Not again

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Josh's POV

Savannah dormiu na volta do aeroporto e acabou encostando a cabeça no vidro frio. Estava um pouco quente em LA, então decidi ligar o ar-condicionado enquanto passava mais uma vez pelo mesmo lugar. Eu já poderia ter ido à casa dela umas três vezes só com o tempo em que estou rodando por aqui. Mas preferi deixá-la dormir. Consigo imaginar como essa semana foi para ela, mal deve estar conseguindo dormir.

Savannah sempre foi o tipo de pessoa que não desabafa com facilidade. A primeira vez que ela desabafou comigo, estávamos namorando há 6 meses, mas ela estava tão exausta que acabei conseguindo fazer com que ela falasse. Duvido que ela vá querer falar alguma coisa sobre essa noite.

Mas eu sei o que aconteceu, ou pelo menos acho que sei.

Savannah não era apaixonada por ele, mas, querendo ou não, ele foi uma pessoa muito importante na vida dela, e de repente ele saiu de sua vida.

Deve ter sido doloroso. Mas ela me disse que estava se sentindo bem porque conseguiu colocar um ponto final na confusão que ela mesma tinha causado. E disse também que estava muito orgulhosa de Lian, e que estava muito feliz por ele, e isso bastava.

Ouço a barriga de Savannah roncar, e ela se mexe um pouco no banco do carro, o que me faz soltar uma risadinha sincera. Vejo um McDonald's 24 horas e sigo até lá.

Passo pelo drive-thru e peço dois hambúrgueres, com batatas e dois refrigerantes.

Pago tudo e estaciono o carro no estacionamento.

Assim que o carro para, vejo Savannah se mexer. Ela abre os olhos devagar e se vira para mim, um pouco surpresa.

Nem deve ter percebido que pegou no sono.

- Bom dia. - Digo sorrindo. - Ou melhor, boa madrugada. Está com fome?

Savannah assente com a cabeça, e eu ofereço um pacote de batata frita, que ela aceita sem hesitar. Fico só observando-a comer as batatas em silêncio.

Faço menção de ligar o rádio, mas sua mão me impede. Olho para ela, sem entender, e ela diz:

- Prefiro silêncio. Mas, se quiser, pode falar alguma coisa.

Procuro algo para dizer, mas nada me parece decente.

- Você tem notícias sobre algum lançamento do Now United? Faz tempo que não acontece nada. - Pergunto. Savannah bufa.

- O tanto que você sabe é o que eu sei. Ou seja, nada. Não vejo a hora do meu contrato terminar logo. - Ela diz, e eu me surpreendo.

- Como assim? - Pergunto, realmente curioso.

- Qual é o meu? - Ela diz, apontando para o hambúrguer.

- Tanto os hambúrgueres quanto os refrigerantes são iguais. - Digo, e ela pega um. Depois o abre e dá uma mordida. - Está sendo frustrante?

- Frustrante é pouco. Lembra quando estávamos na época da pandemia e passamos um tempo sem gravar, nem ensaiar nada? E nem sabíamos quando iria voltar ao normal? - Assinto. - É a mesma coisa, só que eu tenho que ir trabalhar todos os dias. É legal ter aulas de canto, dança, atuação e essas coisas. Mas eu sinto muita falta de me sentir artista. Eu não quero ter aulas, eu quero fazer música. Gravar música, clipes, performar.

- Põe o cinto. - Digo, após ter uma ideia.

Savannah nem pergunta nada, só faz o que eu pedi. Dou partida no carro e começo a dirigir.

- Aonde estamos indo? Para minha casa? - Ela pergunta.

- Não é para sua casa. Ainda está cedo. Vamos fazer outra coisa. - Digo, olho para ela e sorrio.