☾⋆ Deixe isso comigo

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Ela se fecharia, e eu faria de tudo para que isso na acontecesse.


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O carro deslizou silenciosamente até parar em frente à nossa casa. O ar entre nós estava carregado, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar. Quinn manteve as mãos no volante por alguns segundos depois de desligar o motor, o olhar distante, fixo em algum ponto além da realidade. Eu a observava em silêncio, sentindo a tensão vibrando entre nós. Sabia que o peso da noite ainda estava sobre ela, assim como o fardo que sempre carregava por ser a líder, a forte.

Ela nunca deixava ninguém ver o que havia por trás da máscara. E hoje, mais do que nunca, eu sabia que ela se fecharia, como sempre fazia. Mas algo em mim me dizia que desta vez eu não podia deixá-la escapar.

Saí do carro e fui até o lado dela, abrindo a porta com cuidado. Estendi a mão, esperando que ela a pegasse. Quinn hesitou, seus olhos pretos me estudando por um momento, antes de entrelaçar seus dedos nos meus. O toque dela era frio, distante, como se ela ainda estivesse naquele campo de batalha invisível, lutando contra demônios que não compartilhava comigo.

Quando entramos em casa, Quinn foi direto para a cozinha. Eu a segui de perto, a observando abrir uma garrafa de whisky e despejar o líquido em um copo. O som do copo contra a bancada soava como um alerta. Ela estava se fechando, erguendo as muralhas que sempre a protegiam.

Respirei fundo. Eu não a deixaria fazer isso, não dessa vez.

Me aproximei devagar, minhas mãos tocando suas costas de leve, sentindo a tensão em cada músculo rígido sob minha palma. Quinn endureceu ao meu toque, como sempre fazia, mas não se afastou.

– Amor... – murmurei, minha voz suave, tentando alcançar a parte dela que se escondia. – Deixe isso comigo, só por hoje.

Ela não respondeu, não se virou para mim. Em vez disso, continuou olhando para o copo como se a solução para todos os seus problemas estivesse ali. Minha frustração crescia, mas tentei manter o controle. Eu sabia que não seria fácil.

Nada com Quinn jamais era.

– Quinn – insisti, a contornando até ficar de frente para ela, a forçando a me encarar. – Olhe para mim.

Ela demorou alguns segundos, mas finalmente levantou o olhar. Seus olhos, sempre tão seguros e firmes, estavam diferentes naquela noite. Havia dor ali, confusão. Meu coração apertou no peito ao vê-la assim, tão vulnerável, mas ainda lutando para não se render.

– Não precisa ser forte o tempo todo – sussurrei, meus dedos acariciando seu rosto com cuidado, tentando quebrar a última barreira entre nós. – Me deixe cuidar de você, Quinn. Você não está sozinha.

Ela balançou a cabeça lentamente, o olhar evitando o meu novamente. Eu sabia que aquilo era um "não". Sabia que ela queria se afastar, esconder-se em sua armadura mais uma vez.

– Não posso, Nina... Não hoje. – Sua voz saiu baixa, rouca, quase como um pedido de desculpa.

– Pode, sim – minha voz estava firme, determinada. – Eu estou aqui, por você. Me deixe ajudar. Me deixe entrar.

Eu me aproximei mais, meus dedos subindo por seu corpo, cada toque uma tentativa de alcançar a mulher por trás da armadura. Mas ela resistia. Quinn sempre resistia. Sua respiração estava pesada, seus olhos fixos em qualquer coisa que não fosse eu. Mas não a deixei escapar.

Até o Último Suspiro - KitninaOnde histórias criam vida. Descubra agora