Parte I
Com o cair da primeira gota de chuva, a rosa percebeu que sua segunda canção estava prestes a começar. Desta vez, a melodia seria diferente. As palavras se formavam lentamente, cada uma tingida de dor e sacrifício. O céu, que antes fora azul, agora se tornava cinzento, e as nuvens carregadas de tempestade tomavam o lugar da serenidade.
O perfume da rosa, outrora doce e leve, começava a enfraquecer. Não era uma questão de perder o amor, pois ele ainda ardia em seu peito, mas sim de enfrentar a dura realidade que se aproximava. A tempestade não viria com a leveza do orvalho, mas com a fúria do granizo. E a rosa, apesar de sua pureza, sabia que não poderia resistir por muito tempo.
Quando a chuva finalmente chegou, não foi com a gentileza esperada. Era pesada, implacável. As pétalas, uma a uma, foram sendo castigadas, cada gota uma nova mágoa. O amor, antes suave, tornou-se amargo. O jardim que antes era seu refúgio, agora parecia um campo de batalha. A rosa lutava, mas sabia que estava perdendo.
A segunda canção falava de sacrifício, de transformação. Não havia mais espaço para a rosa delicada, ela precisaria tornar-se algo mais forte, mais resiliente. Aos poucos, a rosa começou a se transformar em um cacto, suas pétalas cedendo lugar a espinhos. A dor da perda moldava sua nova forma, e ela sabia que sua canção jamais seria a mesma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Livro Das Canções Perdidas
FantasyO Livro das Canções Perdidas é uma fábula poética sobre a jornada de uma rosa que, após enfrentar as tempestades da vida, se transforma em um cacto. A história explora o amor, a dor e a resistência, enquanto a rosa, agora endurecida, aprende que, em...