5.Jogada de risco

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Scorpion havia seguido as pistas sutis que se moviam pelas ruas da cidade. Pequenas mudanças quase imperceptíveis para a maioria, mas ela as via como fios que, quando puxados corretamente, revelariam algo maior. Novas peças surgiam no tabuleiro, novos rostos, lugares inexploradas sendo utilizados, e uma atmosfera de caos que continuava se instalando. Ela sabia que algo estava sendo orquestrado, mas ainda não sabia quem estava movendo as peças.

Tudo isso podia ser aparentemente insignificantes para muitos, mas para ela, cada detalhe era um fio emaranhado que, com o tempo e paciência, poderia ser desfeito. Essa paciência a havia levado até um galpão abandonado, localizado em um dos bairros industriais da cidade. Um lugar que, até recentemente, não tinha relevância para nenhuma das famílias da máfia. Mas agora... agora havia algo acontecendo ali.

Através das sombras, Scorpion observava de cima de um prédio, monitorando os movimentos no local. Um grupo de capangas se reunia ali - não eram muitos, mas havia algo diferente neles. Algo que não pertencia as famílias tradicionais.

Eles eram disciplinados. Não falavam alto, não agiam como o típico bando desorganizado das ruas, seus passos eram precisos, quase militares, e suas roupas, embora simples, tinham um padrão quase uniforme. Suas ações seguiam uma disciplina que falava em treinamento, em comando. Scorpion observava cada passo, cada troca de olhares entre eles, procurando qualquer traço familiar que pudesse ligá-los a uma das famílias antigas.

Ela estreitou os olhos,observando de perto. Os homens entravam e saiam do galpão,transportando caixas marcadas com símbolos que ela conhecia bem.

De repente, ela captou algo, um sussurro entre dois capangas que se distanciavam da entrada do galpão:

"Mestre."

Esse era o nome que flutuava, carregado pelo vento. Não era um codinome familiar. O Mestre. A mercenária franziu a testa, intrigada. Se esse era o novo chefe, ele estava agindo de maneira diferente das famílias que ela conhecia. Elas operavam com orgulho e tradição; este "Mestre" era invisível, cuidadoso, e sua organização parecia nova, mas eficiente.

Um pensamento começou a se formar em sua mente: quem quer que fosse esse "Mestre", ele não estava aqui para manter o equilíbrio. Ele estava para quebrar o sistema.

Scorpion sabia que precisava de mais informações. A observação externa lhe dera pistas, mas não era o suficiente. Ela precisava confirmar o que estava sendo armazenado naquele galpão. Desceu do telhado silenciosamente, com a agilidade digna de uma mercenária, aterrissando no chão com a leveza de um felino, usando o manto da escuridão a seu favor ela se aproximou da entrada do galpão. Dois guardas protegiam a entrada lateral, rindo despreocupadamente, sem ideia do perigo que espreitava ao seu redor.

Em questão de segundos, Scorpion estava sobre eles. Com movimentos rápidos e precisos, ela cortou o fluxo de ar em suas gargantas, desmaiando-os sem fazer barulho. Um movimento calculado e letal, mas sem a intenção de matar–pelo menos não ainda. Precisava entrar e sair sem levantar alarmes. Com a entrada livre, ela se infiltrou no interior do galpão.

O que ela encontrou lá dentro apenas confirmou seus piores temores. Caixas cheias de armas, empilhadas ao lado de malas recheadas de drogas, tudo organizadamente disposto como uma operação militar. Mais ao fundo, Scorpion viu pilhas de dinheiro. Um exame rápido revelou o que ela já suspeitava: notas marcadas com os selos das famílias antigas. Tudo aquilo pertencia aos Miya, aos Karasuno, aos Nekoma, aos Fukurodani, Inarizaki e ate mesmo aos Sakusas. O dinheiro, as armas, as drogas, nada estava aqui por acaso; havia sido saqueado.

Mas o que mais chamou sua atenção foi o volume de armas. Armas caras e modernas, trazidas em grandes quantidades. Algo grande estava sendo planejado, muito maior do que as sabotagens que estavam ocorrendo até agora. Enquanto ela se esgueirava pelas sombras, continuava a ouvir conversas entre os capangas, pequenos fragmentos de informações que confirmavam a seriedade do que estava por vir.

"O Mestre está preparando o próximo golpe."

"Esse golpe vai ser maior do que qualquer coisa que já fizemos."

"Nenhuma das facções vai saber o que os atingiu."

Cada frase fazia o coração de Scorpion bater mais rápido. O que poderia ser esse próximo golpe? E quem seria o alvo? Seria uma única família? Ou o alvo era grande o suficiente para serem todas as famílias juntas? Esse pensamento a fez parar por um momento. O que quer que estivesse sendo planejado, era algo de uma magnitude que ela não conseguia ignorar.

Cada palavra que ela ouvia ali só confirmava uma coisa, no momento não era mais uma questão de "se", mas de "quando". O novo jogador, o tal de "Mestre", estava com as peças no tabuleiro, e estava prestes a fazer uma jogada decisiva. Porém havia algo que a incomodava ainda mais: ela não fazia ideia de quem era o Mestre.

Enquanto ela se aproximava das pilhas de dinheiro, sentiu uma mudança no ar. Um dos guardas que deveria estar vigiando do lado de fora entrou, notando algo errado. Seus olhos percorreram o galpão até caírem sobre os corpos desacordados dos outros guardas. Ele abriu a boca para gritar.

"Intruso!" o guarda gritou puxando uma arma.

Antes que ele pudesse disparar a arma Scorpion agiu. Uma lâmina silenciosa cruzou o ar, atingindo o guarda no pulso e derrubando sua arma. Ele cambaleou, segurando o braço ferido, mas antes que pudesse reagir, Scorpion já estava sobre ele. Com um movimento ágil, ela o silenciou, permitindo que o corpo caisse no chão sem vida.

Porém o estrago estava feito. Outros capangas começaram a se mover dentro do galpão, alarmados pela súbita falta de comunicação. Ao ouvir passos se aproximando,Scorpion sabia que seu tempo estava se esgotando.

Sem perder a calma, ela se esgueirou pelas sombras, evitando os homens que agora vasculhavam o galpão em busca do invasor. Com agilidade, ela escalou até uma janela alta e, com um salto silencioso, saiu, aterrissando suavemente fora do galpão. De volta às sombras da noite, ela já estava longe antes que os capangas percebessem o que havia acontecido.

Agora, do alto de um prédio próximo, Scorpion olhava para a cidade abaixo. As luzes cintilavam ao longe, mas seus pensamentos estavam em outro lugar. Este "Mestre" estava preparando algo muito maior. A cidade inteira estava em perigo, e nenhuma das famílias mafiosas parecia estar ciente disso.

Ela apertou os punhos, refletindo sobre o que acabara de testemunhar. Qual seria o próximo golpe? Quem seria o alvo?

As perguntas giravam em sua mente, mas uma coisa era clara: um novo poder estava em ascensão, e ele não se importava com as velhas regras.

Uma guerra estava prestes a começar e desta vez seria uma batalha de sangue.

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