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“Eu fui envolto pelo brilho dos seus olhos naquela tarde
e me perdi em sua luminosidade.
Fui levado para um lugar celestial por eles.
Mas agora estou caído no chão,
Minhas palavras se perdem, incapazes de se expressar.
Minha própria voz interior me chama de fraco.
E ela sussurra,
Isso é apenas temporário.”

    O grafite do lápis foi apontado pela terceira vez naquela tarde, mostrando o empenho de Ciel em sua busca pela perfeição. A mancha da borracha era visível no papel, testemunhando as tentativas e erros que acompanhavam o processo criativo do garoto.

Ciel estava deitado de bruços em seu tapete felpudo, seu refúgio particular para a expressão de suas emoções. Ele se empenhava em transformar seus sentimentos em poesia, mesmo que nem sempre conseguisse atingir o resultado desejado. As folhas amassadas no canto do quarto testemunharam a persistência e a busca pela perfeição do garoto, evidenciando que ele não se contentava com menos do que cem por cento.

O perfeccionismo de Ciel era uma característica marcante. Ele não se conformava com a mediocridade e sempre almejava alcançar o máximo de excelência em tudo o que fazia. Seus poemas refletem essa busca incessante, a tentativa de capturar a pureza de suas emoções em palavras precisas e impecáveis.

Enquanto Ciel continuava a riscar e apagar, seu esforço denota uma determinação inabalável. Ele persistia, infatigável, em sua busca obstinada pela perfeição, na esperança de que um dia suas palavras ecoassem com a mesma clareza e profundidade dos sentimentos que habitam o seu ser.

Além das suas lutas internas com o perfeccionismo, Ciel também enfrentava desafios em sua relação com seu pai. Desde o falecimento de sua mãe, eles vinham tendo dificuldades para se entender. Ciel sentia-se constantemente pressionado a alcançar os padrões de excelência estabelecidos por seu pai, que muitas vezes eram difíceis de serem atingidos.

A figura do pai, embora meio-presente, muitas vezes parecia distante e inacessível. Ciel ansiava por sua aprovação e reconhecimento, mas percebia que suas expectativas raramente eram atendidas. O diálogo entre eles era escasso, e o garoto se sentia incompreendido e solitário em sua busca por perfeição e autenticidade.

Essa falta de comunicação e compreensão mútua gerava um profundo desconforto emocional em Ciel. Ele se via preso em um ciclo de autoexigência e ansiedade, tentando preencher um vazio emocional que parecia se aprofundar a cada dia.

A relação conturbada com seu pai acabava refletindo-se em seus poemas, que muitas vezes expressavam a mágoa, a solidão e a busca por reconhecimento e compreensão. Ciel ansiava por um relacionamento mais próximo e afetuoso com seu pai, mas ao mesmo tempo, sua própria rigidez e exigências pessoais acabavam por criar barreiras entre eles.

Essa dança complexa entre a busca pela perfeição, a necessidade de aprovação e a dificuldade em se conectar emocionalmente com seu pai era um fardo pesado para Ciel, que, deitado em seu tapete felpudo, encontrava refúgio na poesia como forma de expressar as camadas mais profundas de suas emoções e dar voz às suas dores mais íntimas.

Ciel fechou seu caderno e se levantou do chão e percebeu seu celular vibrando em cima da cama. – ele odeia receber ligações ou mensagens enquanto escreve –.

“Oi Alois” – ele pega suas coisas que estavam no tapete, as guarda e deita na cama.

“Oi amor! como você está?” – o loiro como sempre, muito extrovertido, puxava assunto.

“Estou bem, e você?” 

“Estou ótimo, quer vir pra minha casa? Comprei umas bebidas ‘pra gente beber, o que acha?”
– Alois brincava com uma mecha de seu cabelo, ansioso pelo garoto aceitar.

Obsessão Mortal - Black ButlerOnde histórias criam vida. Descubra agora