capítulo 2

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Terça feiraLeblon, RJ

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Terça feira
Leblon, RJ

Essa semana foi um tanto corrida na minha vida. Voltei para o Rio há 5 dias e, desde então, só venho resolvendo b.o. Minha rotina nesses dias tem sido visitar apartamentos para sair da casa dos meus pais antes que eles voltem para o Rio a trabalho. Afinal, não faz o menor sentido eu sair de Vix para me livrar do meu pai e voltar pro Rio, continuando a viver às custas dele. Ontem fui resolver a última burocracia referente à minha transferência para UFRJ. Tive sorte das aulas terem voltado ontem e agradeci a Deus por não ter perdido nada.

Na quarta-feira, assim que cheguei no Rio, reencontrar um amigo foi um alívio — um dos poucos que restou e ainda não casou nem virou pai. Agradeci a Deus por não ser o único do meu grupo de amigos da escola a não estar vivendo essa fase ainda. O Kauã também faz Direito e trabalha; ele estagia em uma empresa muito renomada aqui no Rio. Ontem, ele conseguiu me arrumar uma entrevista e, graças a Deus, fui contratado! Na verdade, não completamente; vou passar por umas semanas de testes. Mas como eu sei que sou foda no que faço, com certeza vou ficar fixo.

Hoje já é terça-feira e irei começar meu primeiro dia no trabalho. Saí da faculdade um pouco às pressas, pois o escritório é um pouco longe e eu dependo do Uber para me locomover. O trânsito aqui no Rio é complicado, então precisei me apressar para não chegar atrasado.

Além disso, tá aí outro problema que preciso resolver: comprar um carro novo. Lá em Vitória, eu tinha meu carro, que ganhei dos meus tios. Conversei com eles e eles não se importaram que eu vendesse o carro para conseguir me manter aqui no Rio. Como era um carro bastante caro, consigo comprar outro mais barato tranquilamente e ainda pagar o aluguel adiantado em um lugar bacana. Assim, poderei viver bem até me estabelecer financeiramente.

Após chegar no trabalho, logo encontrei o Kauã na recepção do prédio. Hoje, que de fato começaram as aulas, ele não foi.

— E aí, como cê tá, cara? Faltou logo hoje. – cumprimentei ele e logo o segui até a sala onde iríamos trabalhar.

— Pô cara, tô bem. Tive uns imprevistos hoje e acabei faltando. – Eu e o Kauã temos bastante coisas em comum, e senti uma falta danada desse cara. Lembro que antes de me mudar pra Vix ele estava bem abalado devido ao divórcio dos pais. Ele tem uma irmã, mas não a conhecia muito bem; nossa relação era mais de escola e às vezes jogávamos bola juntos. Não tínhamos uma conexão tão próxima a ponto de conhecermos as famílias um do outro.

— Puts cara, foda. Se precisar de uma moral, só dar um toque.

— De boa. Tô só com a cabeça meio cheia de coisa. Tô louco pra sair do apartamento que eu tô morando logo, o parceiro com quem eu dividia o AP acabou mudando de cidade e ficou foda de manter lá sozinho. Aí tô na luta de arrumar um canto que caiba no meu orçamento.

— Ih caralho, também tô nessa! Tô ficando lá na casa dos meus pais, mas tô em busca de um apartamento também. – falei enquanto me acomodava em uma das mesas do escritório.

— E porque você não se muda lá pra casa então? Ia adiantar o meu lado e o teu. É foda de manter lá sozinho, mas dividindo fica mais de boa. – sorri com a ideia maluca dele mas acabei gostando, seria foda dividir um apartamento com alguém.

— pô irmão, seria foda. Bom que minha mente já dá uma aliviada desse problema.

Ficamos conversando um tempinho sobre nossas vidas e logo começamos os trabalhos. Quando deu 18:40, encerramos as atividades do dia.

O primeiro dia foi intenso, mas pelo menos tinha o Kauã por perto para trocar ideia e deixar o clima mais leve.

Quando acabou o turno, ele me chamou pra brotar com ele lá no AP dele que fica na Barra. Ele havia me falado sobre a galera que ele anda, eles também são lá da UFRJ porém ainda não tive a oportunidade de conhecer. Hoje vou tentar me distrair um pouco e conhecer a galera melhor.

Sempre fui de boa pra fazer amizade, mas esses anos que passei contra minha vontade em Vix acabaram me fechando um pouco. Agora que voltei pro meu país, vulgo RJ, quero focar na faculdade, no trabalho e curtir a vida.

No caminho, ele foi me contando sobre os amigos dele. Falou da Letícia, que faz fisioterapia; da Maju, irmã dele, que estuda arquitetura; do Gabriel, que faz engenharia; da Luna, que está em administração; e do Rodrigo, que faz comunicação social. Ele comentou que eles costumam sair bastante durante a semana e aí percebi que vou ter que me acostumar de novo com a vida agitada aqui do Rio.

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