sr. Jackson e as crianças estavam sentados no final da cabine, então eu estava sozinha, deitada confortavelmente, com os pés para cima enquanto assistia a um filme emocionante. De repente, ouvi sua voz suave.
"Ms. Aileen, isso é para você. Muito obrigado por cuidar dos meus filhos."
Ele começou a me entregar uma dúzia de caixas de perfumes de diferentes marcas e fragrâncias: Bvlgari, Chanel, Dior, Roberto Cavalli, todas marcas de luxo. Ao olhar para a quantidade, comecei a fazer cálculos mentais sobre como eu poderia usar tudo aquilo. Meu cálculo mental me dizia que eu teria que usar todos eles todos os dias pelos próximos anos, mesmo quando estivesse em casa num sábado de pijama.
Por um momento, tive um pensamento engraçado: não sabia se deveria me ofender (será que eu estou cheirando mal?) ou se deveria ser grata por ter um chefe tão doce e atencioso. Decidi que era a segunda opção.
"Uau! Muito obrigada!" respondi, com lágrimas de felicidade nos olhos.
"Foi um prazer," ele respondeu, antes de voltar silenciosamente para seu assento designado.
Senti os olhares dos outros passageiros e das comissárias de bordo sobre mim. Capturei um vislumbre de uma das passageiras. Ela tinha uma expressão perplexa no rosto, se perguntando quem eu era e por que Michael Jackson tinha me dado todos aqueles presentes.
Senti seu olhar fixo em mim durante todo o voo, mesmo quando estávamos prestes a desembarcar do avião. Olhei para ela e sorri. Ela sorriu de volta.
Fiquei me perguntando se haveria algum boato maluco sobre o Sr. Jackson e uma nova amiga asiática nas revistas de fofocas no dia seguinte. Não consegui explicar aos outros passageiros que eu era apenas a professora das crianças; nunca tive a chance de esclarecer a situação. Ao mesmo tempo, eu realmente não me importava. Estava radiante com o que o Sr. Jackson havia feito por mim.
Não se tratava apenas dos perfumes ou de outros presentes materiais, mas sim da bondade e sinceridade que vieram junto com tudo isso. Em vez de me pedir para ir até seu assento para pegar os perfumes, ele se deu ao trabalho de vir até mim e entregar os presentes pessoalmente. Senti-me humildemente tocada por meu chefe, o Rei do Pop, fazer tudo isso por mim. É algo que levarei comigo pelo resto da minha vida.
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The King of Pop and I
No FicciónTradução do livro escrito pela ex-professora particular dos filhos de Michael Jackson, Aileen Medalla. Ela conheceu Michael enquanto ele estava morando no Bahrain e viajou para a Europa, Ásia e Estados Unidos ensinando seus filhos. Espero que goste...