Ontem, Hoje e Amanhã (Yesterday, Today and Tomorrow)

Luta e Fuga

"Cripta, chalé ou caverna... cripta, chalé ou caverna..." Sirius murmurou para si mesmo enquanto ele e Xavier corriam para colocar o máximo de distância possível entre eles e o lobisomem solto na floresta. "Cripta, chalé ou—"

"Cripta," Xavier sussurrou de repente asperamente. "Merda."

Sirius se virou para onde a voz de Xavier estava vindo, com a boca aberta para perguntar por que a cripta, mas então ele viu o que Xavier devia ter visto e ficou momentaneamente em silêncio.

À distância, acima do que devia ser o telhado inclinado da cripta, havia um redemoinho de nuvens escuras de tempestade. Elas tinham que ser mágicas, não eram nuvens naturais. Elas giravam com uma crueldade que deveria tê-las feito tomar conta de todo o céu, não apenas de uma parte dele.

E onde havia magia, havia Harry.

"Cripta então," Sirius concordou, seus olhos presos naquele vórtice giratório de magia. "Vamos, rápido."

Eles começaram a correr a sério, sem esconder os passos nas folhas estalando ou os xingamentos silenciosos quando tropeçavam em um galho perdido ou em uma raiz arrancada.

"Sírius!"

"Eu vejo," Sirius disse firmemente. A mistura rodopiante de magia, eletricidade e nuvens aumentou até que eles quase conseguiam sentir o vento os golpeando de onde estavam na floresta.

Cheirava como a magia mais obscura e maligna que Sirius já havia experimentado.

A mãe dele adoraria.

"Garoto, escuta, tenho certeza de que Harry está aí dentro," Sirius disse a Xavier, chegando a uma decisão rápida. "Fique sob a capa e tente me seguir, mas não entre até que eu lhe dê sinal de que está tudo bem, entendeu?"

"O que você está fazendo?" Xavier perguntou freneticamente. "Porque não acho que nos separarmos seja uma ótima opção agora."

Sirius soltou uma risada amarga e guardou sua varinha em sua bolsa de pele de toupeira.

"Sou mais rápido em quatro patas", ele disse. "Fique seguro, garoto, te vejo em breve."

Xavier fez um som de protesto, mas Sirius já estava se mexendo.

Se a escolha dele era deixar uma criança para ser atacada por um lobisomem ou deixar Harry lidar sozinho com qualquer tempestade de merda que estivesse acontecendo, era uma escolha fácil.

Harry sempre veio em primeiro lugar.

*****

A última coisa que Harry viu antes de tudo ficar escuro foi uma bala atravessando a cabeça de seu primo.

A última coisa que ele ouviu foi um sussurro em sua mente:

"Ah sim, você vai se sair perfeitamente."

Harry estremeceu e caiu para frente no túmulo, apenas para se levantar um momento depois com as costas retas e os olhos brilhando com o brilho da alma de outra pessoa.

"Leve-me para Nevermore", Joseph Crackstone ordenou friamente ao seu descendente tolo.

"Sim," a mulher respirou, pasma como deveria estar. "Eu ficaria honrada."

Como ela deveria ser.

"Guarde a cripta, não deixe ninguém entrar," ela ordenou à besta parada na porta. "Mate-os se eles tentarem."

A besta abaixou a cabeça subservientemente e então fixou os olhos em Crackstone. Um gemido escapou entre seus dentes terríveis e Crackstone zombou dele.