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Travis Kelce

—Após um dia longo e duradouro, deixei o trabalho e fui até o hospital. Uma dor incessante e rítmica na perna esquerda atormentou e importunou meus últimos dias, uma consulta ao médico então foi marcada.

Pronto para aguardar alguns bons minutos e depois me submeter a uma radiografia, cruzei a porta de entrada do hospital.

Na sala de espera, havia pessoas com situações distintas, algumas em estado mais lastimável e desolador que o meu. Um homem, um pouco mais velho que eu, dera um hoverboard de presente de natal ao filho e se machucou ao testar o brinquedo, agora ostentava dois galos na cabeça e não conseguia mexer o braço direito.

Havia também um paciente, bem velhinho, que chegou apoiado em uma bengala. Ele estava curvo, parecia haver levado uma pancada. Mesmo assim, sua fisionomia era feliz, alegre, como a de alguém que havia cumprido seu dever. Acomodou-se em um dos sofás da sala de espera e sorriu para todos nós, seu olhar derramou-se sobre as dores de cada um, tive a impressão de que um bálsamo invisível nos aliviava os sofrimentos.

Como o senhorzinho era velho, muito velho, mais velho do que todos os pacientes ali presentes, teve precedência no atendimento. Caminhou lentamente, com dificuldade, colocando uma das mãos na região da lombar. Uns quinze minutos depois, todo ligeiro, deixou o consultório do médico. Ouvi uma voz elucidar: "Está tudo bem, mas evite esforço exagerado. Onde se viu, na sua idade, carregar saco pesado com brinquedos? Boas Festas, amigo."

—E foi assim que conheci o Papai Noel! — expressei após contar a história para minhas sobrinhas, Wyatt e Elliotte, enquanto Bennet dormia tranquilamente ao nosso lado.

O ambiente familiar reunia memórias, memórias que formavam o ser que cada um dali havia se tornado ou, em um futuro próximo, se tornará.

—Um menino da minha sala falou que o Papai Noel não existia, mas agora sei que ele estava mentindo... —Wyatt diz brincando com os pezinhos do irmão dorminhoco.

—Quando foi isso, tio Trav? —Elliotte questiona com o dedinho no queixo, enquanto prestava atenção seriamente em mim.

—Aconteceu há alguns anos... —resp ondi.

—E você não pensou em colocar isso no seu jornal? —A mais nova pergunta.

—Na época eu fiquei meio intrigado, mas acho que o vovô e a vovó não gostariam que eu postasse. —respondi me referindo aos meus pais, avós das crianças.

—Por que? —Elliotte indaga.

—Para não perder a magia do natal! Poucas pessoas sabem a real identidade do Papai Noel. —digo. —Bom, agora tenho que ir!

—Ah não, tio Trav! Fica mais! — Wyatt resmunga com um bico nos lábios.

—É, fica, por favorzinho! —Elliotte junta as mãozinhas em suplicação.

—Não dá, meninas. Já está tarde e vocês precisam dormir, senão o pai de vocês vai ficar muuuito bravo com a gente! —digo deixando um beijo no couro cabeludo de cada um.

—Aff! —Wyatt cruza os bracinhos.

—Wyatt, sem bufar! —a repreendo.

—Tchau, tio Trav. —as duas dizem em um uníssono enquanto eu caminho em direção à porta do quarto.

—Tchau, crianças. —respondo e abro a porta, ato que foi interrompido ao ouvir a voz de Elliotte me chamando.

—Tio Trav? —ela chama e eu a olho. —Se você ver o Papai Noel de novo, traz ele pra gente ver?

a girl like thisOnde histórias criam vida. Descubra agora