Heaven's Fracture

versículo 5: escrituras 📖

Naruto manteve os olhos em Nagato, realmente não estava surpreso em descobrir que ele, de alguma forma, fazia parte das conversas que foram escutadas pelos recrutas. E se Nagato estava ali, provavelmente seu irmão também deveria estar. O peso do silêncio era palpável no ambiente, causando desconforto em Konohamaru, que intercalava o olhar entre os dois anjos à sua frente, tomando nota da quantidade de tensão que era emanada, visto que ele não tinha conhecimento de toda a desavença entre ambos.

— E então? — Naruto incentivou.

— O quê? Agora é proibido discordar das Escrituras? — Nagato ironizou, uma sobrancelha erguida para enfatizar sua fala. Desviando os olhos para Konohamaru, aproximou-se dele. — Por que o trouxe aqui? Quando me avisou que traria alguém, não imaginava que seria ele. — Apontou para o Uzumaki, não desviando os orbes daquele adiante.

— Naruto me ouviu conversando com Moegi e Udon e perguntou a respeito — explicou, e a sua tentativa de não parecer tão intimidado com a proximidade de Nagato era clara para qualquer um que presenciasse a cena.

— E você parou, pensou e realmente achou prudente trazer o namorado do anjo mais careta que temos no quartel aqui? — Seu tom estava carregado de raiva mal disfarçada.

— Sasuke não é meu namorado — Naruto interferiu. — O que significa tudo isso?

— Não é seu namorado? — Nagato riu uma risada alta. — Claro que não é. Nem você acredita no que acabou de dizer, Naruto.

— Não vai me responder? — Ignorando o que foi ironizado, o Uzumaki tornou a questionar.

— Não há o que responder. — Ele caminhou devagar em direção a Naruto, parando em sua frente. — São apenas divergências políticas, pontos de vista, que, por um acaso, os recrutas escutaram quando falei com Sasori a respeito. Nada além disso.

— E você espera que eu acredite?

— Não espero nada. Estou te dando uma resposta para a sua pergunta, o que você vai fazer com isso não é da minha conta.

Naruto apertou os olhos enquanto encarava Nagato, o tom frio usado pelo outro deixava claro que nada seria dito além daquilo. Passeando o olhar pela sala mais uma vez, o Uzumaki tomou nota da formação das cadeiras defronte ao púpito, a localização daquele ambiente, em um lugar escondido, que a maioria dos anjos não fazia a menor ideia da existência, e mesmo que soubesse, não fariam qualquer questão de monitorar o uso; no fim, tinha sido feito de idiota ao ser colocado de frente para alguém como Nagato, de quem não conseguiria uma explicação sequer.

— Certo. — Dando um passo para trás, Naruto criou alguma distância entre eles dois. — Vou aceitar, por ora. Porém, tenho certeza de que essa não será a última vez que falaremos sobre isso.

— Eu espero que seja — Nagato declarou, sua insatisfação era clara.

Antes de sair, Naruto encarou Konohamaru e entregou-lhe um olhar de reprovação. Apesar de não se sentir confortável em dar as costas para Nagato, virou-se em direção à saída e caminhou para além dela com passos decididos.

Quando alcançou a parte de fora e o ar frio finalmente se enfiou em seu nariz, o Uzumaki percebeu que prendeu a respiração durante boa parte do curto trajeto que fez. Olhando para trás depois de estar a uma distância que considerava segura, mesmo que quisesse simplesmente esquecer o que viu e ouviu, ainda que de maneira breve, sabia que não seria assim tão fácil. Tomando uma respiração profunda, enfiou as mãos dentro dos bolsos do moletom e seguiu de volta para seu apartamento.

Sentado em sua cama, encarando o chão, pensou a respeito de como a influência de Nagato poderia ser danosa. Konohamaru, Moegi e Udon eram ingênuos e manipuláveis, Naruto tinha percebido tal característica desde a época em que o trio havia começado algum tipo de aproximação entre eles. E mesmo que tivessem amadurecido um pouco à medida que os meses de treinos passavam, Nagato era alguém que sabia o que e como dizer para conseguir o que desejava.