1 - Prólogo

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— Koko, você tá brincando, né?

— Mãe, ela me deu dinheiro! Eu precisava agradecer!

Momo sentiu as palavras entalarem na garganta. Queria dizer para a filha que agora poderia receber dinheiro, mas antes disso, muito antes, recebeu abandono. As duas receberam, e não teria quantia nenhuma que pagaria isso. Mas ela se segurou. Às vezes era difícil, mas sabia que o melhor cenário para a filha era ter uma boa relação com ambas as mães. Mesmo depois de tudo que Lisa tinha feito a elas.

Quando viu, a filha de 16 anos estava agarrada a ela, os braços a envolvendo. Koko ainda era um pouco menor que sua mãe, mas em breve estaria a passando.

— Desculpe, mamãe. Mas é a educação que você me deu. Preciso agradecer qualquer presente, mesmo que seja um saco de cocô.

Momo deu uma pequena risadinha, segurou as bochechas de sua filha e olhou bem dentro dos olhos dela. Koko era tudo que Momo mais amava naquele mundo, e faria o possível e o impossível para ver sua filha bem. Depositou um beijo suave na testa dela.

— Tudo bem, você está certa. Continue assim. Mas trate de não gastar o dinheiro todo de uma vez, hein? E você ainda não me respondeu onde quer ir hoje à noite.

— Tia Sana deu a ideia de um restaurante novo perto do apartamento dela. Eu gostei.

— Então está combinado. Depois da escola vamos para lá.

— E posso mesmo levar minhas amigas?

— Claro, meu bem.

Koko saiu saltitando para se arrumar para a escola. Enquanto isso, Momo pegou seu celular para mandar mensagem para sua irmã, dizendo que esperava que o restaurante que recomendou para sua filha não fosse os do tipo que Sana costumava frequentar. Obviamente, era brincadeira. Momo era extremamente grata às suas irmãs, Sana e Mina. Quando Lisa sumiu e Momo teve que lidar com a realidade de ser mãe solo de uma menininha de dois anos, suas irmãs mostraram que na verdade não seria bem assim. Koko acabou crescendo com a sensação de ter três mães.

A caminho da escola de Koko, Momo deixou a filha botar as músicas que quisesse no carro, e foi cantando junto com ela. Estava suavemente chateada que o presente que tinha encomendado para Koko ainda não tinha chegado, e como não queria parecer uma idiota em não entregar nada de presente para a filha – mesmo que soubesse que, no fundo, Koko não se incomodaria – resolveu que teria que passar no shopping para comprar algo para disfarçar antes de ir para seu trabalho.

Deixou Koko no portão da escola, cumprimentando as amigas que vieram agarrar sua filha em pulinhos de comemoração. Viu ela se afastar de mãos dadas com uma das amigas e deu partida no carro de novo, a caminho do shopping.

(...)

Bom, ela não ficou exatamente satisfeita com o presente que conseguiu, mas, enquanto dirigia até o restaurante combinado, sabia que a filha ia ter uma grande surpresa alguns dias depois, quando o real presente chegasse, ao menos. Seu dia de trabalho foi um bocado cansativo, com muita papelada para lidar, mas conseguiu pegar sua filha a tempo e ambas tiveram tempo de se arrumar antes de saírem.

Parando na rua do restaurante, Momo finalmente entendeu que era de culinária japonesa. Fazia sentido. Sua filha adorava, mesmo que não tivesse nascido no Japão, como a mãe.

Momo segurou a mão da filha, que saltitou o caminho inteiro até a entrada do restaurante. A mãe amava como Koko exalava um certo tipo de felicidade e calmaria.

Entraram no restaurante, e logo avistaram, ao fundo, as tias de Koko. Sana levantou e deu um gritinho que atraiu a atenção de todo o restaurante, e Koko se soltou da mão da mãe para correr até os braços da tia. Sana a agarrou com toda força, em seguida esmagou as bochechas da sobrinha e encheu seu rosto de beijos.

choosing a motherOnde histórias criam vida. Descubra agora