Both Sides Now

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O início do ano lectivo na Midwood High School sempre carregava uma mistura de excitação e ansiedade para Carol, como professora dos cursos de Literatura Inglesa e Composição, bem como de Drama. Este ano, no entanto, o peso sobre os seus ombros parecia maior do que nunca. Ela estava determinada a trazer algo novo para as suas aulas, inspirar os alunos de formas que fossem além do simples currículo e introduzir uma produção teatral que transcendesse as expectativas. Mas com a resistência da directora Helen Jacobs a qualquer inovação, Carol sabia que os desafios seriam muitos.

Literatura Inglesa e Composição era um dos seus cursos predilectos, e ela abordava-o com a mesma seriedade de um curso universitário introdutório de análise literária. A sua missão era conduzir os alunos a uma leitura atenta, quase microscópica, das obras literárias que iriam explorar ao longo do ano. Este não era um curso para quem esperava apenas resumos e leituras superficiais. Aqui, os alunos mergulhariam profundamente nas estruturas, nos estilos e nos temas das obras escolhidas. O curso de Composição, que corria em paralelo ao de Literatura, exigia que os alunos desenvolvessem ensaios expositivos, analíticos e argumentativos. Carol  orientava-os a não só interpretar as obras literárias, mas também a argumentar as suas ideias com base em evidências textuais. Isso criava discussões animadas e muitas vezes intensas nas aulas, algo que ela incentivava com entusiasmo.

No primeiro dia de aula, ela entrou na sala de aula com a mesma determinação de sempre. O cheiro de livros recém-abertos e cadernos em branco dominava o ar, trazendo consigo a promessa de novos começos. Ao redor, a classe do 11º ano aguardava, alguns alunos com expectativa, outros com uma leve indiferença típica da adolescência. Ela sabia que nem todos compartilhavam a sua paixão pela literatura, mas parte do seu trabalho era transformar a leitura e a escrita em algo cativante, algo com o qual eles pudessem se conectar. Ela percorreu a sala de aula com passos firmes, sentindo o calor do olhar dos seus alunos sobre si. A primeira aula sempre carregava uma espécie de electricidade no ar... um misto de ansiedade, curiosidade e a resistência natural de alguns jovens que ainda não tinham descoberto a magia escondida nas páginas dos livros. Ela sabia que muitos esperavam uma abordagem tradicional, talvez até monótona, com lições mastigadas e resumos que não exigiriam muito deles. Mas não era assim que Carol ensinava. Ela parou em frente à turma, respirou fundo e sorriu. Havia algo quase cerimonial naquele momento, um rito de passagem entre o mundo comum e o universo literário que ela estava prestes a descortinar.

- Bem-vindos ao curso de Literatura Inglesa e Composição! Este ano, vamos explorar como os escritores usam a linguagem não só para contar histórias, mas também para criar universos completos. Vamos nos aprofundar na estrutura dos seus textos, no simbolismo, nas figuras de linguagem, e em como cada palavra é escolhida a dedo para evocar uma resposta em nós, como leitores. Aqui, vocês vão aprender a ver além das palavras na página, a entender o que os autores realmente querem exprimir.

Ela sabia que esse nível de análise não seria fácil para todos, especialmente para aqueles que viam a leitura como uma obrigação, e não um prazer. Mas era exactamente isso que ela adorava sobre o seu trabalho: o desafio de transformar a leitura e a escrita em algo que os seus alunos amassem. 

— Sei que alguns de vocês podem estar nervosos ou talvez até um pouco desanimados com o que acabei de dizer, mas prometo que, até ao final do semestre, vocês não só entenderão literatura, como também se irão divertir. Antes de começarmos, preciso que saibam que, nesta sala, vamos além das palavras impressas. O que vocês vêem como texto, eu vejo como uma porta. Uma porta para outros mundos, para ideias que nunca imaginaram. Vocês estão prontos para atravessá-la?

Alguns alunos sorriram, outros se entreolharam, claramente desconfiados. A típica reacção. Mas ela adorava esse jogo. Sabia que, com o tempo, aqueles olhares duvidosos se tornariam em olhares de descoberta. Carol caminhou até à sua mesa e pegou no primeiro livro que usariam naquele semestre: 1984 de George Orwell. Aquela escolha fora deliberada. Ela queria começar com algo que não só desafiasse a mente, mas que também provocasse emoções fortes.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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