Aprofundando Laços

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Era uma tarde tranquila no campus da faculdade de Bangkok. O sol estava suave, e o vento leve soprava pelas árvores, criando uma atmosfera de paz. Rebecca, no entanto, estava presa em seus próprios pensamentos. Apesar de ter se divertido na festa e apreciado as conversas casuais com Freen, ela ainda carregava o peso dos problemas familiares, especialmente o impacto da conversa com seu pai sobre as despesas da faculdade. Queria poder ajudar de alguma forma financeiramente, talvez as reclamaçoes do pai diminuissem

Sentada em um banco próximo ao jardim, Rebecca tentava se concentrar no livro de Enfermagem em suas mãos, mas as palavras pareciam se misturar e não faziam sentido algum. Seu olhar se perdeu no movimento das folhas, e sua mente voltou à noite em que havia desabafado com Freen no terraço. Aquele momento de vulnerabilidade ainda estava fresco em sua memória, mas o que mais a impressionava era a maneira como Freen havia escutado sem julgamento, oferecendo um conforto silencioso que Rebecca não sabia que precisava.

De repente, uma voz suave interrompeu seus pensamentos.

— Você está bem?

Rebecca olhou para cima e viu Freen parada ali, com um leve sorriso no rosto. Sua presença era calma, quase reconfortante, e imediatamente, Rebecca sentiu seu coração desacelerar.

— Freen, oi! — Rebecca disse, um pouco surpresa, mas feliz em vê-la. — Sim, estou bem... só meio distraída.

Freen se sentou ao lado de Rebecca no banco, com a postura relaxada e os olhos observadores, como se quisesse captar mais do que as palavras de Rebecca estavam revelando.

— Distraída ou preocupada? — Freen perguntou, sua voz tranquila, mas perspicaz.

Rebecca suspirou, sabendo que era inútil mentir. Freen tinha uma forma de ler as pessoas que a deixava um pouco vulnerável, mas, ao mesmo tempo, ela sentia que podia ser honesta com Freen.

— Acho que as duas coisas. — Rebecca admitiu, fechando o livro em seu colo e olhando para Freen. — Eu só... às vezes fico pensando demais nas coisas, sabe? A faculdade, meus pais, essas expectativas que parecem me engolir.

Freen ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Rebecca, antes de falar.

— Eu entendo. — Freen disse suavemente, os olhos fixos nos de Rebecca. — As expectativas podem ser sufocantes. E muitas vezes, parece que estamos sozinhos lidando com elas.

Rebecca olhou para Freen, surpresa pela profundidade de suas palavras. Ela sabia que Freen também carregava o peso de grandes responsabilidades, mas ouvir isso de forma tão direta a fez sentir-se menos sozinha.

— Como você lida com isso? — Rebecca perguntou, genuinamente curiosa. — Como você consegue manter essa calma?

Freen sorriu levemente, mas havia uma sombra em seu olhar.

— A verdade é que... eu carrego muitas coisas comigo, Rebecca. — Freen admitiu, desviando o olhar para o jardim por um momento. — E muitas dessas coisas, eu não compartilho com ninguém. Sempre tive a sensação de que precisava ser forte, de que não podia mostrar fraqueza, principalmente depois da morte do meu pai.

Rebecca se endireitou um pouco no banco, sentindo que estavam prestes a entrar em uma conversa muito mais profunda do que qualquer uma das que haviam tido até então.

— Isso deve ser difícil. — Rebecca comentou, a voz suave e compreensiva. — Você sente que tem que preencher o lugar dele, de alguma forma?

Freen assentiu levemente, sua expressão se tornando mais séria.

— Sim, todos os dias. — Freen respondeu, sua voz quase um sussurro. — Minha mãe nunca diz isso abertamente, mas eu sei que ela espera que eu seja como ele. Ela não me permite falhar, e por isso, eu sinto que não posso falhar... em nada.

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