"Todo ato que cometemos causa um efeito borboleta no universo" — Luan Crystian.
🗡️
O mundo irreal reflete constantemente tudo que enfrentamos na realidade; problemas diários, cansaço excessivo, tudo complementa para um verdadeiro caos emocional e mental. Taehyung acordou encharcado de suor, o coração martelando no peito, uma sensação que poderia simular uma crise de pânico ou até mesmo um infarto — desorientado começou a contar, a dor de cabeça intensificando a loucura que a muito tempo o acompanha.
O som do tiro ainda ecoa em sua memória, o maldito projétil estava alojado desde aquela maldita noite, sentia o desespero, a agonia em remover algo que não existe, entretanto, Kim sabia que tudo aquilo é fruto da doença que o devora anos após anos.
Descendo da cama, concentrou-se no frio em seus pés descalços, as portas que levam para a sacada estavam abertas, permitindo o ar gelado e úmido serpentear pelo ambiente ainda mergulhado nas sombras — caminhando com certa dificuldade chegou ao banheiro, acendeu a luz e tal luminosidade feriu os lumes sensíveis, revestido por lágrimas que não escorriam.
Lavando o rosto à espera de retornar a normalidade, o moreno olhou-se no espelho oval acima da cuba de mármore negro, as olheiras são profundas, a palidez quase óssea, as runas negras se destacam a pele macia, porém, desprovido de vida.
O horário no relógio digital indica três da manhã em ponto, todos as madrugadas seguem iguais, despertando em meio a um mar maligno e sombrio, sempre no mesmo horário — deixando o quarto caminhou na penumbra até o andar inferior, descendo os lances de escadas, a contagem mental já passava dos duzentos, ainda sim não se sentia calmo, não sentia-se em paz.
Vivia um inferno que era estar sob a própria pele. O copo d'água foi preenchido pela metade, tomou goles longos, esfriando o calor quase insuportável, o suor já havia secado, deixando a pele grudenta, entretanto, não iria para o chuveiro agora, precisava espairecer antes que os demônios o engulam por completo, esquartejando-o até não sobrar nada.
O cigarro preso entre os dedos em meio a escuridão, Taehyung fechou os olhos ao ouvir o eco do tiro novamente, das lágrimas nos olhos inocentes de um homem com feições de garotinho — lembrava da maldição que ele jogara em si antes da morte levá-lo. Tragando a fumaça seu corpo arrepiou em meio ao vento frio e úmido, estava na área externa, em um jardim muito bem cuidado que tomava dois hectares nos fundos da residência luxuosa.
Espairecer era um meio inútil de aplacar o vazio que sentia, a falta de sono por vezes o fazia vê-lo...o sorriso dolorido tomou sua face ao relembrar outro momento que ficou enraizado em sua alma podre — ele, sorrindo para si, aquele par de olhos escuros que refletiam uma constelação inteira, a inocência que tornou-se distinta pela perda do companheiro.
Havia sido bons momentos, quais buscaria com mais frequência, em uma tentativa desesperada de livrar-se da culpa, de tentar com afinco ser quem deveria e não o que o forçaram a ser.
Nietzsche estava certo quando pontuou na obra, Além do bem e do mal: Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você.
O abismo tornou-se tudo e nada, como um buraco negro recem desperto, sugando a vida para o esquecimento. Kim terminou o cigarro sem se dar conta de que lágrimas enfeitam seus olhos, prontas para escorrer, voltando para o quarto, seu celular esquecido brilhava com uma mensagem, que ao ver, seu coração parou por milésimos segundos, mal lembrou de ter enviado, e lamentou ter recebido resposta.
Jung Hoseok:
Taehyung?
[ 23:50. p.m ]
Número Desconhecido:
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MODUS OPERANDI
Fanfiction[EM ANDAMENTO 🔪 LIVRO 2 DE V.N] O período do luto não tem tempo estimado de término. Ações nos levam a muitas direções, como ondas suaves que tornam-se brutas e mortais quando a tempestade se forma no céu - consequências criam consequências, e em t...