Cap 05 ~ Viajem pra capital

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No outro dia, já estava pronto para viajar. Do Alto até a capital, eram cerca de oito horas de estrada, e ainda passaríamos por algumas cidades para realizar algumas entregas, tirar pedidos e tentar conquistar novos clientes. A previsão era de concluir tudo em três dias, e eu mal podia conter a ansiedade de conhecer a capital. Como um garoto do interior, esse era o início da minha jornada de desbravar o mundo. Eu seguia viagem com o Sr. Antônio, um senhor que trabalhava na fábrica há muitos anos, quase como um avô para todos nós. Sua energia contagiante deixava qualquer ambiente mais leve, e nossa viagem foi muito agradável.

Fomos conversando sobre as experiências que ele havia acumulado ao longo dos anos. Em certo ponto, compartilhei com ele o meu sonho de ser médico e a emoção de ir à capital pela primeira vez.

— Médico? Que legal, Rafael. Um sonho desses vale muito a pena perseguir! — ele sorriu com os olhos, enquanto ajustava o retrovisor.

— Sempre quis, sabe... Acho que nunca imaginei outra coisa.

Ele ficou um tempo pensativo, e depois disse:

— Engraçado... Não sei por quê, mas você me lembra alguém. Só não consigo lembrar quem...

Essa frase ecoou na minha cabeça, e por um instante, senti uma curiosidade estranha, como se houvesse algo por trás daquelas palavras. Mas antes que eu pudesse perguntar mais, ele seguiu falando:

— Ah, e vamos passar na praia. Se der tempo, quero que você conheça o mar. Já pensou? A primeira vez na capital e na praia no mesmo dia!

Meu coração disparou. Era como se meus sonhos de moleque estivessem começando a se realizar de uma vez só.

— Sério, Sr. Antônio? Eu só conheço a praia por fotos e livros!

— Pois então se prepara, rapaz! Você vai ver que o mar ao vivo é outra coisa. Não dá pra descrever em palavras.

Aquela promessa me deixou em êxtase. O simples fato de ver o mar pela primeira vez fazia a longa viagem valer a pena. Fui o resto do caminho pensando nisso, enquanto o Sr. Antônio me contava histórias das muitas vezes que ele visitou a capital e como cada uma dessas viagens o marcou de um jeito diferente.

Após longas horas dentro do caminhão, finalmente chegamos à capital. Fizemos as entregas conforme o planejado, e logo depois recebi uma ligação inesperada. O celular vibrou e vi o nome do Sr. Allyson na tela.

— Alô, Rafael? — A voz do Sr. Allyson soou firme.

— Oi, Sr. Allyson, tudo bem?

— Tudo sim. Escuta, já que você está aí na capital, preciso que faça um favor pra mim. Passa lá em casa e pega uns documentos que eu preciso. Aproveita que você vai estar perto.

— Claro, sem problema. Estou por aqui mesmo.

— Ótimo! A dona Maria vai deixar tudo separado pra você. Só dá um toque quando estiver chegando e o Sr Antônio sabe o caminho.

— Pode deixar, Sr. Allyson.

Depois de desligar, pensei no Bernardo. Essa seria uma chance de vê-lo, mesmo que por pouco tempo. Não perdi tempo e mandei uma mensagem pra ele.

"Ei, estou na capital. Seu pai pediu pra eu passar lá na sua casa pra buscar umas coisas. Você vai estar por aí?"

A resposta veio quase que imediatamente:

"Rafa, sério? Tô em casa sim! Passa aqui que a gente se vê rapidinho!"

Senti uma onda de empolgação tomar conta de mim. Mesmo sendo algo breve, o entusiasmo de ver o Bernardo de novo era impossível de ignorar.

ENTRE CAMINHOS E SEGREDOS (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora