Not again

17

---

Savannah's POV - Sexta 22:40

Seis dias.
Faziam seis dias que eu estava tentando me manter de pé, sobrevivendo à base de café frio e músicas que cortavam minha alma a cada verso.

Eu sabia que terminar com alguém era difícil. Já passei por isso. Mas o que deveria ser fácil — porque eu não estava mais apaixonada por Lian — se tornou um labirinto sufocante. E o pior de tudo é que deveria ser simples... Mas não é.
Ele não veio aqui. Não houve nenhuma batida na porta essa semana.
Nenhuma mensagem de "bom dia" que costumava aquecer minhas manhãs.
As noites agora são intermináveis, sem aquele "boa noite" suave que me fazia fechar os olhos com uma vaga sensação de paz.
Seus telefonemas no meio do dia, suas palavras doces que chegavam nos momentos em que, mesmo sem saber, eu mais precisava... tudo isso desapareceu. Como se eu tivesse apagado nossa história com um único gesto.

Eu me acostumei com ele, mas eu não tenho mais ele.

A última vez que falamos? Três dias atrás. Uma mensagem fria e distante. Ele só quis saber se eu estava bem, e me disse que viajaria no sábado. Como se isso fosse o suficiente.

Ele disse para eu não mentir para mim mesma. E é o que eu tenho feito.
Eu sinto falta dele... todos os dias.

Eu nunca menti quando disse que gostava dele. Não era uma farsa. Eu o amo.

Mas é um amor que se contorceu em algo que não sei mais definir. Um amor de amigo, mas não mais o amor que eu poderia chamar de paixão.

E eu sei que, depois de tudo, jamais voltaremos a ser amigos como éramos. Nosso término foi uma ferida aberta, cruel, dolorosa demais para que qualquer um de nós simplesmente coloque um curativo e siga em frente. Vamos continuar nos falando, talvez. Mas a ligação que tínhamos? Essa já foi destruída.

O trabalho essa semana? Um pesadelo. Nada mais tem sabor ou cor. Cantar ontem deveria ter sido uma forma de alívio, mas foi vazio. Escolhi uma música do Noah Cyrus que não tem nada a ver com o caos que sinto, e claro, perdi o showcase.

Eu preciso fazer algo, qualquer coisa, para essa tristeza parar de me devorar por dentro. Mas estou presa. Nem sei por onde começar.

E no fundo... sinto que o esmaguei. Quando ele menos esperava, eu soltei essa bomba sobre ele, justo no momento em que ele me contou a melhor coisa que já aconteceu na vida dele. Eu o deixei ali, sozinho, no auge da felicidade dele, como se tudo o que compartilhamos tivesse sido apenas uma ilusão.

Espero, de verdade, que ele esteja bem. Que a dor que eu causei nele não seja tão profunda quanto imagino.

Nem Josh consegue me tirar desse poço em que caí. Nem ele.

Claro, sua reação foi quase cômica quando soube do término. Ele fez aquela dancinha boba, e depois disse o "sinto muito" mais falso que já ouvi.

Mas agora, cada dia que passa, parece que ele também está mais longe de mim.

Ontem... ontem ele me encontrou chorando, enquanto eu tentava tocar uma música no teclado. Ele tentou, com aquele jeito meio desajeitado, me consolar. Mas eu o mandei embora. Nem pensei em como ele se sentiria. Eu estava perdida demais em mim mesma para me importar com qualquer outra coisa.

Até mesmo os meus fãs já perceberam que eu não estou bem, ou pelo menos sabem que algo está acontecendo. Não entrei em nenhuma rede social essa semana, não queria acabar vendo algo sobre ele. As únicas coisas que me fizeram pegar o celular essa semana foram as inúmeras mensagens de Josh - as quais eu continuava a ignorar - e as músicas que eu estava ouvindo.