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Notas: é muito importante pra mim que vocês leiam as informações de localização e tempo com a mesma voz do desenho das Três Espiãs Demais. 😅

 💍👔💘

Mansão da Família Martins Alcântara, 7:15 hs da manhã

— Bom dia, filho.

— Oi, pai. Bom dia.

Diego voltou o olhar à tela do celular, mais atento aos emails, notícias e feeds de redes sociais do que ao café da manhã e à expressão ligeiramente tensa do pai. Comeu mais uma colherada da salada de frutas com flocos de aveia enquanto o pai sentava à mesa também e começava a se servir.

Após longos e silenciosos minutos onde Edson, pai de Diego, limitava-se a bebericar uma xícara de café enquanto olhava furtivamente para o filho esperando ter sua atenção, o jovem finalmente percebeu o escrutínio e baixou o telefone.

— Tudo bem, pai? Tá com uma cara séria…

Diego viu o pai engolir em seco e franziu mais o cenho.

— Eu tô preocupado com você, filho. — ele respondeu, hesitante.

— Por que?

— Você parece uma pessoa tão solitária… Nunca vi você falar de namoradas e crescendo, você só teve a Francesca de amiga. E vocês se distanciaram um pouco durante a faculdade.

Diego desviou o olhar e riu, sem humor. Não sabia de onde aquela súbita preocupação com sua vida social tinha vindo, mas apontar Francesca Bianchi como sua amiga só mostrava que o pai não prestava tanta atenção assim. 

Era verdade que Diego era uma pessoa solitária. A pessoa mais próxima a si tinha sido sua mãe, que morrera quando ele tinha dez anos. Desde então, nunca tivera amigos de verdade e uma das razões para isso, além de sua timidez e pouco traquejo social, tinha sido justamente Francesca. 

Francesca Bianchi era filha de Giovanni Bianchi, um amigo de longa data de seu pai, e a vida toda foi uma garota simplesmente insuportável. Tinha a mesma idade de Diego e frequentavam os mesmos círculos, escolas e eventos. Mimada e arrogante, fazia a vida do menino um inferno. E isso só piorou conforme cresciam. Francesca se considerava uma abelha-rainha, sempre cercada por um séquito de meninas que também achavam que humilhar os outros era um esporte e queriam ser as melhores nele.

No ensino médio, Diego começou a se destacar nas aulas de programação e robótica que a escola oferecia, chegando a ganhar prêmios em competições. Francesca não suportava a atenção que ele recebia nessas ocasiões, chegando a ser aplaudido numa assembleia escolar e cumprimentado pelo diretor na frente de todos. Como vingança, horas mais tarde, derrubou o robô de Diego no chão e disse que tinha sido um acidente. 

Daquela vez, no entanto, Diego não aguentou calado. Disse em alto e bom tom que poderia reconstruir aquele robô  e outros, ainda melhores, em pouco tempo, mas ela não poderia construir uma personalidade melhor nem que levasse a vida inteira. Xingou a garota de todos os palavrões possíveis e jogou na cara dela todas as brincadeiras de mal gosto e pegadinhas que ela já tinha feito. Acabou recebendo uma suspensão quando ela foi chorar para o diretor, contando apenas o seu lado da história e se fazendo de vítima. Felizmente era o último ano e não teria que aturar a perseguição dela consigo quando saísse da escola. 

Durante a faculdade, imerso nas aulas de programação, robótica e desenvolvimento de software, Diego praticamente parou de frequentar os eventos da alta sociedade, preferindo construir programas e montar circuitos e robôs do que sair para conviver mesmo que por algumas horas com pessoas tão falsas, arrogantes e vazias quanto Francesca. Depois de formado, começou a trabalhar na empresa da família. 

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