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A poeira dançava no ar em um fim de tarde, enquanto o espanador rosa de penas traçava levemente as divisórias das prateleiras de madeira, fazendo o homem de cabelos escuros espirrar uma ou duas vezes seguidas. Sebastian dedicava suas folgas de sábado à limpeza meticulosa dos seus livros e prateleiras. Ele odiava vê-los empoeirados, pois desde a infância aprendera que coisas preciosas devem ser mantidas cuidadosamente. Essa lição, ensinada por seu pai, tornara-se uma prática sagrada para ele, uma forma de honrar as tradições familiares e preservar as preciosidades que considerava fundamentais em sua vida, mesmo que sua infância tenha sido um verdadeiro inferno.

Sebastian havia acabado de colocar o último livro na prateleira – agora limpa –, quando olhou pela janela da sala e viu um gatinho cinza correr para a rua, na qual vários carros passavam numa velocidade considerável.
Ele, sem pensar duas vezes, largou no sofá as coisas que segurava e correu para fora de casa, fazendo um sinal com a mão para que os carros parassem para que ele pudesse pegar o gatinho.

Ele notou que o animal tinha alguns machucados nas costas, com algumas partes da pelagem faltando. O qual dava impressão de ser sinal de maus-tratos. Ele notou também que o gato tinha uma coleira, o que indicava que ele tinha dono.
‘E por falar no diabo…’ Um homem alto de óculos, com olhos esverdeados, engravatado e cheio de postura caminhava firmemente até ele, com uma expressão de raiva.

“fique longe das minhas merdas, me entendeu?” – Ele pegava o gato do colo do de cabelos pretos.

“Está se referindo ao gato? eu só salvei a vida dele. No entanto, ele estaria morto. Recomendo cuidar melhor dele a partir de agora.”  – Ele dizia simplesmente, sorrindo amigavelmente.

“Porra, me erra! Você se passa por bonzinho, mas eu sei que com certeza você esconde segredos sujos, eu conheço esse tipo de pessoa! você é um louco do caralho. Esse olhar não me engana.”

‘O cara é literalmente um policial que abusa de animais e mulheres, e quer me dar lição de moral, eu mereço.’
Sebastian deu de ombros e caminhou de volta à sua casa, se sentou em seu sofá e abriu seu laptop, vendo que finalmente Ciel havia postado algo no story do instagram.

Uma foto do céu escurecendo, com uma contagem regressiva para duas horas e com o arroba marcado do amigo dele, Alois.
Ele entrou no perfil do mesmo e clicou em seu story, vendo uma foto de duas garrafas de vodkas, postado há vinte minutos atrás.

‘Com certeza isso tem a ver com a postagem de Ciel… Eles vão se encontrar?!’

Isso ficou na cabeça de Sebastian por quinze minutos inteiros, martelando com dúvida. O que o fez agir. Ele pegou suas coisas e saiu de casa a fim de descobrir se Ciel realmente iria ir pra casa do amigo e se finalmente iria poder ver o garoto bêbado pela primeira vez.

Ao chegar em frente à casa de Ciel, ficou encostado em um poste enquanto observava dentro do quarto do garoto, vendo o mesmo arrumar uma mochila e colocar algumas coisas dentro, como roupas e livros.

O homem notou que o garoto havia saído do quarto, e em alguns segundos voltou meio apático, apagando sua luz do quarto e deixando apenas a do abajur acesa.

‘Porra, saindo escondido, Ciel?! até onde você iria pelo seu amigo?’ – o garoto acabara de pular de sua janela.

Aquilo deu uma pontada de ciúmes e preocupação em seu coração, medo de perder Ciel. Medo de ter ele roubado por Alois. Mas não importa, ele se livraria dele se preciso.

Ele esperou o menor atravessar a esquina para que pudesse começar a segui-lo até a casa do amigo. Quando finalmente chegou, viu eles dando um selinho para se cumprimentar, e entraram na casa.

Obsessão Mortal - Black ButlerOnde histórias criam vida. Descubra agora