O Encontro

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Miranda estava de volta ao seu escritório, sozinha, o silêncio da noite se estendendo pelas grandes janelas de vidro. No entanto, ao contrário de outras noites, sua mente estava longe dos editoriais ou das reuniões do dia seguinte. Em vez disso, ela se pegava revivendo aquele momento na reunião, a sensação do controle nas mãos, a reação nervosa de Andrea.

O que começou como um mero incidente inesperado agora tornava-se uma distração persistente. Miranda raramente permitia que sua mente divagasse, mas Andrea... a jovem havia conseguido despertar algo. Não apenas curiosidade — Miranda conhecia bem a natureza daquela inquietação. Era desejo, e por mais que se tentasse concentrar em outra coisa, Andrea parecia preencher cada espaço em sua mente.

Ela se lembrou da expressão de Andrea, do rubor que subiu por suas bochechas, e de como a jovem tentou disfarçar o embaraço. Miranda sorriu sozinha. Sentia-se intrigada, e mais do que isso, queria explorar essa curiosidade ainda mais. Estava acostumada a controlar tudo em sua vida, e agora, sentia a necessidade de controlar essa situação também.

Depois de várias tentativas fracassadas de focar no trabalho, Miranda levantou-se de sua cadeira de couro e pegou o casaco. Havia algo que precisava fazer, algo que ela não poderia simplesmente ignorar. Não era típico de Miranda Priestly fazer algo impulsivo, mas naquela noite, ela se viu dirigindo pelas ruas de Manhattan em direção a um endereço específico que havia passado pela sua mente.

Um discreto e sofisticado sex shop no coração da cidade. Era o tipo de lugar onde as elites faziam suas compras sem chamar atenção, e Miranda, sempre cuidadosa com sua imagem pública, tinha certeza de que ali estaria segura. Ninguém saberia. Ninguém precisaria saber.

Ela entrou pela porta de vidro, o sino suave anunciando sua chegada, e imediatamente foi envolvida por um ambiente de luzes baixas e uma estética elegante. Nada era vulgar ali — tudo cuidadosamente exposto como uma galeria de arte moderna. Miranda caminhava lentamente entre as prateleiras, observando os objetos expostos, analisando cada um com curiosidade genuína. Seu olhar caiu sobre brinquedos discretos, similares ao controle que havia segurado horas antes, e ela sentiu seu corpo esquentar ligeiramente.

No entanto, foi então que ouviu uma voz familiar.

— Miranda? — Era Andrea.

Miranda congelou por um segundo, sem acreditar no que estava ouvindo. A jovem estava a poucos metros de distância, segurando uma embalagem nas mãos, com uma expressão que misturava surpresa e embaraço ao ver sua chefe naquele lugar. Andrea, igualmente chocada, pareceu perder as palavras por um instante.

— Andrea... — Miranda começou, sua voz normalmente controlada agora um pouco mais suave, com uma ponta de desconcerto. — O que faz aqui... tão tarde?

Andrea piscou, ainda tentando processar o encontro. Sua primeira reação foi esconder o que estava segurando atrás das costas, mas já era tarde demais. Miranda havia visto, e a situação já estava longe de ser casual.

— Eu... — Andrea riu nervosamente, seu rubor visível até sob a luz suave da loja. — Estava só... comprando algumas coisas. E você? — A pergunta saiu antes que ela pudesse se conter, uma tentativa patética de virar o jogo.

Miranda, por um segundo, considerou sua resposta. Era raro ela se sentir em desvantagem, mas ali, naquele momento, com Andrea diante dela em uma situação tão inesperada, algo a fez querer jogar um jogo diferente. Um jogo mais... direto.

— Eu estava pensando no que aconteceu hoje — Miranda disse, sem rodeios. Sua voz voltou a ter a firmeza habitual, mas agora carregava algo mais, algo que Andrea não podia deixar de notar. — E decidi que deveria explorar... certas coisas.

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