02 - Fato Circunstancial;

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A morte nem sempre vinha de forma pacífica, e precisariamos nos preparar para quando ela travasse sua guerra. — Audrey Rose. — Príncipe Drácula — Rastros de Sangue.

🗡️

ÉPOCA ATUAL
SEUL - COREIA DO SUL
17:05 P.M

A brisa fresca balançava lentamente a cortina suave de tom off-white, o consultório era no mais puro branco, Kim Taehyung trajado em tons negros tornou-se um destaque, a perna direita sobre a esquerda, as mãos apoiadas no colo e olhar superior relaxado — diante de si, acomodada na poltrona usando um terno de cor creme e detalhes em prata, portando em mãos um ipad cinza chumbo, Somin o analisava.

— Como está se sentindo? — a voz melodiosa e aveludada soou, quebrando o silêncio confortável.

— Sinto-me vazio — o timbre grave e penetrante veio dominante e cansada, transparecendo o descontentamento palpável.

— Por que? — a caneta propriamente para o objeto desliza pela tela com sutileza.

— Há dias que não durmo. Medicamentos que foi-me recomendado não surtiu efeito.

— O que costuma fazer quando não dorme?

O olhar intenso a encarou diretamente, os lumes castanhos possuíam um mar tempestuoso, uma ameaça que congela os ossos e endurece qualquer coração que ousa se por frente a frente de um caçador nato.

— Pinturas — sorri em demasia. — Telas estão se acumulando no estúdio.

— Isso aplaca seus anseios?

— Apenas quando crio paisagens ou objetos, nada que possa refleti-lo. Que se torne ele.

Somin assente, anota algo que Kim não pode ver, todavia, a tempestade troveja dentro de si e a chuva é incessante, pois deste céu ambíguo a água vinha como sangue.

— Tem saído?

— Não. Nem mesmo para tomar um pouco de sol.

— Isso lhe incomoda?

— Não.

A mesma suspira, os cabelos negros e fartos quase não são sustentados pelo elástico fino, o olhar solene se volta ao paciente que parecia preso em outra realidade que não seja a qual deveria estar.

— Senhor Kim? — chamou-o.

— Sim?

— Essa é quase a décima sessão. O que espera com isso?

O moreno pisca devagar, focando na psicóloga que tentava não demonstrar medo ou receio por atender alguém que deveria estar preso ou condenado à morte.

— Absolutamente nada relevante, senhorita — sorri ladino. — É paga apenas para ouvir e dizer o que não custará sua vida e a vida de sua família.

— Certo — suspira. — Irei receitar outros medicamentos que possam ajudá-lo a descansar.

— Obrigado.

— De nada, enviarei para seu e-mail.

— Claro — de forma elegante ficou de pé. — Até a próxima senhora.

— Até a próxima — devolve, acompanhando-o até a porta da sala — Senhor Kim?

— Diga.

— Não esqueça que mesmo tendo um contrato de confidencialidade, exijo respeito. Não me ameace. Parece esquecer de que sou mais do que uma psicóloga — o adverte e alerta.

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