Capítulo 12: Que droga!

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Acordei com um peso no peito. O sol entrava pelas janelas, mas não era o brilho da manhã que me deixava inquieta - era o beijo. O beijo com Arthur. Passei a mão pelo rosto, tentando espantar a lembrança, mas ela insistia em voltar.

- Que droga foi essa, Selene? - murmurei para mim mesma. Arthur era um cafajeste, e eu sabia disso melhor que ninguém. Mas, mesmo assim, algo naquele momento me fez me entregar.

Levantei da cama, decidida a me concentrar nas aulas. Era isso que eu precisava fazer: esquecer. Mas, à medida que o dia avançava, não consegui afastar a ideia de que Arthur e Ares estavam ausentes.

Na aula de literatura, o professor falava sobre personagens trágicos, e eu não conseguia evitar que minha mente vagasse.

- O que será que aconteceu com eles? - perguntei a Lily, que estava ao meu lado. Ouvindo sua risada, tentei parecer indiferente.

- Melhor assim, né? Arthur só traz problemas.

- É, talvez você tenha razão. - Ela me lançou um olhar, mas eu evitei o contato. O que eu queria mesmo era que ele aparecesse e me fizesse sentir aquela adrenalina novamente, mesmo sabendo que era perigoso.

Depois das aulas, enquanto caminhava pelo campus, me deparei com Rafael. Ele parecia estar à minha espera, e não consegui evitar um pequeno sorriso.

- Oi, Selene - ele disse, com um tom casual.

- Oi, Rafael. Tudo bem?

Ele começou a puxar conversa, mas minha mente estava longe. Fui interrompida por um movimento no canto do olho. Quando virei, vi Arthur se aproximando, seus olhos fixos em mim, carregando uma intensidade sombria. Meu coração disparou, e a conversa com Rafael pareceu se dissipar no ar.

- O que você está fazendo aqui? - Arthur perguntou, sua voz baixa, quase ameaçadora.

Rafael hesitou, olhando entre nós. Senti uma tensão crescente.

- Eu só estava conversando com a Selene - ele respondeu, tentando manter a calma.

- Vaza daqui - Arthur cortou, seu olhar penetrante fixado em mim. Um calafrio percorreu minha espinha.

- Tudo bem, Rafael. Acho melhor você ir - eu disse, tentando controlar a situação.

Rafael olhou para mim, confuso, mas assentiu. - Claro... a gente se fala depois.

Assim que ele se afastou, Arthur deu um passo à frente, a presença dele era opressiva. Ele ergueu a mão, deslizando os dedos pelo meu pulso.

- Você não pode chegar assim, Arthur. O Rafael é meu colega - eu disse, sentindo a frustração crescer. - Você passa o dia inteiro sem falar comigo depois de ontem e acha que pode fazer isso?

- Sim, eu posso - ele respondeu, passando a mão pelos cabelos, um gesto que só aumentava minha irritação.

- Você é um idiota. Faz o seguinte: some e para de se intrometer na minha vida - eu disse, me virando para sair. Mas, antes que eu pudesse dar um passo, ele segurou meu pulso, prendendo-me no lugar.

- Você é minha, Selene. Entenda isso.

- Eu não sou de ninguém - retruquei, a voz firme, mas a incerteza começava a se infiltrar nas minhas palavras.

- Você devia ter medo de mim - ele murmurou.

Desafiei seu olhar, tentando manter a coragem. - E por que não tenho?

Ele sorriu, um sorriso perigoso que me deixou sem palavras. - Porque você ainda não sabe o que sou capaz de fazer... mas vai descobrir.

O silêncio entre nós era sufocante, e eu sabia que estava prestes a me envolver em algo que não poderia controlar.

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