Amor Obscuro

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Acordei abruptamente, como se tivesse emergido de um pesadelo aterrador. Me levantei da cama, sentindo o peso do mundo sobre mim, e fui direto para o banheiro, tentando seguir a rotina matinal de sempre. Enquanto a água escorria em meu rosto, a decisão de Harumi de me adotar se infiltrava em meus pensamentos como uma sombra inquietante. No fundo, o medo me consumia – a obsessão dela por mim parecia uma bomba-relógio prestes a explodir, aprisionando-me em uma gaiola emocional.

De repente, batidas ressoaram na porta, cada pancada reverberando como um trovão em meu peito. Imaginei que fosse ela, mesmo sabendo que hoje não havia aula. Vesti-me rapidamente, abri a porta e me deparei com Abe. Seu sorriso amistoso não aliviou a tensão que me envolvia.

— Ei, cara, tudo bem? — Abe cumprimentou, sua voz uma tentativa de descontração.

— Abe, você por aqui! Estou... bem. E você? — respondi, tentando mascarar a inquietação.

— Sim, sim. Vim bater um papo com você.

Convidei-o a entrar, e enquanto preparava meu café, ofereci a ele, que recusou educadamente. Sentamo-nos, e ao perguntar sobre o que ele queria conversar, ele lançou uma bomba.

— Cara, é sobre a Roberta... ela desapareceu. Sumiu do nada, sabe? Me pergunto se ela fugiu ou se algo pior aconteceu...

Ao ouvir o nome de Roberta, meu coração disparou, uma tempestade interna se formando. Mesmo conhecendo a verdade, não podia revelá-la. Tinha que fingir ignorância.

— Verdade, cara... ela sumiu. Estou preocupado também.

— Precisamos procurá-la! — Abe insistiu, sua determinação clara.

— Espere, a família dela não percebeu o desaparecimento?

— Cara, você não sabia? Roberta não tem família por aqui. São de outro país, talvez nem saibam ainda.

Nesse momento, Harumi entrou, e ao ver Abe, congelou momentaneamente, a surpresa estampada em seus olhos.

— Abe, o que faz aqui? — indagou, uma tensão subjacente permeando suas palavras.

— Harumi, vim falar com Iran sobre o desaparecimento de Roberta. Mas hoje você não deveria estar com seu namorado? — Abe perguntou, a revelação atingindo-me como um soco.

A revelação de que Harumi tinha um namorado me pegou desprevenido. O medo de perdê-la brotou em meu peito, e baixei a cabeça, evitando seus olhos. Ela notou e, com uma voz suave, tentou aliviar minhas preocupações.

— Não, não. Decidimos que hoje não — respondeu, a tensão diminuindo levemente.

— Tudo bem. Sendo assim, já estou indo. Iran, depois você me manda mensagem, ok? — Abe se despediu, deixando-nos a sós.

O silêncio se estendeu entre nós, Harumi de pé enquanto eu permanecia sentado, ciente de sua vergonha pela descoberta do namorado. Mexendo em seu celular, ela finalmente sentou-se ao meu lado, encostando a cabeça em meu ombro.

— Está tudo bem? — perguntei, minha voz um sussurro carregado de preocupação.

— Você não está decepcionado comigo? — ela perguntou, seus olhos buscando os meus.

— Por que estaria? Na verdade, sou apenas um objeto seu, já que você é minha dona.

— Não, não é assim. No caso, você é meu, mas você não é qualquer coisa.

— Hmmmmm.

— Eu amo você, Iran, acredite. Mas tem coisas que ainda preciso resolver.

Harumi tirou o celular da minha mão e o colocou sobre a mesa. Então, deitou-se no sofá, sobre mim. Na minha mente, a imagem da garota que matou a menina que eu mais amava me assombrava. Estava envergonhado e nervoso, evitando olhar em seus olhos. Harumi estava sentada sobre minha cintura, seus olhos brilhando com uma mistura de tristeza e determinação enquanto mordia o lábio inferior. Suas mãos repousavam sobre meu peito.

A GAROTA PERFEITA (DELUXE USED AI)Onde histórias criam vida. Descubra agora