Capitulo 1 - O Início

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O céu acima do reino de Wonderland estava tingido de uma cor sangrenta, uma fusão terrível de vermelho e negro, como se as próprias nuvens tivessem absorvido o horror da batalha que se desenrolava abaixo.

A magia, tão abundante e bela, agora se tornava uma arma, cortando os campos verdes e transformando-os em um terreno devastado de dor e desespero. O vento trazia consigo o eco distante de gritos. Era um dia em que a luz parecia hesitar em cruzar os limites do medo.

As tropas de Wonderland, lideradas pelo Rei Ace, enfrentavam os soldados do reino sombrio de Morgana. A rainha das sombras, envolta em véus negros, observava a carnificina com um sorriso cruel pintado em seus lábios. Seus olhos escuros, não conheciam compaixão, apenas a sede de poder que crescia a cada momento em que suas tropas avançavam, violentas e implacáveis, como uma tempestade.

Ace, vestido com uma armadura reluzente que carregava os emblemas do seu reino, lutava com uma fúria desenfreada. Suas habilidades mágicas, um dom herdado de antepassados, foram moldadas pelo amor e pela esperança que ele tinha por seu povo. Ele conjurava barreiras de luz para proteger seus soldados, mas a quantidade de energia que estava gastando era imensa. A cada feitiço, um pedaço de sua força se esvaía, e o coração de Selene, sua esposa, apertava-se em angústia a cada ataque que seu marido realizava.

Ela estava lá, observando em meio ao caos, tentando manter a esperança viva entre os soldados que restavam, mas a percepção da derrota era como um sussurro em sua mente. O reino das sombras era uma força a ser temida, e ela sabia que o pior estava por vir.

— Avante! — o rei gritou, a voz ecoando com um poder que reacendeu a bravura de seus homens. — Lute por sua liberdade! Lute por Wonderland!

A medida que ele se lançava a luta, os ecos de feitiços e feitiçarias rompiam o silêncio com um som maligno. Os soldados de Morgana avançavam, sombras velozes e cruéis, atacando com uma voracidade que tornava o ar denso de medo

— Essa batalha é apenas o começo — gritou ela, sua voz sibilante cortando o ar. — Você não pode salvar seu reino, não enquanto as sombras continuarem vivas!

Foi aí que as chamas avançaram, invocadas pela mão da rainha das sombras. As chamas queimavam o céu como se o próprio inferno tivesse decidido descer à Terra. A ignição da magia de Morgana se espalhou, consumindo qualquer vestígio de esperança no ar. A batalha se tornara um palco de horrores, onde a vida e a morte se entrelaçavam.

Os homens de Ace sucumbiam perante a força do exército sombrio, e a cada queda, a luz em seus olhos se apagava como o brilho de uma estrela em sua última respiração. O rei, determinado a não ceder ao desespero, fez um juramento silencioso a cada companheiro que caía, cada lágrima que escorria pelo rosto de uma mãe ou um filho.

— Não posso deixá-los! — Ele gritou para si mesmo, com uma intensidade quase desesperada.

Por um instante, o campo de batalha parou. O olhar de Ace atravessou o caos, encontrando Selene em meio à destruição. O amor que eles compartilharam iluminou aquele momento escuro, um feixe de luz em uma noite sem estrelas. Porém, uma gargalhada profunda ecoou, cortando os laços. Morgana levantou seu cajado e, antes que Ace pudesse reagir, uma onda de escuridão se lançou em sua direção.

Os soldados sentiam a pressão da magia, a sensação de que suas almas estavam sendo drenadas. O rei, percebendo que a batalha estava prestes a ser perdida, decidiu que era hora de uma ação desesperada. Ele havia guardado um feitiço poderoso, um sacrifício que exigiria todos os grãos de sua essência mágica.

— Selene! — gritou Ace, com sua voz firme cortando a tempestade. — Confie em mim. Eu farei o que for preciso!

Selene sentiu o terror se apoderar de seu coração. Ela sabia que algo terrível estava por vir, mas a determinação no olhar do marido a encorajou a não perder a fé. Mas, ao mesmo tempo, uma sombra de desespero tomou lugar em seu peito. Antes que pudesse protestar, Ace fechou os olhos, permitindo-se se conectar com a energia que pulsava no solo sob seus pés, com as raízes da terra, com o coletivo do seu reino.

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