versículo 4: proibido ❌

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Desde que tinham se colocado em movimento na estrada em direção à Konoha, que Naruto percebeu o silêncio que permeava o ambiente dentro do carro. Sabia que Sasuke não era alguém que apreciava conversa fiada, e o Uzumaki era aquele que sempre tentava iniciar alguma troca, porém, por mais que tentasse, não sabia como interpretar a falta de diálogo que acontecia naquele momento. Não se sentia exatamente desconfortável, todavia, qualquer coisa parecia melhor do que apenas o barulho das engrenagens do automóvel.

Apesar de não saber medir a distância para calcular quanto tempo ainda restava para que chegassem ao distrito, Naruto imaginava que não deveria faltar muito, visto que tinham se levantado cedo após se recolherem na noite anterior. Sem algo para parâmetro, continuava a observar a paisagem que passava do outro lado da janela; semi-árida, quente e com ninguém às vistas.

Olhando para os dedos, Naruto viu os machucados nas dobras de pele entre as falanges, fruto da força feita para segurar o aço do arco, assim como a palma de sua mão estava um pouco ferida, diante da tensão exercida para manter a estabilidade. Diferente de quando tinha começado a praticar, já não sentia tantas dores nos ombros e braços, mas certamente ainda havia um leve desconforto. Não tirava seus méritos sobre já estar melhor do que antes, todavia, também tinha consciência de que ainda precisava de muito para se considerar realmente habilidoso. Por isso acreditava que treinar com Sasuke era bom, ele sabia o que estava fazendo, sempre dando orientações claras e correções precisas.

Sua formatura estava mais perto do que longe. Apesar de saber que não aprenderia tudo aquilo que era necessário somente no seu período de instrução como recruta, ainda sentia a barriga fria por pensar que em breve teria de decidir o seu futuro como militar. Mesmo reconhecendo sua força física e mental, depois das conversas que teve com Sasuke, já não sabia mais o que realmente queria, visto que suas ideias sobre o funcionamento do Paraíso vinham sendo modificadas.

Quando pensava a respeito, Naruto ponderava se estava sendo justo com seus amigos, afinal, eles também teriam de tomar decisões importantes quando chegasse o momento. Todavia, nada daquilo que era considerado interno, e que ele vinha aprendendo, era algo que deveria ser do conhecimento de todos, principalmente ao envolver a vida pessoal de Sasuke. Mesmo que seu coração doesse quando se dava conta de que não poderia ajudá-los, jamais daria com a língua nos dentes a respeito daquilo que lhe foi confidenciado. 

Quando os primeiros indícios de Konoha começaram a surgir no horizonte, Sasuke soltou um profundo suspiro de alívio. Naruto tinha certeza de que dirigir por tantas horas deveria ser exaustivo por si só, mas conduzir um veículo com documentos importantes adicionava um peso extra à tarefa já cheia de responsabilidade.

Depois de passar pelos portões de entrada do distrito, não levou muito tempo para que chegassem ao quartel. Os arredores estavam movimentados enquanto Sasuke dirigia em direção à garagem, e Naruto agradeceu por finalmente estar de volta, ainda que não fosse o seu lar, a sensação de familiaridade que tinha desenvolvido com o ambiente lhe trazia conforto.

O ar de Konoha era extremamente diferente daquele que permeava os arredores de Kirigakure, e Naruto logo sentiu a diferença quando saiu do carro. Sasuke deu a volta no veículo e pegou as mochilas de seu acompanhante, preferindo deixar as suas próprias onde estavam, ponderando se deveria levar primeiro os documentos aos seus devidos responsáveis.

— Obrigado por me deixar acompanhá-lo, foi uma experiência interessante — Naruto disse.

— Não precisa agradecer. Descanse, amanhã começaremos a próxima etapa da sua formação.

— Está bem. — Encarando Sasuke, ele ponderou se deveria falar o que pensava, porém, antes que realmente tomasse uma decisão, escutou-se dizendo: — Sinto muito se fui intrometido em nossas conversas.

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