. Cinco .

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Amaury estava estranhando o silêncio de Enrique. Àquela altura, o chefe já devia ter percebido que ele tinha usado todo o fundo da missão para comprar ações da Esfera e garantir a posição de Diego no conselho da empresa. Não era possível que não tivesse notado. E no entanto…

Verificou o telefone de novo. Nenhuma mensagem ou email dele ou de seus irmãos, dizendo que o pai queria matá-lo. Sentia-se quase como uma presa, esperando o bote. Pensou até que aquela podia ser uma estratégia, que ele podia estar cozinhando Amaury em fogo baixo até que ele não aguentasse e o procurasse para confessar. Não era do feitio dele, mas reconhecia que estava funcionando. Preferia mil vezes as broncas do que aquele silêncio.

Seguiu com o dia de trabalho, mas estava distraído com aquela situação. Quando almoçaram juntos, Diego chegou a perguntar se tinha algo errado. Como não podia dizer a verdade, contou parte dela, que acreditava que  o pai estava chateado consigo por uma coisa que tinha feito. Apressou-se em dizer que não era nada com o casamento, mas algo que Enrique tinha dito especificamente para não fazer.

— Mas se ele pediu, porque você fez?

Amaury suspirou. — Por que era a única opção que eu tinha. Se eu não agisse, ia ser muito pior.

Notou que Diego estava curioso para saber detalhes da situação, mas ele não perguntou. Tinha aquela mania de achar que não devia se intrometer nos assuntos de Amaury. Mal sabia ele que era o que o agente mais queria, que Diego simplesmente se enfiasse em todos os cantinhos de sua vida e iluminasse e aquecesse suas áreas escuras e frias. Lembrava de ter conversado brevemente com os irmãos a respeito e Samuel riu de sua cara por seis minutos inteiros quando confessou isso para eles. Camila não riu, apenas passou a mão em sua cabeça e lhe disse que estava ferrado.

Ele não precisava ouvir aquilo de ninguém. Reconhecia para si próprio que estivera mentindo todas as vezes que disse que não sentia nada por Diego e cada vez mais se pegava pensando em como seria quando tivesse que contar a verdade.

Quando encerrou o dia de trabalho e se despediu dos colegas, foi em direção oposta à deles e subiu para o andar da programação para pegar Diego. Era o mais lógico trazê-lo e levá-lo já que trabalhavam no mesmo lugar. E claro, Amaury não podia deixá-lo sozinho, pois ele podia estar em perigo. Aqueles homens encapuzados e armados tinham invadido a Esfera e ido direto para onde ele estava. Não era impensável que poderiam ir atrás dele de novo.

Bateu na soleira da porta do escritório dele e sorriu ao vê-lo de cenho franzido, extremamente focado na tela do computador. Era simplesmente o homem mais bonito do mundo.

Ele ergueu o olhar e lhe sorriu de volta. Notou que Amaury já estava pronto para ir embora e checou o relógio.

— Já tá na hora de ir? Nossa, nem vi o tempo passar!

— Que homem trabalhador, focado… Gosto assim, homem pra casar! Tanto que eu fui lá e casei!

Viu Diego desviar o olhar, rindo levemente. Ele levantou e pegou suas coisas antes de se juntar a Amaury para irem embora. Fez questão de segurar sua mão durante o trajeto até o carro. Era quase natural para ele agora andar de mãos dadas com Diego. Tinha que se policiar para não fazer algo estúpido, como beijar o dorso dela.

Ao chegarem na garagem, ele levantou novamente o assunto que vinha incomodando Amaury.

— Acho que você devia conversar com seu pai. Tenta explicar que você não fez por mal, mas que você não teve escolha.

— Não sei, tenho medo de tocar no assunto e acabar complicando mais as coisas.

Entraram no carro e Diego tocou sua mão antes que ligasse o carro.

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