Era mais um dia comum na escola, sem nada para fazer. Meus amigos jogavam vôlei na quadra enquanto eu apenas observava. Eu não era muito bom, então raramente era escolhido para o time. Perguntava-me como meu amigo, que jogava tão bem, conseguia atrair tanta atenção. Nas horas vagas, ele tentava me ensinar estratégias para melhorar, mas acabei desistindo. No final do jogo, fomos conversar sobre uma garota por quem ele estava interessado.
"As meninas se derretem quando te veem jogando vôlei", disse eu.
"Sério? Se for verdade, fico ainda mais triste", ele respondeu.
"Mas por quê?"
"Porque a garota que eu quero provavelmente não está se derretendo por mim."
Fomos almoçar no refeitório e nos sentamos em uma mesa perto da janela. Logo percebemos que um grupo de garotas nos observava. Notei que elas falavam de Gui, e seus olhares estavam todos voltados para ele. Fiquei em silêncio, apenas comendo enquanto ele falava sobre o jogo. Foi então que ele parou de falar quando uma certa garota passou por nossa mesa. Percebi que a garota que ele gostava estava mais perto do que nunca. Era Harumi, a descendente japonesa da sala ao lado, linda e cobiçada por muitos. Olhei para Gui e disse:
"Então é ela, a garota que não se derrete por você?"
"O que você está falando? A Harumi nunca..."
"Então é ela mesmo."
Ele me olhou, confirmando que eu estava certo. Pelo menos eu podia ajudá-lo, pois conhecia uma pessoa que a conhecia. Conversamos sobre ela até o fim do almoço, e eu tinha um plano para ajudá-lo. Após o almoço, fomos até o vestiário e, por incrível que pareça, nosso amigo Abe estava lá com Jim. Ouvimos a conversa deles e ficamos curiosos até Abe falar:
"Vocês ficaram sabendo do novo time feminino que está sendo montado aqui na escola?"
Gui perguntou apressadamente: "Time feminino de vôlei? Achei que o time masculino já estava bom o suficiente!"
"Sim, com certeza está, mas uma menina foi até a sala do diretor e pediu um time feminino de vôlei, e que ele também participasse dos campeonatos escolares."
Ficou claro que Gui estava eufórico, pois ele é o capitão do time masculino. A conversa continuou até sairmos do vestiário. Estava exausto com toda aquela conversa. Não sabia mais o que fazer. Ouvimos barulhos de bolas vindo da quadra e fomos lá ver o que estava acontecendo. Ao chegarmos, vimos várias meninas com roupa de vôlei treinando. Olhei para Gui e fomos até lá para perguntar o que estava havendo. Harumi veio em nossa direção, e ela estava eufórica e suada. Com um andar sedutor e charmoso, parou na nossa frente. Gui, no mesmo instante, não sabia o que dizer, então tomei a dianteira e disse:
"Você é a líder do clube de vôlei feminino?"
"Sim, sou eu mesma. Como posso ajudá-los?"
"Bom, meu amigo Gui..."
"Sim, sim, eu o conheço de vista. Aliás, eu também quero conversar com ele, mas tarde somos líderes de ambos os times, então temos que entrar em um consenso."
Gui e Harumi foram para a sala de reunião para conversar. Ele olhou para trás, olhando para mim, enquanto eu fazia gestos dizendo que ele era o cara. E então fiquei novamente sozinho e decidi ir para a biblioteca. Lá, encontrei meu amigo Jim mexendo no computador, editando um vídeo para seu canal. Fui até ele e começamos a conversar.
"O que tá fazendo?"
"Editando um vídeo."
"Sobre o quê?"
"Um dos meus três relacionamentos que deram errado, sabe."
"Lembro de Tokyo Ghoul, MS. Pac-Man e Samara do poço."
Juntos começamos a editar o vídeo um por um. Boas horas se passaram, e já fazia um bom tempo que não via Gui. Saí da biblioteca e fui até a sala de reunião onde eles foram, mas não encontrei ninguém. Continuei procurando por eles, mas sem sucesso. Desisti de procurar e fui até o jardim, e lá vi os dois conversando na cantina. Percebi que Harumi estava dando risadas enquanto Gui conversava com ela. Afastei-me para deixá-los a sós e decidi voltar para falar com Jim, mas ele também não estava mais lá. Fiquei me perguntando para onde iria agora que estava sozinho novamente. Sentei em um banco e comecei a ler até que a aula começasse. Alguns minutos se passaram, e a aula já havia começado, mas não via Gui, o que era muito estranho, pois ele nunca faltava a uma aula. Meia hora se passou na aula e nada dele. Disse à professora que iria ao banheiro. Ao sair da sala, fui em direção à cantina, mas eles já não estavam mais lá. Me perguntei se eu fosse um besta apaixonado, aonde iria nessas horas. Percebi que um lugar próximo e vazio durante essas horas seria o laboratório de química. Mas será que ele deveria estar ali mesmo?
Tomei coragem e fui sem medo. Estava escuro, por ser um lugar fechado que não deveria estar aberto de modo algum. Escutei barulhos estranhos e fui mais adiante sem medo. Foi aí que, atrás de uma cortina escura, algo se movia sem parar. Fui mais para frente e a cada passo que eu dava parecia uma eternidade. Já era para eu estar na sala, mas continuei até puxar a cortina e me deparar com a professora Soraya de química fazendo alguns testes. Tomamos grandes sustos, pedi desculpas e fui embora, fiquei morto de vergonha naquela altura, mas ainda não encontrei Gui. Pensava em como uma simples garota conseguia desviar um aluno exemplar. Então decidi voltar para a sala, mas acabei passando pela frente da porta onde guardam os materiais esportivos e notei estar sem cadeado. Era muito suspeito, pois quem tinha chaves para abrir aquela porta era Gui e mais ninguém além da direção. Fui cautelosamente. Era grande lá dentro, cheio de corredores e outros materiais de esportes. Enfim, não tinha ninguém lá, mas uma parte abandonada daquele lugar que nunca tinha ido, e dessa vez a curiosidade falou mais alto sobre mim. Entrei mais a fundo e encontrei muita coisa destruída como bolas, redes, cadeiras, até mesmo camas de dormitório. Era tudo muito antigo e empoeirado. Percebo que vi pingos de sangue pelo chão formando um rastro. Toquei no sangue e percebi que o sangue estava fresco, como se fosse neste exato momento que alguém se machucou. Segui os pingos de sangue e, pouco a pouco, ficavam mais frequentes em uma área fechada. Ouvi alguns gemidos desconhecidos e risadas femininas enlouquecidas. Fiquei com calafrios, não sabia mais se eu devia voltar. Continuei a prosseguir silenciosamente até chegar na fonte daqueles barulhos. Fiquei apavorado de medo. No chão, no canto de uma parede, vi Harumi sobre Gui enquanto ela mordia seu pescoço como se fosse um vampiro. Ambos estavam vestidos, mas pelo que me parecia ele estava sofrendo naquela situação.
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A GAROTA PERFEITA (DELUXE USED AI)
RomanceHarumi e uma linda e bela garota que aparentemente parece ser normal, até que começar a namorar o amigo de Iran que com o tempo descobre que aquela bela garota e uma psicopata sem noção que apenas se aproveita do corpos de suas vítimas, até que Haru...