MAKTUB

Confissões

O confronto com sua mãe ainda pairava sobre Freen e Rebecca como uma nuvem carregada de tensão. Desde aquele dia no escritório, Freen se sentia mais confusa e vulnerável do que jamais havia estado. Por mais que estivesse certa de seus sentimentos em relação a Rebecca e de sua decisão de defendê-la, o peso de ter desafiado sua mãe a deixava inquieta. Rebecca, por sua vez, se sentia grata, mas também preocupada com o impacto que aquilo poderia ter na vida de Freen, especialmente no ambiente controlado e exigente da empresa de sua família.

Era uma noite de sexta-feira quando Rebecca decidiu que precisava conversar com Freen de maneira mais profunda sobre tudo o que havia acontecido. Embora elas tivessem retomado a amizade como antes, Rebecca sentia que havia algo não resolvido, algo que precisava ser discutido antes que o desconforto aumentasse.

Ela enviou uma mensagem para Freen sugerindo que se encontrassem na cafeteria onde costumavam ir, um lugar tranquilo onde poderiam conversar sem pressa.

Rebecca: Oi, Freen. Vamos tomar um café hoje à noite? Eu estava pensando em conversar, só nós duas.

Freen, que estava sentada em sua cama com uma pilha de papéis sobre o colo, leu a mensagem e suspirou, aliviada. A ideia de passar algum tempo com Rebecca parecia o que ela mais precisava naquele momento.

Freen: Claro. Vamos nos encontrar às 19h?

Rebecca: Combinado. Vejo você lá.

Quando Rebecca chegou à cafeteria, Freen já estava lá, sentada em uma mesa de canto, distraída com o cardápio. Ao ver Rebecca entrar, Freen sorriu suavemente, acenando para a amiga.

— Oi, Beca. — Freen disse, com uma leveza que só reservava para os momentos em que estavam juntas.

— Oi, Freen. — Rebecca respondeu, sentando-se de frente para a amiga. — Como você está?

Freen deu de ombros, deixando o menu de lado.

— Estou bem, eu acho. — ela respondeu, mas o tom de sua voz não era tão convincente. — E você?

Rebecca olhou para Freen por um momento, avaliando-a com um olhar mais atento. Ela conhecia Freen o suficiente para saber quando a amiga estava escondendo o que realmente sentia.

— Freen... — Rebecca começou, cruzando as mãos sobre a mesa. — Desde aquele dia no seu escritório, eu tenho pensado muito. Eu me sinto... grata por você ter me defendido daquela maneira, mas também estou preocupada com o que isso pode ter causado entre você e sua mãe.

Freen suspirou, inclinando-se para trás na cadeira. Era evidente que aquele assunto ainda a incomodava.

— Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentar minha mãe de alguma forma. — Freen respondeu, cruzando os braços. — Ela sempre tenta controlar tudo ao meu redor, especialmente minha vida pessoal. Mas quando ela falou de você daquele jeito... eu simplesmente não consegui ficar quieta.

Rebecca sentiu uma pontada no peito ao ouvir isso. Sabia que a mãe de Freen era rígida, mas nunca imaginou que Freen estaria disposta a desafiá-la por sua causa.

— Você foi muito corajosa. — Rebecca disse suavemente. — Mas eu não quero ser um problema para você, Freen. Não quero que isso prejudique sua relação com sua mãe ou com a empresa.

Freen balançou a cabeça, olhando para Rebecca com seriedade.

— Você não é um problema, Beca. — Freen disse, sua voz firme. — Você é uma das melhores coisas que tenho na minha vida, e eu não vou deixar ninguém, nem mesmo minha mãe, tratar você como algo menos do que isso.

Rebecca sentiu uma onda de calor tomar conta de si. O jeito como Freen a olhava, a seriedade em suas palavras... havia algo mais ali, algo que Rebecca sentia cada vez mais forte, mas ainda não sabia como nomear.