Estrela

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Às vezes, tudo o que precisamos é de um nascer do sol, um bom abraço e uma xícara de café.

E, às vezes, cuidamos das pessoas que amamos enquanto ignoramos e falhamos com nossos próprios cuidados, nossos próprios sentimentos, talvez seja uma luta interna para saber quem é mais forte, nosso medo ou nossa coragem...

Mesmo que, às vezes, o amor seja maior do que ambos.

E é o amor que nos traz até aqui, e sempre nos levará de volta, se porventura uma ponta do novelo interminável se soltar ao costurar uma história.

Mesmo que, às vezes, deixemos a ponta solta de propósito.

Ramiro ama Kelvin.

Ama-o profundamente, fortemente, ama-o a ponto de morrer por ele em um piscar de olhos, ama-o a ponto de apagar todas as suas dores para poder lidar com a dor de Kelvin. Ama-o a ponto de as palavras ficarem presas em um nó em sua garganta e ama Kelvin a ponto de viver com um machucado na alma e nunca deixá-lo transparecer.

Porque Ramiro é corajoso, e sua coragem de enfrentar o mundo e o inferno para viver esse amor é o que fez a base do relacionamento deles, sua falta de medo do passado de Kelvin, sua falta de noção de si mesmo toda vez que ele desistia de cuidar de si para cuidar do outro, isso tudo foi o que os tornou quem eles são, um casal com tanto amor por dentro e por fora que nada poderia quebrar.

Mas isso não significava que as coisas não tivessem tentando quebrá-los, todas as coisas, especialmente as pequenas.

Mesmo dormindo tão pouco naquela noite, Ramiro acordou cedo e se permitiu observar o marido dormindo, suas sardas, seus lábios e sua pele.

Porque ele ama Kelvin, e isso não pode ser desfeito. Mas naquela manhã, ainda tão cedo, Ramiro também se permitiu pensar em como as coisas haviam sido naquela semana.

Suas dúvidas sobre a fidelidade do loiro.

A notícia de que Kelvin estava de volta à terapia.

Que ele está mal.

E como ele explodiu. O quanto ele se machucou. Quanto tempo ele precisou para pensar antes de fazer as pazes.

E Ramiro pensou em como ele se sentia de mãos atadas, por não poder ajudar diretamente como estava acostumado. Ele pensou no quanto Kelvin precisa dele.

Ele ama esse homem, tanto, a ponto de colocar as necessidades dele acima das suas e nunca questionar isso.

E era uma analogia de duas faces, mas naquela manhã, depois de se deixar levar por seus próprios devaneios enquanto observava o marido dormindo, Ramiro decidiu que cuidaria de Kelvin como se cuidasse de uma flor.

Ele é delicado, frágil, precioso.

— Amor da minha vida, vamos levantar, hm? Vamo acordar. — Ele sussurrou docemente, deixando beijos por todo o rosto do loiro, que resmungou um não quase com raiva como resposta. — Kel, meu amor... O dia tá tão lindo lá fora, vamos acordar para aproveitar, vamo?

— Ramiro, amor, eu mal dormi, tô cansado, tô com sono. — Ele tirou forças da fraqueza para responder, mas, por alguma razão, isso só deixou Ramiro mais motivado, pois agora o preto havia se levantado da cama e já começado a abrir as cortinas, permitindo que o sol brilhasse no quarto deles. — Vou me divorciar de você.

— Ah, é? — Ramiro riu ao abrir a janela, o vento leve que entrou fez Kelvin cobrir o rosto com o cobertor e rosnar contrariado.

— Vou me divorciar de você e casar com um homem que não me acorda antes das nove! — Sim, acabou. Seu sono foi embora e apenas o cansaço e a pequena raiva ficaram para trás. — E rico, que não precisa ir trabalhar e me abandona sozinho na cama, acordado.

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