ꮪꮖꭰꭼ ᴀ ( trᥲᥴk # O1 )

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ˑ ۫ . ﹙What if I told you none of it was accidental?﹚

Aquele vestido era apertado, a maquiagem era muito forte e Adhara segurava o espirro com o cheiro do laquê, ela definitivamente não gostava quando seu pai a obrigava a se juntar a eles em uma confraternização com os trouxas, eles tinham que apegar aos costumes normais, mas era algo que seu Lorde das Trevas queria e os Black não questionavam. A popularização de armas entre os trouxas nos primeiros anos da década de 50 havia preocupado Nachtraben e ele havia assinalado a necessidade de observar os trouxas de perto.

No auge de seus vinte e quatro anos, tudo que Adhara queria era estar em um chalé na Itália com suas amigas da época de Hogwarts tomando alguns clericots e rindo enquanto acenavam para os rapazes do outro lado do lago, mas seu pai tinha planos melhores, talvez só ela pudesse acalmar a impetuosidade do coração de seu irmão mais velho, o violento Pollux Black, ele era como um animal enjaulado, um cão obediente e arisco, do jeito que o Lorde queria, mas eles não estavam sempre ativamente a serviço das trevas.

── Você vai hm... ── Ela prendeu a gravata sob o pescoço do mais velho. ── Ficar longe das bebidas e deixar sua varinha aqui.

── Eu não preciso dela. ── Ele relaxou, coçando a barba. ── Eu odeio quando tenho que deixar isso crescer.

── Eu também. ── Ela dava o último nó. ── Mas esconde a sua cicatriz.

── Não sei porque tenho que escondê-la. ── Ele rosnou, como um cachorro irritado. ── Não tenho vergonha de como a consegui, foi perseguindo aqueles nascidos trouxas nojentos. 

── As pessoas fazem perguntas. ── Adhara uniu as mãos e desviou o olhar dele.

── Está chegando a sua iniciação também. ── Ele agarrou a irmã pelo queixo. ── Papai te deu um prazo longo demais para o óbvio.

── Eu vou aceitar as trevas. ── Ela empurrou a mão dele, sabia que vacilar com Pollux era pedir para ser devorada. ── No meu tempo.

── Ter eles conversando na sua cabeça quando estão juntos é parte ruim. ── A voz do filho do meio dos Black, Arcturus, chamou a atenção dos dois. ── Alguns são bem idiotas.

── Ter sua voz na minha cabeça não é a parte mais interessante das reuniões também. ── O resmungo de Pollux encerrou a conversa, por breve. ── Vamos embora.

Estar entre pessoas como aquelas era como guardar um segredo profundo, Adhara sentia como se pinicasse a sua garganta, pronta para que o pior viesse a tona, seu olhar nunca saía muito tempo de onde Pollux estava, enquanto seus pais conversavam com um casal de empresários, Arcturus ria junto a jovens de uma faculdade de alto padrão trouxa, o mais velho bebia algo observando de um canto, até então não era necessariamente um problema.

Dentro duas luvas que usava, sentia seus dedos pinicando, a conversa de Arcturus semanas antes vinha a tona quando se lembrava das palavras de Pollux mais cedo, se entregar as trevas era sempre uma batalha pessoal, tão inevitável a cada Black que nascia, mas ainda sim algo que queimava dentro de Adhara, bruxa excepcional, mas não tanto quanto seus irmãos, era o que diziam, seu pai temia - no entanto - que as trevas a quebrassem de dentro para fora, por isso a deixou esperar, amadurecer, endurecer por dentro.

Um grupo de pessoas se unia em volta de um rapaz, eles conversavam animados e Adhara já tinha os observado desde quando chegou, agarrado ao braço dele estava uma mulher mais velha e ao lado dela um rapaz mais jovem, o que ela segurava com afinco olhou na direção dela, ela sabia que não deveria usar a sua legilimência em ninguém, ainda mais ali, sem magia, sem truques, mas não precisava, era como um pedido de socorro, bebericou sua taça que tinha sabor de maçã e canela, meneando a cabeça para direita, um convite, talvez.

Um mês, era o que a mente repetia, um mês para o fatídico aniversário de vinte e cinco anos e ela não sabia se conseguiria ceder ou se tinha provado seu valor o suficiente para enganar o pai por mais tempo. Adhara a menina bonita, mas oca e simplória, tem um rosto redondo, cabelos fartos e olhos azuis como safiras, mas é só isso, impressionável aos olhos. Desejou tanto que o príncipe pudesse ouvir o que a sua mente sussurrava que ele olhou na sua direção, dando um sorriso, tocando o braço da avó, a rainha mãe, para caminhar na direção dela.

Adhara suspirou, apertando os dedos na taça que segurava, respiração descompassada, caminhou apressada para longe da linha de olho do rapaz alto de cabelos castanhos que a seguia, pode ouvir a voz dele chamá-la duas vezes e soltou o ar que prendia, se virando, por pouco não batendo em um garçom, mas sentindo o líquido cair sob seu vestido azulado, o molhando, franziu os lábios de imediato, prendendo a respiração, sua mãe falaria por horas por isso.

── Senhorita ... ── As mãos atrás do corpo foram tragas a frente. ── Me desculpe por assustá-la.

── Tudo bem ... ── Ela soltou o ar, levando a mão livre de encontro a dele, a outra repousou a taça sob a mesa a sua direita. ── Um contratempo infeliz.

── Posso fazer algo para ajudá-la? ── Ele esticou a mão, a tocando e podia sentir o ar elétrico, houve um choque quando a tocou, ele recolheu a mão, ela não. ── Desculpe.

── Eu que devo desculpas por incomodá-lo, alteza. ── A reverência veio dela, mas o rapaz tocou seu rosto a fazendo olhá-lo. ── O distraí da conversa com vossa avó.

── Estava muito chato. ── Ele ponderou e soltou uma risada. ── Pode me chamar de Thomas, se claro me der o prazer de saber seu nome.

── ADHARA! ── A voz grossa os interrompeu. ── Não está ouvindo lhe chamar.

── Pollux. ── Ela sussurrou baixo, vacilando um passo. ── Desculpe alteza.

── Você está bem? ── O Thomas Windsor se aproximou dela, que o olhava com seus grandes olhos safira, mas foi interrompido pelo outro rapaz. ── Quem achas que é para tratar uma dama assim?

── O irmão dela! ── Os olhos de Pollux brilhavam, Adhara sabia que era necessário um passo em falso para ele explodir.

Os olhos dela brilhavam, agora com algumas lágrimas, olhares já repousavam sob ambos, a garganta dela parecia que iria fechar, nada daquilo parecia justo, quando ela decidia seguir com algo e desenhava aquilo nas entranhas de sua mente, Pollux vinha e destruía tudo. Seu braço passou a frente do irmão, seus olhos foram a Thomas e ela engoliu seco, balançando a cabeça negativamente, pedindo ao príncipe silenciosamente que não fizesse nada e arrastando Pollux para longe daquilo.

Ela ainda se virou mais uma vez e viu Thomas lá parado, mas ele falava com dois homens, na primeira noite em que eles se viram aquilo não parecia acidental, pois ela já tinha começado a jogar, mesmo que não tenha percebido, jogado as bases, como o relógio que ecoava em um tic tac na sua mente, estava ficando sem tempo. 

Os guardas sempre vigiavam o Príncipe Real de da Inglaterra a curta distância, o filho mais velho do rei James III tinha seus 27 anos e chamava a atenção por onde a sua avó Daniela, a rainha mãe, o arrastasse, ela tinha se tornado muito mais protetora com ele depois que o garoto perdeu a mãe aos 12 anos, muito mais do que com o próprio filho que já era rei.  Thomas era um menino sensível e observador, se sentiu puxado direto para Adhara quando colocou os olhos nela, como um ímã, como se algo o chamasse, foi inevitável, então ele caminhou até ela, tecendo um plano em mente, do qual não tinha certeza, mas só sabia que quem se você não planejar, você planeja falhar.

── Preciso do Trevor, onde está o escrivão real? ── Ela soltou um suspiro, procurando pelo amigo de longa data. ── Preciso mandar uma carta.

── Alguém em especial alteza? ── Um dos guardas quis saber.

── Não. ── Ele desviou o olhar. ── Só que é quase meia noite, apenas isso.

Thomas não esqueceria das safiras, como uma aranha envolvida em uma teia, as bases foram jogadas, como um relógio.

MASTERMIND, marauders' eraOnde histórias criam vida. Descubra agora