Uma conversa escondida da namorada e um cadáver na cozinha

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Chloe

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Chloe

Depois que limpei Red, vendo seu rosto sonolento e ouvindo seus roncos, me vesti, observando tudo lá fora. Nosso quarto tem uma vista incrível, dando no jardim onde estávamos hoje cedo. Antes de irmos até o forçado dia da família fomos levados até nossos quartos, deixando nossas malas, esperando que quando voltássemos já estivesse tudo no lugar.

Vejo Juno no jardim, olhando para todos os lados, isso é...suspeito. Jogo um cobertor sobre o corpo nu de Red e ando até lá, tentando entender suas intenções.

Seus olhos se arregalam ao me ver, ela agarra seu casaco e me encara, meio apavorada eu diria. Me sento ao seu lado, ajeitando o moletom em meu corpo, tentando não fazer o vento frio penetrar minhas roupas.

-Então.... está aqui por que mesmo? - ela falou, me olhando com seus olhos de corça, parecendo procurar entender algo.

-Eu... não sei o que dizer, eu acho, que, só vim para cá para ver se você está...interessada em Red. - vejo seus olhos suavizarem, um sorriso se formando em seu rosto.

O que eu menos esperava, ela ri, gargalhando, limpando lágrimas nos cantos dos olhos e arrumando seu boné na cabeça.

-Olha, Chloe né? Eu entendo que pode ter parecido isso, mas eu sou hétero, nem de mulher gosto - e voltou a rir, como se estivesse vivendo numa grande peça de comédia.

Juno encara algo atrás de mim, um sorriso satisfeito adornando seus lábios rosados, belos no luar. Me viro, vendo um jovem, aparentemente mais velho, sorriso simpático, sobrancelhas franzidas, duas latas de refrigerante nas mãos, deduzo que Pepsi. Deveria ser descrito como atraente, o que eu pensaria se gostasse de homens.

Juno se levanta, oferecendo seu lugar para o rapaz que me olha de um jeito estranho, parecendo analisar o que faço aqui.

-Félix - diz ele subitamente, com Juno agora sentada em seu colo.

-Como? Não entendi - me afasto deles, genuinamente, curiosa sobre o que caralhos eles são.

-Meu nome é Félix, você é nova aqui. Vai me ver nos jogos semana que vem- ele dissez acariciando o rosto de Juno, a ajeitando melhor em seu colo.

Me sento corretamente, costas no banco, ouvindo o som de seus goles e beijos suaves sendo distribuídos.

-A conversa foi boa mas tenho que ir, minha namorada deve tá me procurando - falo tentando me esquivar do casal que se agarra ao meu lado, algo que, sinceramente, não quero ver.

Resolvo procurar algo na cozinha, entrando escondida, vendo tudo bagunçado, coberto por algo que se parece suco de groselha.

Oh porra, isso não é groselha, isso é sangue, fresco, impregnando minhas roupas, deixando suas marcas na roupa azulada. Ando até onde o sangue leva, vendo um jovem bonito, cabelos ruivos, olhos arrancados, barriga aberta, estômago esparramado no chão que piso.

Deveria me causar repulsa, não causa, já deixei corpos em pior estado. Analiso o modo como está o corte em sua barriga, percebendo que foi feito por uma faca, deduzo que grande para causar tanto estrago. Seus olhos parecem ter sido tirados grosseiramente, como se o assassino estivesse apressado. Suas roupas parecem as do zelador, deve ser o noturno.

Resolvo não despertar suspeitas para mim, provavelmente este jovem aparecerá vivo amanhã, como todos os outros que matamos nos últimos dias.

A questão que ainda ronda minha mente é, quem faz isso e por que faz isso. Por que alguém mataria jovens, numa faixa de 18 e 19 anos, eu fiz uma média, tão brutalmente para logo depois colocar cópias perfeitas, semelhantes a robôs.

Pensando em tudo pego um donut numa caixa no balcão, provavelmente o morto no chão deve ter levado para comer, mordo, sentindo o açúcar impregnar minha boca, absurdamente ruim. Além de morto ainda tinha um gosto péssimo pra donuts, jogo o donut mordido na caixa, limpando as migalhas na minha mão e indo em direção à porta, ouço vozes.

Sinto tudo parar, minha respiração sumindo, uso meu lado pensante, que parece meio adormecido depois da minha vingança com Red. Vou até um armário ali perto, entre as latas de picles, que, não são poucas. A porta de ferro, enferrujada e velha, arranha no chão, me permitindo saber que, quem quer que seja, entrou na cozinha, e, com certeza, verá o corpo, é impossível não ver.

-Caralho, preciso muito de outra pepsi, cê sabe onde tá Juno? - a voz parece a de... Félix, grave e rouca, um arranhado cada vez que pronuncia a letra 'r'.

-Não sei, onde cê pegou antes de ir atrás de mim no banco? - Juno respondeu, não sendo nada discreta ao abrir os armários e revirar.

-Peguei na geladeira, vê se tem outra por favor - ele anda e se senta algo, pelo barulho no balcão.

A geladeira é aberta, um pulo, passos até Juno.

-Eu vou pegar uma pepsi pra você e uma cerveja pra mim, nunca vi, um marmanjo desse tamanho viciado em refrigerante ruim - algo é pego dentro a geladeira, uma lata, batendo em outra lata - Toma criança, agora vaza que preciso ir pro meu quarto testar umas coisas na minha bateria.

Chiado de lata sendo aberta, garrafa de vidro sendo aberta, goles e 'ah' sendo ouvidos depois de goles, consideravelmente, longos.

-Vamos simplesmente ignorar o corpo ali? - perguntou o curioso rapaz.

-Iremos, estamos fazendo muito isso ultimamente. Alguém deve ter entrado aqui, olha a caixa meio torta, parece marcada por uma mão cheia de sangua. Pega a caixa e bora vazar, tem nada envolvido com a gente, os porrinha devem vir buscar esse imprestável daqui a pouco.

Ela parece rígida, insatisfeita com algo, ouço a caixa ser pega, a única coisa que mostra que estive aqui.

Engulo minha saliva, meu peito doendo, coração batendo como um martelo e mãos suadas.

Devo contar isso para Red logo.

**
Curto? Muito, menos de mil palavras mas é pq inspiração, pela milésima vez do ano, resolveu me deixar.

Coloquei muitas pistas, umas falsas e outras nem tanto...

Gostaru?

É isso e até a próxima

As sombras do casteloOnde histórias criam vida. Descubra agora