Caçador de Bronze

Capítulo 1

A cidade de Grânito, conhecida por suas muralhas de argila que se erguiam firmemente ao redor de cada canto e rua, estava em um silêncio tenso. Há semanas, uma luz estranha e hipnotizante, branca e azulada, envolvia uma parte da cidade. Era como se o próprio ar tremesse em antecipação ao que viria do portal que havia surgido do nada. As casas de tetos retos e pontes de madeira que se estendiam sobre o grande rio que cortava a cidade, tudo parecia pequeno diante da presença daquele portal. Até mesmo os zigurates, com seus altos degraus e imponentes fachadas, pareciam menos impressionantes sob a misteriosa luminosidade.

De início, o portal parecia inofensivo. Criaturas pequenas e peludas começaram a emergir dele. Eram seres estranhos, do tamanho de coelhos, mas com seis patas e um pelo espesso que formava franjas que cobriam seus olhos. Pareciam inofensivos, até mesmo adoráveis, enquanto se alimentavam de frutas e roíam pedaços de madeira com seus pequenos dentes. Contudo, ocasionalmente, alguns deles mostravam um temperamento imprevisível, atacando repentinamente qualquer coisa ao seu redor em surtos de raiva.

Alguns habitantes da cidade ficaram encantados com as criaturas. Pediram ao rei Has permissão para adotá-los como animais de estimação. O rei, curioso sobre aquelas criaturas, concedeu sua permissão prontamente, na esperança de aprender mais sobre elas e, quem sabe, encontrar algum valor em sua presença.

No entanto, essa aparente paz não durou. Certo dia, o portal brilhou com uma intensidade maior do que nunca, e de suas profundezas emergiram figuras muito mais ameaçadoras. Eram humanóides, mas com uma aparência grotesca e intimidante. Altos, cerca de três metros de altura, suas peles variavam de um roxo azulado escuro a um branco pálido. Seus olhos, como os de répteis, brilhavam friamente sob a luz da manhã. Usavam camisas de mangas longas e calças que cobriam seus corpos peludos, alguns com botas e outros com sapatos que pareciam meias reforçadas. No entanto, eram as armas que portavam — lanças e espadas feitas de ferro e aço — que traziam a verdadeira ameaça.

Esses seres começaram a se espalhar pela cidade, tomando mulheres e crianças, matando homens e saqueando os mercadores locais. Instalavam-se nas casas dos moradores como se fossem os novos senhores da cidade. Entre eles, um se destacou, proclamando-se como General Fansu. Com uma voz que parecia ecoar nas próprias paredes de argila, ele declarou que Grânito agora estava sob o comando do Rei Ansheim, seu soberano.

O caos rapidamente tomou conta da cidade. Mensageiros correram para o palácio, levando a notícia ao rei Has, que imediatamente ordenou que seu exército se reunisse para repelir a invasão.

Porém, o rei sabia que precisaria de mais do que força militar para enfrentar aquela ameaça. Assim, ele escreveu uma carta urgente e a entregou a um mensageiro fiel. O destino? A casa de Caliw, um dos maiores caçadores da cidade e um homem cuja fama de bravura e força já havia cruzado as fronteiras de Grânito.

Enquanto o mensageiro cavalgava pela cidade, o portal continuava a pulsar com uma luz estranha e inquietante, como se estivesse chamando por mais horrores para emergir e trazer destruição à cidade.

O sol brilhava impiedosamente sobre a cidade de Grânito, seus raios ardentes refletindo na argila das muralhas e nas pedras das ruas. Em meio à poeira que se erguia do chão seco, um homem alto e robusto atravessava o portão principal. Seus cabelos loiros reluziam à luz do dia, enquanto seus olhos azuis, profundos como o oceano, encaravam com determinação a cidade que ele conhecia tão bem.

Este homem era Caliw, um caçador renomado, cujo nome inspirava tanto respeito quanto medo entre aqueles que o conheciam. Sobre seus ombros largos, ele carregava com facilidade o corpo pesado de um puma recém-abatido, as patas do animal balançando suavemente a cada passo firme que ele dava. O puma, um símbolo de sua habilidade e coragem, seria sua oferta aos mercadores que aguardavam no coração da cidade.