Capítulo 39: As Conexões

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Embora eu não seja uma heroína angelical de uma novela que tem um sorriso radiante e amor infinito pelas crianças, tenho que admitir que trabalhar na ala pediátrica é muito mais pacífico do que em outras alas (exceto por aqueles momentos em que as crianças fazem birra ao ver agulhas ou remédios).

Quando eu estava no quarto ano, tinha acabado de entrar no programa clínico e mal sabia como lidar com eles. Estudei com palestras e aprendi com os veteranos. Mas agora que sou uma externa, me vejo enfrentando diretamente o desafio de tratar crianças.

Embora a ala pareça menos caótica em comparação com outras, ainda é bastante desafiadora.

"June, você tem que tomar o seu remédio depois das refeições. A fada rosa vai ficar decepcionada com uma menina má..." Às vezes, tenho que me tornar uma espécie de representante das fadas para convencer uma menina da escola primária a tomar o remédio depois das refeições.

"Não! Não! Não!" A menininha, que ainda é pequena e foi admitida ontem, balança a cabeça com o rosto amassado, como se estivesse prestes a chorar. No final, tenho que rapidamente tirar minha arma secreta do bolso para parar seu bico. Agora, seus olhos estão brilhando.

"Mas o doutor tem um doce para você." Me esforço para sorrir, quase esticando minhas bochechas.

"Não..." Mas a menina ainda se recusa porque outro estagiário a enganou, fazendo-a acreditar que o remédio tinha gosto de comprimido mastigável de leite. Quando ela provou o amargo, não quis mais saber. E isso está me dando dor de cabeça agora.

"Vamos, só tome." Eu lentamente desembrulho o plástico do pirulito, revelando sua cor rosa brilhante, porque é sabor morango. "Eu já abri para você. Engula o remédio primeiro, e então pode ficar com o doce. June, você não gosta?"

"Mmm..." Ela hesita, fazendo um som na garganta. "Tá bom, vai..."

E no fim, a menininha cede ao doce.

Chegar tarde ao dormitório não é por outra razão. É porque eu geralmente passo tanto tempo convencendo as crianças a tomar o remédio durante o jantar. E não é como se só houvesse a June na ala. Algumas crianças mais velhas são mais fáceis de lidar, mas com os mais novos, tenho que contar com as coisas na minha bolsa, e sou eu que tenho que comprá-las.

Tá bom, mesmo com o lado teimoso, às vezes as crianças mostram seu lado adorável e inocente.

Suspiro.

Hoje, estou de plantão noturno. É um plantão na ala. Assim que a ronda da noite terminou, voltei ao dormitório para tomar banho e trocar de roupa antes das 19h, porque eu tinha um jantar marcado com alguém. Claro, esse alguém era a jovem que sempre me faz sorrir, a médica de CVT que é conhecida por seu coração frio. Esta noite, ela também está de plantão noturno.

O familiar Ashton Martin estacionou cedo novamente, atraindo a atenção de outros no dormitório. Todos no hospital já sabem que temos uma certa conexão. Chegou ao ponto de, quando a página 'Vamos Compartilhar Médicas Bonitas' compartilha uma nova postagem, os funcionários do hospital comentarem:

NiCha Kunna: Parem de sonhar, pessoal. Ela já tem esposa. Ela também é médica. Deixe-me enfatizar a palavra 'esposa'.

Ai meu Deus, o que é isso de "esposa"? Ainda nem estamos casadas...

Mas eu não estou brava com você, Nicha. Por que eu estaria?

Obrigada por deixar o mundo saber que a P'Karan já tem alguém especial!

"Em que você está sorrindo?"

A voz rouca e charmosa me tira dos pensamentos, e eu pisquei para focar, olhando para o belo rosto na camisa branca impecável sentado à minha frente. Então percebo que estou sorrindo triunfantemente, sabendo que agora toda a comunidade online sabe que ela tem uma namorada.

REVERTA COMIGO: ATRAVÉS DE MILHÕES DE ÓRBITASOnde histórias criam vida. Descubra agora