FREEN POV
Era só mais um dia comum, mais um daqueles em que passo pelos corredores como se fosse invisível, um fantasma que ninguém nota ou quer por perto. Meus colegas passavam sem me dirigir um olhar, uma palavra. Tirando a Nam, ninguém parecia se importar com a minha presença... exceto, é claro, Becky. Ela sempre fazia questão de me notar, mas não de uma maneira que eu desejasse. Para ela, eu era o alvo perfeito para sua crueldade.Estava saindo do banheiro, tentando manter a cabeça baixa e evitar qualquer tipo de confronto, quando senti uma pancada repentina. Três garotas — eram cheerleaders, eu acho — me empurraram com brutalidade contra a parede. O choque foi intenso, senti as minhas costas colidirem contra os armários, e o impacto dos cadeados de metal se cravando na minha pele fez com que eu soltasse um grito de dor. Uma delas agarrou meu colarinho, puxando-o com tanta força que senti o tecido prender em minha garganta, e me jogou com força no chão. A queda foi brusca e mal tive tempo de reagir antes que as outras duas começassem a me chutar, rindo e dizendo coisas que mal consegui ouvir de tanta dor. A cada chute, meu corpo gritava, minha mente se apagava, e eu só queria que aquilo acabasse.
De repente, elas pararam. A violência cessou tão abruptamente quanto havia começado, e, confusa, tentei entender o que as havia interrompido. Foi quando ouvi uma voz que, em outra situação, eu teria evitado a qualquer custo.
— Olha só— Era Becky. Ela estava furiosa, e em vez do olhar de deboche habitual, havia algo sombrio em seu rosto, embora o tom sarcástico não desapareceu completamente. — Só pra deixar claro, a única pessoa que pode fazer bullying com a Freen sou eu! Vocês não têm direito nenhum de encostar nela. Entenderam? — Por um momento, fiquei sem palavras, tentando assimilar o que ela havia acabado de dizer. Becky estava me defendendo... mas ao mesmo tempo reafirmando o papel de quem me atormentava. Era estranho, mas, de algum jeito, parecia que ela estava impondo uma espécie de "território". — Saíam daqui! IMEDIATAMENTE! — Aquelas garotas hesitaram, trocando olhares nervosos, mas Becky deu um passo à frente, e elas não demoraram a se retirarem, murmurando algo inaudível enquanto sumiam no final do corredor.
Becky veio até mim, ajoelhando-se ao meu lado. Ela olhava para mim com um misto de irritação e, estranhamente, preocupação. Eu mal conseguia entender o que estava acontecendo.
— Dá pra levantar? — perguntou, com a voz ainda carregada de impaciência, mas os olhos traindo uma sombra de hesitação.
Tentei me mover, mas meu corpo doía demais. Com um suspiro irritado, Becky estendeu a mão para mim, e embora minha mente gritasse para não confiar nela, naquele momento, eu não tinha forças para recusar. Becky me ajudou a levantar, o rosto ainda marcado por uma expressão fechada. Assim que fiquei de pé, com um pouco de dificuldade, ela cruzou os braços e me olhou de cima a baixo.
— Então... você me protegeu? — arrisquei, ainda com dificuldade para aceitar aquilo. Ela revirou os olhos, como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais absurda do mundo.
— Não se empolga, tá? — rebateu, desviando o olhar rapidamente antes de voltar a me encarar. — Só que, se alguém vai te derrubar, essa pessoa vai ser eu.
Eu não sabia o que responder, e a expressão dela parecia igualmente confusa, como se ela também não entendesse totalmente o motivo daquela atitude. A atitude de Becky me desconcertava, misturando meu medo habitual com uma pontada de gratidão e um fio de esperança que eu não queria ter.
— Agora vai logo pra aula — disse, me lançando um olhar rápido antes de se afastar, como se estivesse com pressa de sair dali.
Ela se afastou sem olhar para trás, enquanto eu tentava reunir os pedaços do que restava de mim. Aquela ajuda inesperada — mesmo que fosse em termos estranhos e confusos — ecoava na minha cabeça, uma mistura de alívio e incerteza, como se estivesse testemunhando um lado dela que nem ela mesma entendia completamente. Enquanto tentava processar o que acabara de acontecer, ouvi uma voz familiar se aproximando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mother or Daughter |FreenBecky
FanficFreen Sarocha, uma garota rica de 16 anos, que sofreu bullying durante toda a sua vida por ser lésbica, muda-se para Londres depois que seu pai se torna sócio de Kath, esposa de seu melhor amigo Kirk. Eles têm dois filhos, Becky e Richie, que Freen...