Seus dedos nunca trabalharam tão rápido quanto agora, sendo ágeis em desamarrar a corda que usaria mais tarde para prender seus pertences em um pônei. Sua respiração estava ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona, sendo que na realidade era apenas a ansiedade lhe alcançando. Sua mente estava um turbilhão e seu peito doía a cada tentativa de regularizar a respiração. No fundo, no fundo, Bilbo sempre soube.
“Eu não sou como meu avô.” Foi o que Thorin disse, e foi o que ele tanto repetiu durante a jornada, garantindo a todos que a doença que sucumbiu o seu avô não iria lhe atingir.
Ele tinha prometido.
Franzindo o cenho com isso, parou o que estava fazendo por um momento. Ele realmente estava deixando Thorin? Ele estaria deixando seus amigos, os anões, com um Thorin mentalmente instável e propenso a fazer escolhas erradas? O que Bilbo estava fazendo? Sabia que ver seu amor fissurado pela quantidade absurda de ouro, como se não houvesse mais nada importante fora a riqueza, doía. Mas doía ao ponto de lhe fazer um covarde? Bilbo realmente daria as costas agora? Depois de tudo?
Xingando baixinho seu lado Tuuk por tê-lo colocado naquela situação para início de conversa, afastou-se das bolsas e botou ambas as mãos em sua cintura. O que ele faria? Thorin não escuta ninguém, nem mesmo Balin! São raras as vezes que alguém consegue tirar a atenção do rei de seu ouro e normalmente não dura muito. Suspirando em exaustão, deixou seus ombros caírem em desistência ao apoiar a testa contra a parede, tentando encontrar alguma alternativa. Ele estava com a Pedra Arken guardada, mas sabia que se a entregasse para Thorin tudo pioraria. Ele não estava disposto a ver o homem que amava louco!
— Eu preciso de um banho — disse por fim, acreditando que a ideia ideal surgiria quando tivesse tirado toda a sujeira de seu corpo.
Saindo de onde estava, ele andou silenciosamente pelos corredores frios de Erebor. Seu olhar vagava pelas enormes paredes de pedra fria, tentando imaginar como aquele lugar abandonado e sombrio poderia se tornar quando tudo estivesse em paz. Ele passou despercebido por Dwalin e Ori, que conversavam entre si com bastante interesse mútuo - Bilbo quase ficou ali para tentar descobrir um pouco mais sobre o assunto, mas segurou seu lado fofoqueiro por um bem maior: seu banho.
Demorou mais do que imaginava, mas conseguiu encontrar um banheiro com água limpa e trocada a pouco tempo. Bilbo tirou todas as peças de roupa que vestia, estremecendo quando o ar frio entrou em contato com seu corpo quente. Sem pensar muito, adentrou com cuidado a enorme banheira que mais parecia uma piscina. Sentando-se, começou a esfregar seu corpo com um óleo que havia ganho em Valfenda - mas que por causa das raras vezes que tiveram oportunidade de tomar um banho respeitável, sem ser um banho de chuva repentino, o óleo estava quase intacto.
Ele esfregou suas pernas sem pêlos, descendo até seus pés cabeludos e maltratados. Haviam cortes e hematomas ali, já que era uma área do seu corpo que sempre esteve descoberta. Felizmente Bilbo já havia se acostumado e após um bom tempo esfregando-os e dando o tratamento mais que merecido, mudou seu foco para outra parte de seu corpo e assim por diante. Aos poucos, o cheiro de cachorro molhado foi desaparecendo e dando lugar a um cheiro mais floral. Agora sim, agora sim ele era um novo homem. Até seu semblante exausto havia mudado para algo mais suave quando terminou de lavar seu cabelo.
— Era isso… Era isso que eu precisava — resmungou, não conseguindo deixar de xingar Thorin mentalmente por ser tão teimoso e ter exigido que não perdessem tempo tomando banho enquanto estavam na jornada. Mesmo agora Bilbo conseguia lembrar bem de cada palavra dita. Desde “estaremos vulneráveis e desconcentrados” a “nós, anões, não somos tão delicados ao ponto de precisar de mais de um banho por dia, Mestre Bolseiro” — Anão teimoso…
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Febre do Ouro - THILBO
FanfictionNesta noite, o calor do toque de Bilbo rompe a armadura emocional de Thorin, e o orgulho e a ganância dão lugar a uma conexão pura e verdadeira. O vínculo entre os dois se torna físico, mas mais que isso, emocionalmente curador. O ato de amor desper...