Talvez te odeie...

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    Era o primeiro dia de aula após as férias de verão e, como sempre, todos os olhos estavam em você. S/n, a garota que todos querem, mas ninguém consegue. Popular, inteligente e bonita, mas com uma barreira invisível que ninguém parecia ser capaz de atravessar. Os caras tentavam, mas fracassavam. Era como se fosse uma regra da escola: ninguém conseguia chegar perto o suficiente de você para algo mais do que um olhar de admiração ou um "Oi" nervoso.E então ele apareceu.    

 Brad Noon. O novo aluno, recém-transferido, o tipo de cara que parece ter saído direto de uma propaganda de perfume: alto, atlético, com um sorriso perfeito, cabelos levemente desgrenhados que pareciam estar sempre no lugar certo. Era impossível ignorar a presença dele. Ele atraiu a atenção de todas as garotas em questão de minutos – exceto a sua.

   Você não era facilmente impressionável, e, sinceramente, caras assim só te davam dor de cabeça. Talvez fosse esse o motivo pelo qual, desde o momento em que trocaram o primeiro olhar no corredor, você decidiu que não gostava dele. E, claro, o sentimento parecia ser recíproco. Toda vez que passavam um pelo outro, ele te olhava como se dissesse "Não sou como os outros" e você retribuía com um olhar de "Nem tente".Mas o destino, ou melhor, a professora de biologia, tinha outros planos. O Trabalho de Biologia

"Então, turma, eu vou colocar vocês em duplas para o trabalho final", anunciou a professora, enquanto os alunos murmuravam animados. Claro, você já sabia que seria algo chato. Provavelmente acabaria com alguma amiga, e o trabalho seria uma moleza.

"Brad e... S/n."

    O silêncio caiu como uma bomba. Você virou o pescoço lentamente para o lado, apenas para ver Brad fazendo o mesmo. Seus olhos se encontraram, e os olhares irritados que sempre trocavam voltaram com força total. Você não podia acreditar que teria que passar semanas fazendo um trabalho com ele. E, pela expressão dele, o sentimento era mútuo.

    Os primeiros dias foram terríveis. Vocês brigavam por tudo. A forma de organizar o material, quem faria o quê, até a cor das canetas era motivo de discussão. Se alguém de fora observasse, poderia até parecer que estavam à beira de uma guerra civil. Mas, no fundo, havia algo estranho no ar. Talvez fosse o fato de que, quanto mais discutiam, mais ficavam próximos, literalmente.             

As brigas no laboratório acabavam com os dois a centímetros de distância, trocando olhares desafiadores. Uma tensão que vocês fingiam não perceber.

Até que aconteceu o desastre.


 Presos no Banheiro

Era um final de tarde qualquer, e vocês estavam no meio de mais uma discussão acalorada sobre o projeto, quando, do nada, a porta do laboratório se trancou sozinha. Pior ainda, o lugar estava praticamente vazio. Vocês tentaram abrir a porta de todas as formas, mas nada. Estavam presos.

"Ótimo, agora vou ficar preso aqui com você por horas!", Brad bufou, claramente frustrado.


"Ah, por favor, como se eu estivesse adorando isso!", você respondeu, revirando os olhos.

A princípio, o silêncio reinou. Você se sentou em um canto, ele no outro, ambos emburrados. Mas depois de algum tempo, quando perceberam que realmente estariam presos por horas, a conversa começou.       Entre uma reclamação e outra, vocês acabaram rindo das situações ridículas que viveram desde que se conheceram. Aos poucos, as barreiras que ambos haviam erguido começaram a cair. Brad, que sempre parecia tão confiante e inabalável, revelou ser bem mais do que apenas um cara bonito e atlético. E você, que todos viam como inalcançável, revelou seus medos e inseguranças que ninguém mais conhecia.

Quando finalmente foram libertados, algo havia mudado. Mas, como se fosse um pacto silencioso, nenhum de vocês mencionou nada do que aconteceu no banheiro. A vida seguiu como se nada tivesse mudado, mas ambos sabiam que, no fundo, as coisas nunca mais seriam as mesmas.

 O Jogo de Vôlei

   Um mês depois, você estava na arquibancada do ginásio, assistindo ao jogo de vôlei da escola. Brad, claro, era o destaque do time. Ele jogava incrivelmente bem, e você se pegou torcendo, sem nem perceber. Quando o time dele venceu, houve comemoração, gritos, abraços, mas algo estava diferente. Ele não parecia interessado em festejar com os outros. Olhou na sua direção e, por um breve momento, vocês trocaram um olhar que disse mais do que mil palavras.

    A quadra esvaziou. Você estava sozinha, ainda sentada, perdida em pensamentos, até perceber que Brad também havia ficado. Ele caminhou em sua direção, e você se levantou, sem saber ao certo o que esperar. Quando saiu para fora, começou a chover. Aquelas gotas grossas e rápidas que te impediam de ir para casa.

"Parece que estamos presos de novo", ele disse, rindo de leve.

  Os dois ficaram ali, encostados na parede da quadra, esperando a chuva passar. A conversa fluiu, natural, sem as brigas de antes, e a tensão que sempre esteve no ar agora parecia diferente. Mais suave. Mais... envolvente.

   De repente, sem nem perceber como aconteceu, vocês estavam dentro da quadra novamente. O eco das suas vozes desaparecendo no espaço vazio. E então, no meio de uma piada, Brad se aproximou. Seus olhos se encontraram, e não houve mais palavras. Apenas a sensação de que algo estava prestes a acontecer.

   Os corpos se aproximaram, os corações aceleraram, e antes que pudessem pensar em qualquer consequência, seus lábios se tocaram. O beijo foi intenso, cheio de meses de sentimentos reprimidos e discussões que agora pareciam insignificantes.A chuva continuava caindo lá fora, mas, naquele momento, o mundo havia parado.

 Depois...

Depois daquele dia, vocês nunca mais falaram sobre o que aconteceu no banheiro ou sobre o beijo na quadra. A vida seguiu, as aulas continuaram, e vocês agiam como se fossem apenas conhecidos. Mas, sempre que passavam um pelo outro nos corredores, havia aquele olhar. Aquele sorriso secreto, compartilhado só entre vocês dois.Porque, no fundo, sabiam que algo entre vocês mudou para sempre. Mesmo que ninguém mais soubesse.

★彡[ɪᴍᴀɢɪɴᴇ ʙʀᴀᴅʏ ɴᴏᴏɴ]彡★Onde histórias criam vida. Descubra agora